Em carta aberta, petroleiros da PNA-2 não aceitam indicativo do Sindipetro-NF

Carta aos petroleiros,

Reunidos em assembleia, dentro do contexto reivindicatório inerente à campanha salarial, os trabalhadores da plataforma marítima Namorado 2 (PNA-2) deliberaram, de forma unânime e inequívoca, pela NÃO ACEITAÇÃO do indicativo proposto pelo Sindipetro-NF.

DOS MOTIVOS QUE FUNDAMENTAM A DECISÃO

Reajuste salarial - Pela pauta de reivindicações aprovada pela força de trabalho a tabela salarial seria reajustada, no percentual de 100 % do ICV-DIEESE acumulado entre 1º de setembro de 2009 e 31 de agosto de 2010. Vale ressaltar que o índice que melhor reflete a inflação, do nosso extrato social, é este e não o IPCA como propõe a empresa. Somente para efeito de corroboração do nosso entendimento, enquanto o ICV-DIEESE, no período referido, alcançou 5,16 %, o IPCA aponta apenas 4,49% ; o que demonstra, mais uma vez, que nossa pauta não foi atendida, repercutindo claramente em perda salarial;

Ganho real - Pela pauta de reivindicações aprovada pela força de trabalho lutaríamos por um ganho real de 10%, no sentido de recompor o poder de compra da categoria. A proposta da PETROBRÁS passa ao largo desse objetivo e se utiliza de subterfúgios (abonos, auxílios, RMNR etc.) para desviar a percepção dos trabalhadores da sua real condição salarial;

RMNR - A Petrobrás "inventou" essa famigerada figura remuneratória com o claro propósito de excluir os aposentados dos avanços econômicos, bem como confundir os trabalhadores quanto aos aspectos reais de sua remuneração. Ressaltamos que a RMNR se assemelha, em intenção, a prática de outrora, consistente em contemplar os trabalhadores da ativa com "níveis". Algo que vem sendo rechaçado na justiça em ações movidas pelos aposentados;

Aposentados - Precisamos parar de fingir que as perdas sistemáticas que os aposentados vêm sofrendo não nos diz respeito. Temos o dever moral de tornar mais efetiva nossa luta, de forma unificada. Somos todos petroleiros;

Abono discriminatório - A Petrobrás como empresa de economia mista deve se pautar nos princípios constitucionais da administração pública: moralidade, isonomia, legalidade entre outros. Por entendermos que tal abono é discriminatório, ato de exceção, e, portanto, fere tais princípios; o repudiamos veementemente. Tal prática não se coaduna com o Estado Democrático de Direito. Vale ressaltar que, seguindo orientação do SINDIPETRO-NF, organizamos um abaixo assinado, nos mobilizamos, nos expomos perante a chefia, enfim, lutamos pela ética e pela não discriminação na PETROBRÁS; agora somos surpreendidos pela aceitação tácita dos nossos representantes. A denúncia à CGU e ao MPF é necessária mas não é suficiente, sabemos que a Justiça é por demasiada lenta e imprevisível. Somos todos responsáveis pelos resultados, somos todos petroleiros - NÃO À DISCRIMINAÇÃO;

Pelo exposto, pedimos que o SINDIPETRO-NF dê ampla divulgação à nossa deliberação e indique operação "CHEGA DE CONTAR COM A SORTE", até que a empresa apresente uma proposta que contemple os pontos aqui mencionados. A experiência nos mostra que parada de produção, greve e não emissão de PT não são mais instrumentos eficazes face à nossa realidade. Vamos trabalhar e utilizar aquilo que temos de mais valoroso: o compromisso com a segurança, com a excelência operacional e com o Brasil. A PETROBRÁS somos nós, os resultados se materializam aqui, no campo, distante de nossas famílias, expostos à toda sorte de acontecimentos, unidos, lutando por todos.

Ainda que nem todos lutem!

Bacia de Campos, 19 de setembro de 2010

Fonte: Agencia Petroleira de Noticias