A covardia de um governo: privatizar não é a solução para o preço dos combustíveis e gás de cozinha

Alerta

Nos últimos dias, o governo de Bolsonaro anunciou uma proposta de privatização para a Petrobrás. Para entender a proposta, primeiro temos que retroceder um pouco no tempo e comprovar que para garantir o pagamento da Auxílio Brasil, antiga Bolsa Família, o governo extrapolou o teto dos gastos públicos. Com isso, houve uma reação do mercado contra o ministro da economia e contra o governo de Bolsonaro.

Consequentemente, com o constante aumento dos combustíveis, devido a política de preço adotada pelo governo e pela empresa, Bolsonaro sofreu pressão das diversas partes da sociedade e categorias organizadas (petroleiros e caminhoneiros) descontentes com a situação.

Para se safar da responsabilidade, ao invés de ter uma discussão ampla e irrestrita referente ao preço dos combustíveis, que são base para a composição de preços de alimentos e serviços, Bolsonaro negou ter culpa pela crise econômica do país e sugeriu a venda da Petrobrás.
 
É importante esclarecer que a venda da Petrobrás não é a solução para a alta dos preços dos combustíveis. Pelo contrário, a venda da Petrobrás vai retirar do governo a possibilidade de solucionar todo o problema, a exemplo do que ocorre com o preço de várias commodities, como a soja, a carne e etc.. Então, se privatizar a Petrobras, o PPI se tornará o piso do preço dos combustíveis.

Nós temos que saber o que queremos para o Brasil. E o que queremos é preço justo! Um país em que a Petrobrás tenha lucro, os acionistas tenham lucro e a população, através de preço justo de combustível, possa movimentar a economia e tirar o país dessa crise.

O Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) explica que a lógica de alinhamento ao Preço de Paridade de Importação (PPI) desconsidera os reais custos de produção da estatal e expõe o brasileiro a fatores "descolados das realidades locais", como as volatilidades dos preços do petróleo. Eles vêm anunciando que não existe outro caminho para baixar o valor dos combustíveis e praticar um preço justo que não passe pelo fim do PPI.

Essa política, adotada desde 2016,  precifica os combustíveis de acordo com as variações do dólar e do petróleo internacional. Uma prática que aumenta os lucros dos importadores, ao mesmo tempo que penaliza a população.

Para a FNP e o Ibeps, seria possível garantir a rentabilidade da empresa, por meio de uma política de preços mais "justa" e desalinhada do mercado. Eles propõem que o preço dos derivados no mercado interno reflita os custos de extração de petróleo e de refino*, além de outros custos*, acrescidos de margens que garantam um retorno sobre o capital despendido.

Segundo o instituto, sem o PPI, por exemplo, o diesel poderia ser vendido ao consumidor brasileiro por R$ 3,71, ou seja, cerca de 26% mais barato do que o valor praticado hoje no mercado nacional, que já é o mais caro da história.

Como a maior parte do consumo brasileiro é atendido pela produção interna, o lucro da venda dos combustíveis refinados no país ajudariam a compensar eventuais prejuízos com a importação a preços mais altos do que aqueles praticados internamente.

Assim, para a FNP é preciso começar a discutir estruturalmente os preços dos derivados no Brasil e lutar contra o processo de desmonte e privatização do sistema Petrobrás. “É preciso dar um basta nesta política de preços dos combustíveis que só favorece aos especuladores”, finaliza Adaedson Costa, secretário geral da FNP.

Fonte: FNP