A perigosa naturalização do teletrabalho na Petrobrás

Redução de jornada e salários

A atual pandemia abre caminho para que o capital avance no seu projeto de ampliação da exploração da mão de obra para jogar seus efeitos nas costas dos trabalhadores.

Na esteira da desregulamentação e flexibilização dos direitos trabalhistas, o "teletrabalho" é a nova ferramenta do capital para precarizar as relações de trabalho.

Aproveitando-se da pandemia, a Petrobrás, com base na Medida Provisória 927, que foi mais um ataque do governo Bolsonaro/Mourão contra os trabalhadores, ampliou a adoção dessa forma de trabalho para grande parte do efetivo.

Nesse cenário, o teletrabalho chegou a todo vapor, mas, como imposição na Petrobrás, de forma unilateral e sem qualquer negociação prévia com os sindicatos, através do Plano de Resiliência, no dia 1º de abril. Sem negociação, o que deveria ser uma medida para proteger a saúde do trabalhador veio revestido de vários ataques aos direitos.

Aproveitando-se da necessidade de isolamento social por conta da atual pandemia do Covid-1, a empresa usou a emergência sanitária para impor redução de jornada e salários de forma desproporcional, penalizando os menores salários e protegendo as chefias, que já são os maiores beneficiados com o PPP e outras vantagens.

O perigo do teletrabalho

Para os trabalhadores que estão deslocados de seu ambiente de trabalho, levados a trabalhar em casa, devem ser feitas algumas observações. Primeiramente, perde-se o convívio social que existe no trabalho.

Os contatos humanos, promovidos na convivência do trabalho, ficam prejudicados. A tendência é uma espécie de “coisificação” das pessoas.

Quando estamos em uma relação presencial, se torna mais fácil criarmos empatia com o outro, interagirmos de forma a tentar compreender o que se passa com cada colega, suas dificuldades, suas qualidades, seu jeito de ser.

No caso de um contato por e-mail, telefone, as relações tornam-se mais distanciadas, mais esfriadas, assim, mais “coisificadas”.

Também devemos lembrar que, para os trabalhadores em home office, além de exercer suas atividades profissionais, o trabalhador também deve realizar atividades domésticas, arcar com os custos dos equipamentos, energia elétrica, internet, manter o convívio com os familiares. Tudo isso, sustentando a performance no trabalho e sob um controle quase que absoluto do empregador, feito através das tecnologias.  O que muitas vezes não são tarefas fáceis.

A FNP já se posicionou em vários ofícios que não concorda com a política praticada pela gerência da empresa.

Para finalizar, a pandemia COVID-19, que começamos a enfrentar em março de 2020, trouxe grandes desafios para o mundo do trabalho.

Na luta de classes, engrenagem do modo de produção capitalista, o dilema do direito à vida, para os trabalhadores, entra em conflito com o direito à exploração e à manutenção dos lucros da classe detentora dos meios de produção.

Certamente, muitos profissionais estão nessa situação dramática. Muitos viverão a pandemia em um processo de desgaste que pode evoluir para a manutenção de um sofrimento continuado.

Como será o mundo após a pandemia? O certo é que muitos de nós seremos marcados por esses dias que abalam as estruturas da sociedade.

Que as crises e contradições que atingem aqueles que “vivem do trabalho” sirvam de sementes para um movimento em busca de uma sociedade mais solidária, onde a vida e o bem-estar de todos esteja acima do interesse de poucos

Fontes: Sindipetro-SJC, Esquerda Online e Pandemias e pandemônio no Brasil, estudo organizado por Cristiane Brandão Augusto Rogerio Dultra dos Santos, no instituto Defesa da Classe Trabalhadora.

Texto extraído do site da FNP