Criada para conduzir o brasil ao futuro, quando bem administrada Petrobrás alavanca a economia

69 anos

No dia 3 de outubro, a Petrobrás completa 69 anos de história. Criada em 1953 por Getúlio Vargas, graças a uma intensa campanha nacionalista, “O Petróleo é Nosso!”, naquela ocasião o governo dava brecha para que a iniciativa privada tivesse parte da exploração do petróleo no Brasil, o que foi rechaçado pelo deputado Euzébio Rocha, que previa em seu projeto de criação da empresa o monopólio do petróleo como um instrumento de ascensão hegemônica do país. “É, fora de dúvida, como demonstra a experiência internacional, que, em matéria de petróleo, o controle nacional é imprescindível“, disse o deputado em uma de suas defesas no Congresso ao enviar textos que alterava a lei que instituiu a Petrobrás. 

Existia naquele princípio da empresa uma preocupação sincera contra a influência internacional, “sabido que a tendência monopolista internacional desta indústria   é  de molde a criar focos de atrito entre povos e entre governos”.

Euzébio Rocha sentia a pressão do capital estrangeiro sobre o tema “petróleo” e sabia que seria uma árdua luta manter o Brasil livre de tal influência. O projeto foi aprovado, a Petrobrás, em seu papel estratégico alçou o Brasil ao rol dos países produtores do petróleo, um seleto grupo que dava as cartas da economia do mundo. A empresa foi criada, apesar da campanha massiva da mídia nacional, que alimentada pelas “sete irmãs do petróleo” (Shell, British Petroleum (BP), ExxonMobil, Texaco, Chevron, Standard Oil e Gulf Oil), desacreditaram o projeto desde o início.

Os receios de Rocha logo mostraram razão de existir. Mesmo com o potencial gigantesco que o ramo do petróleo prometia ao Brasil, a cobiça por privatizar a Petrobrás sempre pairou sobre a empresa, que sobreviveu e cresceu nos anos da Ditadura (1964-1985), e passou a ser usada para financiar obras de infraestrutura.
No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a Petrobrás perdeu o “acento” no nome e o posto de empresa estatal, para se tornar empresa de economia mista, com ações vendidas na Bolsa de Valores. Não sem antes o governo travar uma briga com os petroleiros, que fizeram a histórica greve de 32 dias em 1995, que conseguiu segurar a privatização total da empresa, plano inicial de FHC, que inclusive queria mudar o nome da companhia para Petrobrax. Felizmente a categoria literalmente trancou os portões das refinarias e seguraram a truculência do exército, que invadiu algumas das unidades, mas, não puderam assumir a operação. Na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), os trabalhadores impediram a invasão do exército, ameaçando abandonar seus postos, caso tentassem forçar a entrada. Venceram a queda de braço, pois sem os operadores a refinaria ficaria insegura nas mãos de soldados.

Com o fim do monopólio do petróleo, o governo FHC seguiu a velha cartilha privatista, sucateando unidades e incentivando demissões voluntárias, tornando o efetivo da empresa insuficiente, o que geraram graves acidentes nos anos que se seguiram o então governo, com milhões de metros cúbicos de petróleo e derivados poluindo rios e mares, causando mortes de trabalhadores, como o acidente da P-36, em 2001, que matou 11 pessoas. Ao final do mandato de FHC, em 2002, o número de funcionários próprios da empresa era de 34,5 mil e 103 mil terceirizados.

Criada para impulsionar a economia do país, a partir de 2003, a Petrobrás voltou a ocupar esse papel e crescer novamente, tanto em número de funcionários (em 2007 eram de 50,2 mil próprios e 190 mil terceirizados), como em ativos, investimentos (passando de US$ 6 bi em 2002 para US$ 18 bi em 2007, um aumento de 200%) reservas de petróleo e importância no cenário mundial. 

Foi justamente nesse período que a Petrobrás ajudou o Brasil a gerar milhares de empregos, com obras de ampliação do campo de refino da empresa, que tinha o objetivo de tornar o país autossuficiente na produção de combustíveis; construção de termelétricas, que ajudaram a conter a crise de energia que gerou apagões e racionamento em meados dos anos 90 e início dos anos 2000; construção de linhas de gasodutos, terminais, dentre outros, consolidando a presença da companhia “do poço ao posto”.

Na segunda metade dos anos 2000, no governo Lula, a descoberta dos campos do pré-sal colocou a empresa de volta ao radar da especulação internacional. Com a descoberta da maior reserva de petróleo do último século, a Petrobrás foi espionada por agentes americanos, estando no meio da disputa internacional por suas reservas, o que ficou evidenciado nos vazamentos de informações do caso “Wikileaks”, que comprovaram a influência do governo americano sobre mandatos de políticos brasileiros, como do então candidato a presidência, José Serra, que articulava com o alto escalão da Chevron mudar a lei de partilha, voltando à concessão, o que permitiria as petrolíferas internacionais serem “donas” do petróleo por um tempo determinado. Com a lei da partilha, o petróleo deveria ser explorado juntamente com a Petrobrás, com parte dos recursos gerados voltando para Saúde, Educação e Infraestrutura. 

Durante esse período, a Petrobrás voltou a ser “a menina dos olhos” do país, ajudando o Brasil a sair do mapa da fome; a impulsionar a indústria nacional, graças a lei de conteúdo nacional, que obrigava os parceiros da companhia a investir em mão de obra local e comprar insumos produzidos aqui, o que gerou empregos e formou profissionais de várias áreas do conhecimento; alavancou a indústria naval, com a construção de plataformas e navios em território nacional; investiu em cultura, esporte e ciência, e uma série de outras frentes que garantiram anos de crescimento econômico, ajudando o Brasil a se consolidar como a 6ª maior economia do mundo.

O interesse do mercado no destino da Petrobrás foi escancarado no governo de Michel Temer, que tratou logo de criar a política de Paridade do Preço de Importação (PPI), tornando o combustível produzido no Brasil mais caros, incluindo no valor taxas e impostos que somente produtos importados pagavam, o que gerou alta nos preços dos fretes, alimentos e energia, gerando aumento da inflação, que neste ano chegou a casa dos dois dígitos.

O PPI está mantido até então e atualmente o fantasma da privatização se materializou em vendas de ativos, fechamento de escritórios administrativos, demissões “voluntárias”, que reduziram o número de funcionários, passando de mais de 86 mil empregados até 2013, aos atuais 46 mil empregados hoje. O número de empregos diretos e indiretos também foi drasticamente reduzido, chegando a impactar mais de 500 mil pessoas.

Hoje a Petrobrás é como um carro sem manutenção. Com o passar do tempo vai ficando sucateado até não ter utilidade nenhuma. A comparação serve para demonstrar qual será o futuro da empresa cuja gestão parou de investir nas unidades de terra, focando apenas em E&P de petróleo e gás natural, e na força de trabalho. Há anos não são abertos concursos para suprir a demanda de efetivo. O objetivo é sucatear até tudo ser vendido a um preço irrisório. Quem perde com tudo isso é a população que terá que lidar com bens de consumo com valores exorbitantes e com a falta de empregos.

Parabéns, Petrobrás! Que seja grande por muitos anos e que nos ajude a chegar ao futuro dos sonhos para nossos filhos e netos, sendo propulsora de tecnologias para geração de energia limpa e renovável!