Mentira deslavada
Nesta quinta-feira (28/10), o jornalista José Maria Trindade atribuiu, covardemente, a sua própria tese aos trabalhadores da empresa, durante comentário na TV Jovem Pan. Ele afirma que os maiores beneficiados da empresa, aqueles que mais ganham dinheiro, são os acionistas, diretores e, principalmente, os trabalhadores. O jornalista disse ainda que os trabalhadores têm o melhor plano de saúde do mercado, “aceita sogra, sogro e ainda recebem 19 salários por ano”.
Mas, esquece de mencionar que os acionistas e os trabalhadores não estão no “mesmo saco”. Basta lembrar que os petroleiros travam lutas significantes com os acionistas contra o desmonte de conquistas históricas dos trabalhadores, dentre elas retiradas de direitos na AMS, o plano de saúde dos petroleiros, que não é composta por “sogros e sogras” dos trabalhadores.
Sobre a remuneração salarial dos petroleiros, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) esclarece que a relação de trabalho de todos os empregados concursados é regida pela CLT, portanto, eles têm direito a férias e a 13º salário, como todo trabalhador regido pela CLT.
Com relação aos acionistas americanos, mencionado pelo jornalista, vale explicar que são brasileiros que ganharam dinheiro com o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), com as privatizações e as vendas de ativos e estão enriquecendo à custa da miséria do povo.
Ao invés de tudo que foi dito pelo jornalista, os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás defendem uma redução imediata de, pelo menos, 50% do valor dos combustíveis e gás de cozinha. Com isso, demonstram que estão ao lado dos brasileiros, dos desempregados, informais e assalariados. Juntos, defendem, sim, que o petróleo seja para abastecer o mercado interno afim de garantir o desenvolvimento e soberania do país.
Por tudo isso, a afirmação do jornalista caracteriza uma situação, dos meios de comunicação, de completo descalabro. Isso ganha contornos extremamente preocupantes, disseminando suas mentiras como se fossem verdades, visando alcançar o apoio de uma grande rede de pessoas que confiam nos "profissionais" dessas emissoras. O problema que se estabelece é a gravidade das consequências para a população brasileira.
Ou você acha que uma empresa que compra uma estatal (e que domina o mercado) iria reduzir os preços e seus lucros só para permitir que outras empresas entrem no mercado que ela já domina? Não há lógica nisso! Então, falar que a privatização reduz os preços por causa da concorrência não passa de um mito sem fundamento.
Além disso, quem argumenta que privatização acaba com a corrupção esconde o fato de que práticas ilícitas, como superfaturamento, pagamento de propinas, omissão de dados financeiros e divulgação de informações falsas são bastante comuns nas empresas privadas, que não precisam prestar contas de forma transparente como as estatais.
A verdade é que quem espalha mentiras sobre a Petrobrás quer apenas garantir o lucro de terceiros. Mas, quem somos nós para especular as razões que levaram a direção da rádio a aderir de forma tão bisonha ao governo atual, ou melhor, ao bolsonarismo mais tosco e rábico. Dinheiro, audiência, ideologia, pluralidade, sensacionalismo?
Quem é José Maria Trindade?
José Maria Trindade é jornalista, correspondente Rede Jovem Pan, diretor da rádio e comentarista político da emissora em Brasília, o veículo favorito de Bolsonaro. Só em 2020, que só havia entrevistado o presidente duas vezes em 2019, chegou à marca de conversas 28 exclusivas com Bolsonaro. Trindade ainda atua como principal jornalista da Rede Vida na Capital Federal.
Como jornalista, Trindade deveria certificar-se da autenticidade ou não de uma afirmação antes de fazer comentários tomando-a como verdadeira, pois essa é uma prática elementar do jornalismo que se pretende sério. É lamentável ouvir um profissional de comunicação falar que o petróleo não é nosso, defender a privatização e maldizer as vacinas, defendendo aglomerações e outras ‘bolsonarices’ mais.
Em resumo, empresas estatais são fundamentais para garantir desenvolvimento ao país e bem-estar para a população. As elites do país estão apenas interessadas em tomar posse do patrimônio público para lucrar. Querem se apropriar das riquezas brasileiras de maneira mais fácil e precisam “explicar o inexplicável”, por isso apelam para mentiras.
Por isso, a FNP permanecerá na luta em defesa da Petrobrás, do petróleo brasileiro, dos direitos sociais, da soberania nacional e da democracia. E fará greve, se necessário, contra o desmonte de nossos direitos, da Petrobrás e por preço justo dos combustíveis e do gás de cozinha para todos.
Fonte: FNP