Grupo Abril cassa liberação do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo

Atitude antissindical

O Grupo Abril decidiu cassar a liberação de Paulo Zocchi, presidente do sindicato e vice-presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), funcionário da Editora, impedindo assim que exerça plenamente o cargo que ocupa e que, em tempos de ataques aos jornalistas pelo governo de extrema direita de Bolsonaro e seus apoiadores, demanda maior dedicação e empenho. 

Com a medida arbitrária da empresa, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo está solicitando apoio dos sindicatos de classe para protestar contra mais esta prática antissindical.

De acordo com a editora Abril, Zocchi teria de voltar ao trabalho na empresa a partir de 30 de outubro, encerrando cinco anos de liberação sindical sem prejuízo de vencimentos, iniciada em 2015.

Essa atitude do Grupo Abril ataca o exercício do mandato sindical, pois o cumprimento da jornada normal de trabalho impede o desempenho pleno das atividades ligadas à Presidência da entidade. A própria Abril reconhece a importância da liberação sindical para exercício da função em documento assinado pelas partes em 2015, no qual está escrito: “Considerando-se a solicitação da entidade sindical para a liberação do empregado para o exercício de suas atividades sindicais em período integral, vez que seriam incompatíveis com a manutenção de suas atividades profissionais na empresa”.

Recentemente os petroleiros sofreram ataque semelhante, perdendo a liberação de alguns dirigente atuantes do sindicato. Porém, se não fosse a resistência da categoria, que não aceitou a primeira proposta da Petrobrás, a redução de liberados seria ainda maior, prejudicando a atuação do sindicato frente ao volume de demandas dos trabalhadores.

Diante dos ataques cada vez mais graves e mais frequentes, é urgente que as categorias se apoiem e lutem lado a lado, pois as práticas antissindicais são as mesmas aplicadas por outras empresas. Quando não encontram resistência dos trabalhadores as empresas aplicam a agenda de retirada de direitos, em nome do lucro, colocando o medo do desemprego como forma de passar a boiada e fazendo com que aceitem o discurso de Bolsonaro de que para manter empregos é preciso ter menos direitos.

Trata-se de mais uma ação antissindical da patronal que vem ganhando cada vez mais espaço, com apoio do 
judiciário, que principalmente nos últimos três anos, com a reforma trabalhista, que descobriu os trabalhadores de proteções básicas de seus direitos, vem autorizando a arbitrariedade dos empregadores, chancelando práticas antissindicais condenadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Apesar dos ataques que todos estamos sofrendo, não vão nos calar!