Vazamento de informações, motoristas despreparados e veículos precários preocupam trabalhadores da UO-BS

Gestão mantém políticas negacionistas

Além da insegurança no modelo de transporte por aplicativos, alta rotatividade de condutores avulsos, agora temos o vazamento de números de celulares particulares dos usuários aos motoristas de aplicativo. 

Em março de 2022 - (vide matéria) -, o Sindipetro-LP denunciou a política bolsonarista de descaso, precariedade e insegurança no transporte de turno dos trabalhadores da UOBS / EDISA, que já atingia um índice alarmante de reclamações.  De lá pra cá, pouca coisa mudou, e alguns ainda não se deram conta de que a fase negacionista acabou. Se não acabou, precisa urgentemente acabar. 

Antes da gestão negacionista afetar a Petrobrás, os gestores de transporte da companhia se preocupavam mais com as condições dos veículos, a idoneidade e experiência dos motoristas a proteção de dados pessoais dos trabalhadores e exigiam dos prestadores de serviço o treinamento e cumprimento das políticas internas de segurança em transporte de passageiros, seja em regras de ouro, direção defensiva e demais diretrizes de segurança, além do trato urbano e humanizado.  E tudo isso foi possível, por décadas, devido a existência de contratos específicos para o transporte seguro de petroleiros (“pools” e cooperativas de taxi ).  

Os contratos de pools reuniam um selecionado grupo de motoristas com contratados diretos com a Petrobrás para atendimento do público interno, de modo que todos passavam por constantes treinamentos internos e fiscalizações. Nesse modelo antes usado, o transporte do funcionário não estava atrelado a quantidade de corridas, mas ao transporte seguro feito por demanda – requisição de transporte (RT).  As cooperativas, por sua vez, possuíam motoristas profissionais que cumpriam determinadas exigências com a Petrobrás, e também eram fiscalizados pela empresa pública municipal da cidade, além de possuírem canal interno de fiscalização.  No modelo atual, veículos de aplicativos, conduzidos por motoristas muitas vezes inexperientes ou descompromissados com a segurança no trânsito, sem qualquer afinidade ou entendimento das mínimas regras de condução segura de veículos e normas internas da Petrobrás, acabam por objetivar apenas o lucro pela quantidade de corridas e não a segurança dos passageiros, tornando esse modelo nocivo aos anseios dos trabalhadores. 

Assim, àqueles gestores, exercendo as atividades in locu (no chão de fábrica) e não feitas apenas por trás de uma mesa e computadores como é hoje, conseguiam estruturar uma política de transporte mais segura aos usuários petroleiros.
Atualmente, mesmo após as denúncias já realizadas pelo Sindipetro-LP, continuamos recebendo denúncias de que, de forma “seletiva”, a ferramenta de mobilidade de transporte contratado pela Petrobrás continua encaminhando motoristas e veículos de aplicativo para alguns usuários de algumas localidades, que, além de medida não equitativa à coletividade, visa apenas o que é mais barato e não o mais seguro, persistindo assim, a ausência de urgente implementação definitiva do  método de transporte mais seguro. 

Além das reclamações já levantadas, o repasse de corridas de forma seletiva para motoristas de aplicativos alheios ao mínimo de comprometimento, treinamento e conhecimento das normas internas de segurança da companhia, não tem como prosperar, pois aqui não se trata de público externo que possui características e interesses diversos, mas sim, de trabalhadores de turno que precisam ser transportados com segurança, profissionalismo, condutores treinados e fiscalizados, e veículos em dia com suas manutenções e higiene, afinal, não muito distante (2022), tivemos um petroleiro de turno transportado por um desses motoristas de aplicativo acionados pela própria ferramenta de mobilidade contratada pela Petrobrás ( empresa que espantosamente ainda atende os trabalhadores)  com mandado de prisão em aberto por roubo majorado, ou seja, é incomensurável o perigo que os trabalhadores estão sujeitos à essa persistente política bolsonarista de preço baixo, precariedade e insegurança nos meios de transporte ao  trabalho. 

Há, inclusive, relato de que em conversa com alguns desses motoristas de aplicativo, o trabalhador obteve como devolutiva de informação de que para receber as corridas da Petrobrás, o processo era relativamente simples, bastando enviar documentos pessoais e CNH do condutor e assinar um contrato de locação de veículo com uma determinada empresa de locação de carros.   É de causar estranheza!

Conforme já relatamos, trabalhadores continuam expostos à políticas negacionistas de economia a qualquer custo, ao invés de tratamentos humanizados, seguros e condizentes com o porte e responsabilidade que a Petrobrás tem na sociedade brasileira e em todo o mundo. Não é crível que continuemos colocando nossos trabalhadores à mercê de interesses puramente comerciais, ou por desinteresse de algumas gerências.  Formamos profissionais altamente capacitados e comprometidos para demandas nacionais, e o mínimo que se espera das gestões de transporte é interesse na mudança, retomada das políticas de segurança, transparência, fiscalizações em campo, proatividade e mais proximidade com as necessidades do trabalhador.

Por fim, para piorar ainda mais o cenário, recebemos denúncias de que a ferramenta de mobilidade de transporte contratada pela companhia está fornecendo ou tornando visível o número de celular pessoal do funcionário para os motoristas de aplicativo. Em detrimento a própria Lei de Proteção de dados (LGPD), o fornecimento do número de celular pessoal do funcionário, nas condições atuais de transporte, não é condição imprescindível para execução do serviço, pois o (a) funcionário(a) adiciona o seu número na tal plataforma de mobilidade apenas para efeito de cadastro, e, em última análise, para permitir, dentro da ferramenta de controle corporativo, o acionamento da corrida. Somente isso. Não há razões plausíveis para a divulgação ou fornecimento do número pessoal do trabalhador para motoristas avulsos de alta rotatividade. Com diversas notícias de assédio em mulheres advindo dessa prática de fornecimento ou disponibilização do número de celular pessoal para condutores de aplicativo, feitos por algumas ferramentas externas de gerenciamento de corridas, não há como não receber tal informação com espanto e preocupação.

Assim, todo contato de emergência, ocorrências, dúvidas, informações, solicitações e sugestões precisam ser recebidas, tratadas e gerenciadas pela Petrobrás. Seja por meio da recontratação de pessoas do setor de transporte, desmobilizadas na UOBS/EDISA na gestão bolsonarista, e/ou no chat existente dentro da própria ferramenta de mobilidade, que precisa também contar com pessoas 24 horas para o atendimento, afinal, estamos falando de turnos ininterruptos de trabalho que, evidentemente, o ônus da atividade comercial  não pode ser do trabalhador, mas  sim de quem aufere altíssimos lucros para isso.  O que não pode ocorrer é esse vazamento de números de telefone pessoal para que motoristas aleatórios de alta rotatividade enviem mensagens de whatsapp e ligações telefônicas para os trabalhadores. 

O Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista cobrará as tratativas em mesa de reunião para que se regularizem as condições de segurança nos transportes, como contratos mais sólidos e seguros, o tratamento de seus dados pessoais, assim como o rigor nas comprovações de que condutores à serviço da Petrobrás reúnem condições de exercerem à atividade sem colocar em risco a vida de trabalhadores e possuam treinamentos condizentes com as políticas internas de SMS e transporte.