Motoristas e cobradores de ônibus de SP entram em greve após morte de sindicalista

Os funcionários da Viação Itaim Paulista (VIP) estão em greve desde a zero hora desta terça-feira, 26, em protesto contra a morte do diretor do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo, Sérgio Augusto Ramos, assassinado na madrugada de segunda-feira, 25, enquanto fazia panfletagem em frente à empresa.

A empresa opera linhas que conectam a zona sul ao centro da capital e a SPTrans já acionou o Plano de Apoio à Empresa em Situação de Emergência (Paese), destinando 99 coletivos para suprir a falta de ônibus. A previsão é de que a greve seja encerrada após o enterro do corpo de Ramos, que está sendo velado no cemitério Parque das Cerejeiras, na Estrada do MBoi Mirim, próximo à garagem da empresa onde trabalhava. O sepultamento está marcado para as dez horas desta manhã. Segundo a SPTrans, a VIP Guarapiranga tem 245 ônibus e opera 25 linhas e VIP MBoi Mirim opera 18 linhas com 251 ônibus.

O crimeO diretor de base do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo, Sérgio Augusto Ramos, fazia panfletagem às 5h30 de ontem, na frente da Viação Itaim Paulista (VIP), na Estrada do M"Boi Mirim, Jardim Ângela, na zona sul, quando foi morto com 5 tiros por dois motoqueiros. Eles usavam capacete, em um crime típico de execução.

Ramos distribuía jornais do sindicato e da Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB) em apoio à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Ele havia feito dois boletins de ocorrência sobre supostas ameaças de morte que recebia de pessoas ligadas ao presidente do sindicato, Isao Hosoji, o Jorginho. O sindicalista - que integrava a diretoria havia um ano, mas era egresso da oposição - gravou um vídeo no qual acusava Jorginho e outros diretores de corrupção e dizia que, caso algo acontecesse com ele, a responsabilidade seria do presidente.
O sindicalista havia denunciado ao Ministério Público Estadual esquema de desvio do subsídio pago pela Prefeitura referente ao plano de saúde dos trabalhadores. O caso começou a ser investigado em 2008. "Essa é a segunda testemunha do caso que foi assassinada", disse o promotor Roberto Porto, que ouviu o depoimento de Ramos.

Sua mulher afirmou, no 100.º Distrito Policial (Jardim Herculano), que ele recebeu ameaças e sempre citava o presidente. Um funcionário da VIP que acompanhava Ramos disse na delegacia que os assassinos estavam em uma moto amarela, com a placa voltada para cima, e só falaram o nome do colega ao atirar. Depois, fugiram na moto em direção à Estrada de Itapecerica da Serra.

Coordenador de Comunicação do sindicato, Naílton de Souza negou envolvimento de Jorginho no assassinato. "Temos o maior interesse em ver tudo esclarecido. O presidente teve problemas com ele (Ramos), mas nada que pudesse levar à sua morte." Jorginho sofreu um acidente e está afastado por ordem médica.

Fonte: Estado de São Paulo