Mesmo sob a batuta de um general, segurança patrimonial do Sistema Petrobrás está em declínio

Iscs esquecidos

É lamentável o que vem acontecendo em todo o Sistema Petrobrás. A filosofia do lucro a todo custo é uma clara demonstração da transferência de renda do trabalhador para meia dúzia de investidores. Um verdadeiro Hobin Hood às avessas.

A precarização da segurança industrial, patrimonial, a redução drástica de todos os efetivos operacional e administrativo, a falta de equipamentos individuais, contratos de terceirização sem compromisso com um preço mínimo de execução de serviços para pagar no mínimo o salário dos trabalhadores, compra de equipamentos de péssima qualidade entre outras coisas, fizeram com que a empresa tivesse um lucro de R$ 106 bi. Isso tudo sem focar na Política de Paridade de Importação (PPI) que vem regulando os preços dos combustíveis e gás de cozinha. A tal política está lesando e punindo a população e sendo usada como mola propulsora para o esquartejamento e venda da empresa.

Como se não bastasse tudo isso, existe o descaso com a segurança patrimonial em todas as unidades do país. A situação é alarmante e um tanto controversa já que o atual presidente da companhia é um general do exército brasileiro, ou seja, um “profissional” que passou a vida inteira  lidando com a segurança do país, mas quando tomou posse do cargo esqueceu-se do passado  e agora só pensa em lucro.

Joaquim Silva e Luna reza a mesma cartilha do atual mandatário do país e tem como principais objetivos “encher os bolsos dos acionistas” e engordar o próprio “porquinho”. Os números são estratosféricos em um país que amarga uma taxa de inflação de 10,7% e R$ 8 o litro da gasolina. O oficial ganha mensalmente R$ 260 mil de salário da empresa e R$ 32,2 mil brutos mensais de salário de general da reserva. Além disso, vai embolsar um bônus milionário pelo Programa Prêmio por Desempenho (PPP) estimado em R$ 1,45 milhão. O valor é um “brinde” por “promover” um lucro de R$ 106 bi e dividendos a acionistas que batem a casa dos R$ 101 bi, ou seja, mais de 95% do lucro da empresa.

Tanto dinheiro fez o general “fechar os olhos” para a segurança nas unidades que vêm sendo diariamente alvo de invasões, chegando até dois ou três episódios por dia, que coloca em risco a vida dos funcionários e vigilantes.

Uma pequena amostra disso é a situação do transporte dos trabalhadores da UN-BS. Há alguns meses a Petrobrás trocou os programadores de transporte e extinguiu na prática, as medidas que fiscalizavam em campo, as condições dos veículos e os documentos profissionais de condutores em prol de pura e simples economia, contratando no lugar, uma ferramenta de mobilidade de transporte por aplicativo, sem o mínimo de comprovação de idoneidade, cursos de direção defensiva, transporte de passageiros, conhecimento das práticas de SMS da Companhia, como as regras de ouro, diretrizes de transporte e SMS e procedimentos internos.  Já nos contratos com Taxis de Cooperativa, há relatos de que a Petrobrás exerce alguma fiscalização de modo que não vem sendo recebidas denúncias de insegurança, precariedade e abusos de conduta. Na prática isso representa colocar a força de trabalho em risco.

ISC
O setor de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras (ISC) está passando por redução de efetivo drástico onde o efetivo está operando no limite da capacidade. Muitos postos que deveriam funcionar com dois ou mais vigilantes hoje operam com apenas um. Para piorar a situação existem áreas na empresa que estão totalmente descobertas seja pela falta de profissionais ou pela ausência equipamentos de segurança como câmeras, cercas e até iluminação.

Toda essa problemática é um grande “balde de água fria” para quem acreditou que com a vinda de um militar a segurança seria priorizada no decorrer da sua gestão. Nos tempos de um governo que atuava diretamente para a classe trabalhadora a ISC era muito valorizada, ampliada e atualizada tanto em recursos pessoal e equipamentos. Os treinamentos que são exigência da Polícia Federal eram feitos de forma diferente. As turmas eram feitas com petroleiros e grade curricular contava matérias exigidas pela PF e aulas para atender as necessidades da companhia. Atualmente isso não existe mais. O que os ISCs aprendem é apenas o que a lei impõe e nada além disso. O padrão da Petrobrás segue sendo ignorado. A coisa não para por aí. O auxilio almoço que era fornecido antes do curso agora eles só é feito o repasse após um prazo de 60 dias e isso se não houver qualquer exigência que acabe prorrogando esse período. Isso sem falar também que o trabalhador está jogado à própria sorte já que é obrigado ao sair do curso ficar esperando o transporte em um local escuro, sem segurança e índice de criminalidade alto como aconteceu no Litoral Paulista.

A gestão da segurança parece que desaprendeu como se fazia, ou apenas quer agradar ao general para conseguir PPPs vultosos e assim tirar do trabalhador não só mais as cifras que puder, mas também o  conhecimento para ter o melhor desempenho funcional.

Quem acreditou que em um governo militar de um “capitãozinho” se preocuparia com a segurança pública, quiçá a segurança patrimonial da empresa que um dia foi a maior do Brasil e da América Latina foi bem tolo.

A gestão da Petrobrás, em sua totalidade, não se preocupa mais com a empresa, apenas com quanto pode tirar do trabalhador para entregar para o investidor. Dessa forma, fica constatada a decadência na segurança o que poderá acarretar um grave acidente e custar à vida dos trabalhadores que estão na linha de frente levando a empresa “nos dedos” para que ela não venha sucumbir nessa gestão de destruição. O país está em ano eleitoral e é hora de mudar, porque a Petrobrás não sobrevive a mais quatro anos dessa gestão de destruição.

A Diretoria do Sindipetro-LP está atenta aos acontecimentos e vai continuar a denunciar as irregularidades e irresponsabilidade da atual gestão da empresa.