Nos dias 26 e 27 de outubro
Nos próximos dias 26 e 27 de outubro o Sindipetro-LP estará a bordo da P-66, onde irá participar da vistoria fiscalizatória da Operação Ouro Negro, feita por peritos e procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT-SP/RJ/Santos), auditores do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e do Ibama, em conjunto com a Anvisa.
A vistoria será feita para averiguar as inúmeras denúncias de irregularidades feitas pelos trabalhadores através do Sindicato e buscar soluções para adequar o trabalha a bordo, assim como estender os resultados da vistoria para outras plataformas. Dentre os dias 30 e 31 de agosto, a operação Ouro Negro esteve na P-67 para iniciar esse trabalho.
Os trabalhadores da P-66 há algum tempo vêm sofrendo assédio das gerências. A manifestação mais grave desse assédio aconteceu após a greve de fevereiro de 2020, quando seis petroleiros da P-67 foram demitidos e cinco da P-66 foram suspenso.
Em abril do mesmo ano, o Sindipetro-LP, por meio de mandado de segurança, conseguiu reverter as demissões e punições que foram arbitrariamente impostas.
Durante pandemia, o sindicato recebeu diversas denúncias de casos suspeitos de covid que foram ignorados pela gerência da plataforma, deixando os embarcados apreensivos e sujeitos a contaminação.
Os embarcados da P-66, assim como os da P-67 e de outras plataformas também têm passado pelo problema da passagem de turno, momento importante em que as equipes que vão assumir o próximo turno precisam saber todos os pormenores ocorridos ao longo do dia para evitar acidentes. Para evitar pagar horas extras e garantir pontos para receber abonos por produção,
o gerente de ativo pressiona os gerentes das plataformas para proibirem que a passagem de turno dure mais do que 10 minutos, pois do contrário isso pode gerar custos a empresa. No entanto, a falta de troca de informações durante a passagem de turno é apontado como um dos principais fatores para acidentes graves, como o que ocorreu na Piper Alpha, plataforma operada pela Occidental Petroleum, que matou 167 pessoas em 1988.
Na ocasião, vários procedimentos feitos não foram notificados devidamente, o que poderia ter evitado a tragédia que se sucedeu. Outros acidentes lendários, como o ocorrido na Deepwater Horizon, em 2010, no Golfo do México, que deixou 11 mortos também tiveram como principais causadores a falta de comunicação adequada durante a troca de turno. Aqui vale ressaltar a importância do trabalhador se cercar de garantias de uma boa passagem de turno e registro de todas as ingerências e desvios por ordem de chefes e gestores. Quando há acidentes, os primeiros a serem culpados são os empregados, sendo que em alguns casos, o trabalhador não tem nem direito de se defender, pois perderam a vida, como nos casos citados.
Na P-66, por amor a própria vida e respeito à vida de seus colegas, os trabalhadores têm se sujeitado a abrir mão de horas extras a que têm direito para que a passagem de turno seja feita de forma segura. No entanto, tal esforço não será lembrado caso haja um acidente na unidade, pelo contrário, a empresa fará de tudo para apontar falha humana e quem a cometeu, sendo que a culpa nunca recai sobre a chefia.
Todos esses casos e outros tantos recebidos pelo sindicato e denunciados ao MPT serão agora apurados pela Operação Ouro Negro.
O sindicato estará acompanhando a vistoria a bordo da P-66 e pede a colaboração dos trabalhadores, com depoimentos de casos, denúncias e qualquer manifestação que comprovem as irregularidades que há anos a categoria denuncia e a atual gestão da Petrobrás ignora.