Acionistas recebem “bolada” enquanto categoria petroleira é alvo de ataques e população sofre com preço altos

R$ 31,6 bilhões

Os acionistas da Petrobrás receberam, nesta quarta-feira (25), a primeira parte da bolada milionária de R$ 31,6 bilhões referente ao pagamento de antecipação de dividendos e/ou juros sobre capital próprio (JCP) referentes a 2021. Esse valor é a maior distribuição de remunerações na história da Petrobrás. O último recorde tinha sido de R$ 29,5 bilhões em 2009, em valores atuais.

O valor bruto a ser distribuído hoje é de R$ 21 bilhões. Trocando em miúdos é R$ 1,609911 por ação ordinária ou preferencial. A operação tem como base a posição acionária de 16 de agosto de 2021.

Em contrapartida, a força de trabalho amarga um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) rebaixado, com duração de dois anos e um novo plano de saúde que só visa piorar a saúde dos beneficiários já quem tem sido campeão de reclamação.

Segundo dados do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese) enquanto a remuneração média anual dos trabalhadores da Petrobrás caiu continuamente desde 2011, passando de 98,5 mil dólares anuais, na PETROCHINA temos um movimento oposto: passou-se de 27,2 mil dólares em 2011 para 49,5 mil dólares em 2020. Enquanto na Petrobrás houve uma queda de 37% da remuneração média anual, no mesmo período a gigante chinesa viu a remuneração média crescer 82%. Pela tendência indicada, vemos que é questão de tempo para a remuneração média dos trabalhadores da PETROCHINA ultrapasse a dos trabalhadores da Petrobrás, como alias, já aconteceu com a petrolífera chinesa CNOOC.

Em verdade, esse movimento é geral. A cada ano, o abismo entre a situação dos trabalhadores da Petrobrás se eleva diante de todos demais concorrentes.

Os aposentados e pensionistas também estão inseridos nesse “balaio” já que vem sofrendo ano após ano com defasagem salarial, reajustes pífios e um equacionamento da Petros que seria bem menos onerosa se a atual gestão da Petrobrás desembolsasse o que deve.

A Petrobrás como um todo respira por aparelhos. A sanha privatista de Paulo Guedes tem esquartejado a empresa que foi criada para atuar do “poço ao posto”. O ministro vê a empresa como uma galinha dos ovos de ouro. A BR Distribuidora é um belo exemplo disso. A BR é a maior distribuidora do país, com cerca de 30% do mercado de combustíveis e lubrificantes. A Petrobrás era a única proprietária da BR até 2017. No mês de julho a alta cúpula da empresa liquidou de vez sua participação na distribuidora sob a justificativa de que a venda é uma operação que "visa à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital".  Quem ganha com isso são os novos donos do patrimônio e não a empresa que deixa de “chegar aos postos”.

A população também tem sido penalizada com essa ganância toda. O PPI (Preço de Paridade de Importação), política adotada desde 2016 pela gestão da Petrobrás, que precifica os combustíveis de acordo com as variações do dólar e do petróleo internacional tem elevados a patamares estratosféricos o preço dos combustíveis e gás de cozinha.

Ao contrário do que muita gente pensa, não são os impostos os principais responsáveis pelos preços abusivos dos combustíveis. Os reajustes sucessivos não estão relacionados ao aumento de tributos, mas sim com o PPI.

Em alguns estados a gasolina já está sendo vendida e R$ 7e o gás de cozinha a R$ 100. Esse também é o motivo de muitas famílias cozinharem usando fogão à lenha. Esses trabalhadores não conseguem comprar o gás, que já equivale a quase 10% do valor do salário mínimo.

Todos esses dados demonstram de maneira clara que crise na empresa, desculpa utilizada para justificar a política de redução de custos, só existe para o lado mais fraco da corda porque para os acionistas e o alto escalão da empresa os bolsos continuam cheios, o tanque dos carros abastecidos e o gás de cozinha está sempre a postos.

Com informações do G1, Observatório Social da Petrobrás, FNP e Money Times.