Há 37 anos, acidente na Petrobrás tirou a vida de 37 petroleiros da plataforma de Enchova, na Bacia de Campos

Jamais esqueceremos

Há 37, no dia 16 de agosto de 1984, 37 trabalhadores da plataforma de Enchova, na Bacia de Campos, morreram, durante um incêndio, vítimas da queda de uma das baleeiras, embarcação usada para retirar trabalhadores da plataforma. Outras 19 pessoas ficaram feridas no acidente.

Naquele dia, cerca de 50 trabalhadores operavam a plataforma, quando um vazamento seguido por uma explosão deu início ao que é considerado até hoje o maior acidente de trabalho da história da Petrobrás.

Na época, o sindicato dos engenheiros da Petrobrás denunciou como principais causas do acidente as péssimas condições de trabalho e a política de metas de recordes de produção impostas pelas gerências.

Longe de ter sido o último acidente na Petrobrás, não conformidades, muitas vezes ignoradas pelas gerências, causaram outros acidentes com mortes, como na P-36, em 2001, que matou 11 petroleiros das brigadas de incêndio que atendiam ocorrência que levou ao afundamento da plataforma. Mais recentemente, em fevereiro de 2015, a explosão do navio-plataforma FPSO Cidade São Mateus, em Aracruz, no norte do Espírito Santo, deixou nove mortos e 26 feridos.

Petroleiros enfrentam sucateamento e covid-19
Se antes o confinamento era um dos principais desafios de quem trabalha embarcado, pela solidão e outros fatores, hoje se mostra ainda mais danoso, devido ao descuido dos atuais gestores da Petrobrás, que mantém plataformas com aglomeração durante paradas de manutenção e em pleno funcionamento mesmo nos piores momentos da pandemia por coronavírus.

Desde o início da pandemia, 45 petroleiros próprios morreram vítimas da covid-19. Esse número pode ser ainda maior, pois a Petrobrás esconde os dados referentes a casos de petroleiros terceirizados vítima do vírus. Para esses companheiros, os riscos são ainda maiores. Com menores salários e menos direitos, esses companheiros muitas vezes precisam optar entre arriscar perder o empregou ou a vida, tendo que negar fazer tarefas que muitas vezes poderiam ser programadas com maior segurança, mas que são obrigados a realizar diante da pressão das gerências por metas e prazos.

Concomitante às metas, o sucateamento de algumas plataformas, na mira da privatização, potencializa os riscos de acidentes. Estamos vendo os ativos da Petrobrás serem passados para outras mãos em negociações com fortes vestígios de irregularidades e favorecimentos, mas não antes que todo o sumo produzido pelos trabalhadores de plataformas seja sugado, ao menor custo possível, mesmo que isso custe a saúde ou a vida de muitos de nós, petroleiros.

Apesar da dor que as lembranças desses acidentes possam causar para muitas pessoas, recordar esses eventos é importante para que fiquemos sempre atentos para os riscos, que continuam os mesmos e evoluíram para além do descaso pela força de trabalho e pressão por metas.

Hoje a máxima do então candidato Jair Bolsonaro de que o brasileiro terá que escolher entre “menos direitos e mais empregos” é imposta para população, que já não aceita mais calada tamanhas perdas e pode ainda denunciar.

É em homenagem a todas as vítimas de acidentes de trabalho no Sistema Petrobrás, e nesta data, em especial aos mortos na plataforma de Enchova, que dedicamos esse momento para reflexão da categoria.

Que as famílias desses companheiros e os petroleiros, sobreviventes dessa tragédia, possam olhar para a categoria petroleira e encontrar em nós um grupo de amigos que possam contar para ampará-los na dor e representa-los na luta!