8 de março no Sindipetro-LP é dia de luta e de combate às diferenças e o assédio na Petrobrás!

Juntas Somos Mais Fortes

O Dia Internacional da Mulher teve início no chão de fábrica, como muitas de nossas lutas. No Sistema Petrobrás a situação não é diferente. A empresa atualmente conta com apenas 17% do efetivo composto por mulheres. Do total de líderes, em todas as posições hierárquicas, as mulheres somam o índice de 15%. Mas isso não se reflete nem em cargos de chefia na empresa, nem na liderança dos movimentos em defesa da Petrobrás e dos direitos. E, embora muitas vezes as mulheres sejam invisíveis, elas são responsáveis por muitas das conquistas e avanços que essa companhia obteve ao longo dos anos. E são responsáveis também, através de muita luta, pelas vitórias que tivemos para construir um espaço mais digno no trabalho.

Prova disso, é o Plano de Equidade de Gênero com mentoria e pesquisa para promoção da diversidade que foi lançado no final do ano passado. O principal destaque do plano é o programa de mentoria para lideranças femininas, que tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento de mulheres a cargos mais altos.

Segundo informações fornecidas através de comunicado pela Petrobrás, o plano também traz iniciativas como o programa de estímulo ao aumento da representatividade feminina em posições de supervisão em áreas operacionais. Além disso, haverá monitoramento de dados e Pesquisa de Diversidade & Inclusão; criação de grupos de afinidade; além de diversas frentes de capacitação e sensibilização, a serem consolidadas ou implementadas em 2021.

A batalha pela aquisição de EPIs femininos, o reconhecimento de que os trabalhos em áreas operacionais não são funções exclusivas de homens, nada disso foi dado de graça. Mais recentemente foi obtida a redução de jornada para a lactante: esse direito não é um benefício concedido pelo RH Corporativo espontaneamente.

Mulheres que precisam do direito ao acompanhamento médico de seus filhos recebem apenas um dia de abono por ano, um absurdo. Outras questões relacionadas à saúde da mulher, os riscos ocupacionais que envolvem mulheres grávidas, o próprio assédio moral e sexual que seguem em níveis alarmantes, são lutas mais do que atuais.

No dia a dia sabemos quais são as dificuldades. É uma piada machista. É o assédio moral e sexual. É a forma como a indústria do Petróleo e Gás muitas vezes se comporta como se só tivessem homens nela.

É preciso cobrar da Petrobrás que promova campanhas de conscientização para os trabalhadores homens, bem como que divulgue entre as trabalhadoras os canais de denúncia e garanta que elas não sofrerão perseguição dentro do ambiente de trabalho por denunciar, principalmente nas empresas contratadas. Deve-se garantir às trabalhadoras que esse tipo de prática é inaceitável dentro da Petrobrás e que elas podem trabalhar em segurança, inclusive com a punição do trabalhador que comete um ato de assédio. O próprio movimento sindical tem muito que avançar nesse quesito, em campanhas concretas para os trabalhadores, na defesa intransigente dos setores oprimidos e na construção de um ambiente em que as mulheres se sintam confortáveis para ocupar.

Entretanto, não é apenas dentro dos muros da Petrobrás que as mulheres sofrem com a ausência de políticas para as suas necessidades.

O ano de 2020 foi marcado por um profundo avanço das políticas de austeridade, ou seja, de retirada de direitos históricos em todo o Mundo. O objetivo é claro: aumentar o nível de exploração para preservar e, muitas vezes, elevar as taxas de lucro em meio à crise. Essas medidas afetam, especialmente, as trabalhadoras e setores mais oprimidos.

As mulheres são o setor que, na crise ou na prosperidade, mais sofre com a exploração e a opressão. A violência é maior se são negras, lésbicas, bissexuais, transexuais ou travestis, ou se não se enquadrarem no modelo feminino imposto. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2019, as mulheres estão nos postos mais precarizados de trabalho e recebem, em média, 78% do rendimento dos homens. Entre os trabalhadores com ensino superior, a diferença é ainda maior, chegando a 62%. Os dados também apontam que as mulheres sofrem mais com o desemprego. Além disso, ainda recaem sobre elas o trabalho doméstico, o cuidar das crianças, das pessoas idosas ou doentes. Esses trabalhos, não pagos e invisíveis, são fundamentais para o grande capital, que não precisa investir na reprodução e manutenção de sua mão de obra.

Com a pandemia, a violência doméstica aumentou em níveis estratosféricos. Segundo informações do Ministério da Mulher, da Família e dos Direito Humanos (MMNDH) no mês de abril de 2020 o número de denúncias feitas através do disque denúncia 180 aumentou 40% em relação ao mesmo período de 2019. O dado foi levantamento com apenas um mês de isolamento social.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) destacou, na primeira atualização de um relatório produzido a pedido do Banco Mundial, que os casos de feminicídio cresceram 22,2%,entre março e abril de 2020, em 12 estados do país, comparativamente ao ano anterior.

O órgão também levantou dados referentes ao feminicídio. Houve aumento no número de vítimas em metade dos oito estados que encaminharam seus respectivos resultados: Amapá (100%), Acre (75%), Ceará (64,9%) e Rio Grande do Norte (8,3%). O grupo em que se viu uma redução no índice é composto por São Paulo (-10%), Pará (-7,7%) e Espírito Santo (-6,7%).

Uma triste realidade em meio a uma crise mundial.

História
O primeiro registro  que se tem sobre o Dia Internacional da Mulher é no ano de 1910. Na II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, Clara Zetkin, integrante do Partido Comunista Alemão, propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, cujo primeiro objetivo seria promover o direito ao voto feminino.A reivindicação também  convocava as feministas de outros países para encabeçarem a proposta. O dia foi reconhecido mundialmente somente no ano de 1975, através de um decreto, no qual a data foi oficializada pela ONU.

Em 25 de março de 1911 correu um grande incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York, que matou 146 trabalhadores. Desse total, eram  125 mulheres, em sua grande  maioria imigrantes judias e italianas,  com idade entre 13 e 23 anos. A tragédia fez com que a luta das mulheres operárias estadunidenses, coordenada pelo histórico sindicato International Ladies' Garment Workers' Union, fose ampliada ainda mais, em defesa de condições dignas de trabalho.

As causas desse incêndio foram as péssimas condições do local e também  grande quantidade de tecido que serviu de combustível para o fogo. Além disso, alguns proprietários de fábricas da época, incluindo o da Triangle, trancavam seus funcionários durante o expediente como forma de conter motins e greves.

Desejamos a todas as companheiras de luta e da vida, mães, esposas, irmãs e colegas de trabalho, não apenas um Feliz Dia das Mulheres, mas uma vida de reconhecimento e retribuição do amor que vocês geram no mundo.

Deixamos claro que REPUDIAMOS totalmente qualquer forma de tratamento dispensado às mulheres por seus colegas, supervisores, fiscais ou gerentes, que utilizam suas posições na empresa para agredir, assediar, acuar e humilhar com a intenção de obter vantagens sexuais ou pessoais de qualquer ordem.

E no que depender de nós, mulheres, essas pessoas devem ser demitidas e receber as punições civis e criminais aplicáveis.

Denuncie!
Se você está passando por algum caso de assédio moral ou sexual no local de trabalho, ou se conhece alguma companheira ou companheiro de trabalho que está passando por esta situação, denuncie para o seu diretor de base ou liberado.

O Sindicato alerta toda a categoria para que a luta contra o machismo não seja uma luta apenas das petroleiras. É preciso, mais do que nunca, que todos os trabalhadores petroleiros também estejam conscientes para combater essa prática que traz perdas para todo o conjunto dos trabalhadores.

Com informações da Agência Brasil, CLT, Click Petróleo e Gás, Brasil de Fato e Brasil Escola