ANP suspende operações da P-33 e autua Petrobrás

Após denúncia dos petroleiros e ampla divulgação dos problemas na grande imprensa, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) suspendeu as operações da P-33, na Bacia de Campos, e autuou a Petrobrás por irregularidades envolvendo condições de segurança, que podem levar a uma multa à estatal.

A interdição da plataforma, que atualmente produz cerca de 20 mil barris de petróleo por dia (bem abaixo de sua capacidade, de 63 mil de barris por dia), veio depois da vistoria feita por fiscais da agência nos últimos dois dias. Nas fotos divulgadas pelos veículos de imprensa há imagens que mostram, por exemplo, tubulações de gás corroídas por ferrugem. Além disso, diversos petroleiros denunciaram a falta de equipamentos básicos de segurança, como botes.

Segundo a ANP, a decisão tem como objetivo resguardar a segurança operacional e dos trabalhadores "até que os níveis de segurança requeridos pela ANP sejam restabelecidos". Em nota, a companhia informou que não foi notificada pela ANP sobre a interdição da P-33 e que não tem conhecimento dos dados obtidos pela agência durante a fiscalização na plataforma ocorrida nos dias 11 e 12 de agosto.

Desde o início do ano, já foram notificados 539 acidentes de trabalho nas 45 plataformas da Petrobras na Bacia de Campos, envolvendo funcionários próprios e terceirizados. Nove desses acidentes foram na P-33. Em todo o ano de 2009, foram registrados oficialmente 771 acidentes.

Ministério do Trabalho inspecionou plataformaMinistério do Trabalho havia divulgado um relatório parcial sobre o local. A inspeção feita na plataforma P-33 em 3 de agosto encontrou 11 situações de risco para a atividade dos petroleiros e resultou em cinco autos de infração à Petrobrás, além da interdição de três filtros de óleo lubrificante por falta de válvulas de segurança, segundo nota divulgada pelo órgão. O relatório ainda é parcial e não detalha as irregularidades ou as punições.

Os fiscais encontraram avarias no sistema de descarga de gás de um maquinário, vazamento de vapor no separador de água e óleo em um trem de produção, um manômetro de pressão quebrado e equipamento com identificação ilegível.

E relataram também que, em pontos isolados, o piso e o guarda-corpo (grade de proteção contra queda) da plataforma estavam em estado de corrosão. Também registraram que problemas de drenagem, causados por entupimento do sistema por areia vinda de alguns poços, ajudam a espalhar água nas áreas de trabalho, que se mistura ao óleo e "leva a risco de quedas por escorregamento"

Os fiscais detectaram uso de vaso de pressão sem válvula de segurança ou com instrumento de controle "sem boas condições operacionais", o que rendeu dois autos de infração. A fiscalização constatou ainda "pórticos corroídos, calhas quebradas e fiação correndo sobre cavaletes", além de grades de pisos do turret (ligação entre os dutos que vêm do fundo do mar e os da plataforma) com trechos substituídos por tábuas de madeira, sem haver interdição de passagem.

Com informações de O Globo