Laudo do IML reforça contradições sobre morte de trabalhador na Revap, em São José dos Campos

Descaso

O Sindipetro-SJC teve acesso ao laudo do IML sobre a morte do companheiro José Roberto Ferreira do Nascimento, o Robertinho, que era trabalhador da EQS, empresa terceirizada da Revap.

O documento descreve ferimentos compatíveis com queda de altura, o que reforça ainda mais a crítica do Sindicato à postura da empresa que, desde o início, defende a tese de mal súbito e queda de mesmo nível, sem qualquer investigação prévia. As lesões que constam no laudo afastam essa hipótese, assim como o relatório da médica que atendeu a vítima no dia da ocorrência.

Outra contradição é que a Petrobrás divulgou em sua nota para a imprensa que o trabalhador não havia iniciado suas atividades. O que também não é verdade. No dia do acidente, a vítima iniciou sua jornada de trabalho às 17h48 e o acidente ocorreu por volta das 21h30. Toda equipe já estava trabalhando e, segundo a CAT, o trabalho somente teve início após a liberação da Permissão para Trabalho (PT).

Outro fator importante é que o trabalhador usava óculos e capacete no momento do acidente e ambos os EPI´s ficaram muito danificados. O que também afasta a hipótese de queda de mesmo nível.

Sucessivos equívocos
Ao defender a hipótese de queda de mesmo nível antes da análise do acidente, a Revap cometeu vários equívocos.

O primeiro deles é que a força de trabalho não foi informada da ocorrência do acidente fatal, o que é praxe em toda Petrobrás.

Além disso, muitos gerentes divulgaram a hipótese de mal súbito, mesmo com todas as evidências que foram surgindo, e isso causou uma grande confusão. Muitas equipes seguiram trabalhando normalmente no dia seguinte. Um absurdo!

Também não foi disparado um alerta de segurança para as demais unidades da Petrobrás.

Outro problema foi que a cena da ocorrência não passou por uma perícia da Polícia antes de ser descaracterizada. Provavelmente porque a empresa, mesmo com todas as evidências, não registrou o fato como um acidente de trabalho decorrente de queda.

Além disso, a CAT foi enviada para o Sindicato com atraso. O prazo legal é de 24 horas (o acidente foi no dia 6) e a empresa somente enviou o documento uma semana depois, no dia 13.

O Sindicato espera que o Relatório da Comissão de Investigação e Análise evidencie os fatos com transparência e aponte todos os equívocos da gestão da Revap para que possa ser esclarecido o que realmente ocorreu nesse acidente.

Há tempos o Sindicato e a CIPA cobram da Revap que a gestão dos trabalhos em altura seja modificada. Também é alvo de questionamentos a sistemática de liberação de trabalho, além do plano de SMS em Paradas de Manutenção, que a empresa se nega a discutir com o Sindicato.

Vale lembrar que em fevereiro de 2022 teve um acidente fatal na Reduc, também em uma Parada de Manutenção. O que deixa claro que esse é um evento muito crítico e precisa de mais atenção da empresa.

O Sindipetro-SJC e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) vão exigir uma reunião com a alta gestão da empresa para denunciar o ocorrido e cobrar mudanças na gestão da refinaria para que acidentes como esse nunca mais aconteçam.

Fonte: Sindipetro-SJC