Não vão nos calar
No último dia 19 de outubro (sábado), o Sindipetro Litoral Paulista, juntamente com o Fórum dos Sindicatos, Oposições Sindicais e Movimentos Sociais do Litoral Norte, organizou um ato político em defesa do povo palestino e pela Greve Global pelo Clima. A manifestação, que reuniu movimentos sindicais e sociais da região, teve início com a mobilização em apoio à Palestina, destacando a urgência de uma resposta internacional contra o etnocídio praticado por Israel, com o apoio dos Estados Unidos. Mais de 40 mil civis palestinos, entre mulheres e crianças, foram mortos em um ano de ataques deliberados, que também se expandem para o Líbano. O evento contou com a presença de libaneses residentes na região, que compartilharam histórias pessoais de perdas causadas pelos bombardeios israelenses. Apelos foram feitos ao governo brasileiro para romper relações diplomáticas e comerciais com Israel.
O ato também serviu como plataforma para discutir a crise ambiental que afeta desproporcionalmente as populações mais vulneráveis. O conceito de justiça climática foi amplamente debatido, com foco nos eventos de fevereiro de 2023, quando a cidade de São Sebastião enfrentou um dos maiores desastres climáticos de sua história. As fortes chuvas, que deixaram 64 mortos e centenas de desabrigados, foram um lembrete brutal de como as políticas de especulação imobiliária e o abandono do poder público empurram as comunidades mais pobres para áreas de risco. Essas tragédias, como ficou claro nos discursos, são consequência de decisões políticas e econômicas que afetam, sobretudo, mulheres e pessoas negras, as principais vítimas do chamado "racismo ambiental".
Durante o ato, também foi relembrado o incidente ocorrido no dia 7 de setembro, durante o tradicional "Grito dos Excluídos", quando manifestantes foram violentamente reprimidos pela Guarda Civil Municipal (GCM) de São Sebastião. Sob ordens do prefeito Felipe Augusto, a GCM invadiu a rua da praia, onde acontecia o desfile cívico, para impedir a marcha dos manifestantes. Dois militantes foram presos injustamente em uma ação truculenta, o que gerou revolta entre os participantes. Thiago Nicolini, diretor do Sindipetro-LP, que foi um dos censurados, esteve presente no ato e denunciou a repressão como uma clara tentativa de silenciar a voz dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Ao lado de Nicolini, José Anésio Fernandes, ativista do "Movimento Justiça Climática Sorocaba", também esteve à frente das manifestações, reforçando as denúncias de racismo ambiental e a necessidade de políticas públicas que garantam moradia digna e segurança para as comunidades vulneráveis.
O evento destacou a urgência de políticas públicas que promovam uma transição justa e inclusiva. Entre as propostas, foram mencionados o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, o Bolsa Verde e o fortalecimento de políticas de proteção de terras indígenas. Os organizadores enfatizaram que apenas um compromisso firme do poder público e a mobilização popular poderão evitar novas tragédias como as de São Sebastião.
A caminhada pacífica, que começou na Praça da Igreja Matriz de São Sebastião e terminou no Sindicato dos Servidores Municipais, foi um grito de resistência contra a violência estatal, a crise ambiental e a opressão do povo palestino.
No carro de som do sindicato, Nicolini deu o tom das palavras de ordem, reafirmando a continuidade da luta por direitos e pela justiça social. "Não iremos retroceder", disse Nicolini, reforçando o chamado para que mais pessoas se unam aos próximos atos em defesa da democracia, do meio ambiente e dos povos oprimidos.