Desrespeitando procedimento, Gerência da RPBC joga com a vida e parte unidade, causando princípio de incêndio

Com quadro reduzido


A gerência da RPBC tem assumido riscos preocupantes para os trabalhadores e população do entorno da refinaria. A última prova de sua irresponsabilidade veio durante processo de partida na unidade V, realizada com quadro abaixo do indicado no procedimento. Devido a partida planejada, como um operador havia sido dispensado pelo setor médico logo pela manhã, outro operador ficou em extensão da jornada para auxiliar. Após orientar a adiar a partida, um supervisor de outro grupo, que ocupava o papel de operador de painel, achou que seria ouvido. Assim, o operador de reforço foi dispensado.

Contudo, a gerência insistiu em partir a unidade, mesmo restando apenas o supervisor no painel e na área apenas um operador “borracho”, transferido de outra unidade e que passou recentemente por treinamento e que nunca havia acompanhado a partida da unidade. Outro operador, mais experiente, estava atuando em outra unidade.

Horas depois foi constatado princípio de incêndio (sem chama, mas com fogo, devido aos produtos químicos em combustão no incidente) junto à J-16 (bomba de carga). O princípio de incêndio foi controlado graças a atuação dos operadores, mas, o que por si só deveria ser motivo de alerta, não foi suficiente para a empresa pausar o processo, como deveria ser feito como medida preventiva e segura.

No turno seguinte, para “acertar” o quadro de partida de unidade com quatro operadores, foi aplicada a famosa “gambiarra”: o supervisor do grupo, que é operador da UC, acumulou a supervisão com a operação do painel da UV (unidade que não opera, nem durante greves).

Incidentes acontecem em período de pandemia, sobrecarga de trabalho e assédio moral
Os quadros das destilações estão muito baixos, o que exige dobras de 24 e até mesmo de 36 horas constantemente. Embora estejam chegando novos operadores na RPBC, vindos de transferência de outras unidades, não possuem experiência no refino, e muitos nem desempenhavam a função de operador.

Mesmo nesse contexto, a gerência da empresa aposta na integração de todas as unidades de destilação, acarretando no acumulo de informações e de funções por parte dos operadores, que já estão sobrecarregados.

Toda essa movimentação acontece enquanto os treinamentos ocorrem de forma precária, durante a pandemia que já vitimou 460 mil brasileiros (incluindo nosso amigo Antonio Carcavalli, cuja morte completou um ano no dia 30 de maio), com o quadro já reduzido, sucateamento das plantas, que aumentam os riscos operacionais e colocam a vida dos trabalhadores e das comunidades próximas à RPBC em constante perigo.

A categoria passa por um momento de grande assédio por parte da gerência, com ambiência muito ruim, o que faz com que as pessoas fiquem ainda mais vulneráveis e propensas a cometerem erros. O absurdo chega ao ponto de a empresa descumprir procedimentos que ela mesmo implementou: manter unidades gaseificadas (com energia) e equipamentos operando sem rotina (como é o caso dos compressores dos fornos da UV) por mais de 24hs.

Reunião entre Sindicato e gerência não chega a acordo
Durante reunião entre a gerência da empresa e representantes do Sindipetro-LP, na quinta da semana passada (dia 27/05), a empresa apresentou o projeto que pretende integrar todos os postos de trabalho da destilação, o que foi veementemente rechaçado pelo sindicato.

A gerência não disfarçou seu interesse em utilizar a destilação como “laboratório” para integração de outras gerências, chegando a afirmar que “já existem operadores que operam a URC e a UFCC ao mesmo tempo, bem como operadores que operam a UGAV em conjunto com a UFCC”, o que é falso.

A RPBC está sendo operada no limite da capacidade dos trabalhadores, que estão se revezando em dobras, insatisfeitos e com o assédio da gerência, que cobra resultado, mas sequer consegue cumprir as próprias regras que criou, como procedimentos e o próprio estudo de O&M, que ainda está em sub judice.

Durante a discussão do estudo de O&M, em que a gestão da RPBC alegou taxativamente ser infundada a preocupação do sindicato com relação as partidas das unidades ou emergências, pois haveria reforços pela responsabilidade da gestão, não estamos vendo isso na prática, demonstrando que os discursos da gerência, em defesa do lucro e em detrimento da segurança e saúde do trabalhador, são falaciosos e de má-fé.

O Sindipetro-LP alerta pela responsabilidade do gestor mandatário da unidade em caso de morte ou acidente com danos à pessoa.

Será preciso mais do que reuniões com o RH para barrar mais esse ataque aos trabalhadores.  Toda categoria deve estar preparada para um embate preciso com a gerência da unidade e da RPBC. Ou isso, ou trabalharemos cada vez mais tensos e preocupados pelo pior que já pode acontecer a qualquer momento. 

Importante lembrar que os petroleiros da refinaria já passaram por situações semelhantes como a redução do quadro da URA/URC, do quadro mínimo das HDT's e integração e todos estes ataques foram barrados através da organização e mobilizações dos trabalhadores da RPBC e UTE. Mais uma vez, se isso se fizer necessário, não será diferente.

Juntos somos mais fortes!