RH da Petrobrás aproveita surtos de Covid-19 para retomar escala 21x21 nas plataformas

Sem sucesso

Mais uma vez a gestão da Petrobrás tentou usar de subterfúgios para lucrar ainda mais e assim prejudicar os trabalhadores embarcados. Com a desculpa do aumento de casos de Covid-19 no sistema offshore, a empresa tentou retomar a escala 21x21 dias.

Diante disso, a Federação Nacional dos Petroleiros juntamente com os representantes do Sindipetro-LP e Sindipetro-RJ participou, na manhã desta segunda-feira (29), de uma reunião com a alta cúpula da empresa para debater essa nova investida e problemas referentes às plataformas. O que os representantes dos trabalhadores se depararam foi com a “boa e velha” intransigência patronal e a negativa total em manter qualquer tipo de negociação, mas o tiro saiu pela culatra.  A nova tentativa dos gestores, em burlar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), foi em vão já que nenhuma mudança na escala de trabalho pode ser feita sem que haja um aditivo no acordo da categoria. Além disso, qualquer mudança, nesse âmbito, tem que ser negociada previamente com a categoria e não empurrada “goela abaixo” como estavam tentando fazer. A força de trabalho já deixou bem claro que não vai aceitar essa proposta de embarque 1x1 e nas setoriais, realizadas com os representantes do Sindipetro-LP, ratificaram que irão cruzar os braços para que isso não aconteça.

Durante a reunião as entidades representativas reivindicaram diversas medidas para ajudar na contenção da disseminação do coronavírus nas plataformas, mas a empresa só se importou em discutir o 21/21. O Sindipetro-LP também apresentou algumas demandas da força de trabalho, dentre várias, conforme segue abaixo, que foram prontamente ignoradas pelos gestores.

- Testes rápidos no desembarque ou quatro dias após o embarque;

- Redução de POB nas plataformas com a limitação de 2 tripulantes por camarote. O Sindipetro-LP recebeu denúncia que 4 trabalhadores ficam juntos em um único camarote enquanto o Geplat e Coman ficam sozinhos;

- Fornecimento de máscaras mais eficazes na prevenção do contágio da Covid-19;

- Execução apenas de serviços prioritários no período que houver um estado do país que esteja na fase vermelha já que as plataformas contam com trabalhadores de diversos estados brasileiros;

- Reanálise dos índices/indicadores que são exigidos, uma vez que o quadro está reduzido e equipe embarcada está sobrecarregada de tarefas que não foram reduzidas;

- Manutenção preventiva somente prioritária para reduzir a circulação de pessoas nas plataformas;

- Não embarque de trabalhadores que exercem funções administrativas, inclusive lideranças;

- 2 enfermeiros (as) a bordo;

A gestão da Petrobrás tem tentando de todas as maneiras prejudicar os trabalhadores embarcados usando como desculpa a pandemia, mas a verdade é que o único objetivo é lucrar mesmo que isso significa submeter os petroleiros a escalas de trabalho extenuantes e altos índices de contaminação. Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia que o Sindipetro tem tentado melhorar as condições da categoria do Litoral Paulista. Os petroleiros e petroleiras das plataformas são os que mais têm sofrido já que uma política tardia de testes foi implementada e o descaso reina nas gerências das unidades de mar. Prova disso é o novo surto de Covid-19 na plataforma de Mexilhão fruto do aumento desenfreado do POB graças a uma parada de manutenção que poderia ter sido adiada.

Se a ideia é proteger a força de trabalho porque não reduzir o POB das unidades e colocar os cargos administrativos e as lideranças para trabalhar em sistema de teletrabalho? A preocupação é seletiva e prima pelo contrassenso porque até o momento apenas um profissional de saúde fica disponível para atender todos os embarcados. A realidade é que preservar a vida da força de trabalho não está em pauta, mas sim produzir cada dia mais.