Com fechamento da Fundacentro em Santos, atuação na Região é prejudicada

No último dia 29 de novembro, o Governo Federal concretizou de maneira silenciosa o fechamento da sede regional da Fundacentro, em Santos. No lugar de um anúncio oficial, a saída encontrada para colocar em prática a medida combatida por diversas entidades sindicais da região, dentre elas o Sindipetro-LP, foi a não-renovação premeditada do contrato de aluguel do prédio onde a unidade estava instalada. Dessa forma, criou-se o pretexto para fechar a unidade.

Menos de dois meses depois, os primeiros reflexos da ausência de uma estrutura compatível com as necessidades da Baixada Santista, que abriga um dos mais importantes polos petroquímicos do País e o maior porto da América Latina, já começam a ser sentidos. A entidade, vinculada ao Ministério do Trabalho, é responsável por publicar  estudos e pesquisas essenciais no combate e prevenção a acidentes de trabalho.

Foram os profissionais da Fundacentro de Santos, por exemplo, os responsáveis por  constatar há cerca de três anos que de 110 casos de leucopenia (uma das principais alterações hematológicas em pacientes expostos ao benzeno) registrados no INSS, 100 eram de pessoas que trabalham nas indústrias do polo petroquímico de Cubatão. E o pior: todos os casos estavam registrados como doença comum e não em decorrência do trabalho.

Com o fechamento da regional, os funcionários administrativos foram deslocados para outras unidades, em São Paulo. No entanto, a médica e o engenheiro de Segurança do Trabalho (profissionais responsáveis por fazer o trabalho de campo) estão com o futuro indefinido e sem condições de dar continuidade aos trabalhos que vinham sendo desenvolvidos com base na realidade da Região.

A necessidade da manutenção da Fundacentro tornou-se ainda mais urgente com o avanço do boom imobiliário e com a proximidade da exploração de petróleo no pré-sal na Região. As duas atividades escondem sob a camada do desenvolvimento acelerado o risco de acidentes de trabalho em escalas cada vez maiores. Se por um lado existe a expectativa de novos postos de trabalho, por outro certamente haverá inúmeros problemas relacionados à segurança, através da flexibilização e precarização das  condições de trabalho.

Neste sentido, fechar a Fundacentro configura um duro golpe à classe trabalhadora, uma vez que há mais de cinco anos a regional vinha desenvolvendo ações e estratégias ao lado das entidades sindicais para garantir condições mais seguras de trabalho.