Petrobrás espera receber propostas por refinarias no segundo semestre, diz diretora

"Ativos bilionários"

A diretora de refino e gás natural da Petrobrás, Anelise Lara, reforçou que espera receber no segundo semestre as propostas pelas refinarias. “Acreditamos que ao logo do segundo semestre as ofertas vão poder ser oferecidas e vamos poder começar a negociação dos contratos e o fechamento dos processos com eventuais proponentes”, afirmou a executiva, durante entrevista on-line ao canal Café com Cavanha.

Segundo ela, o cronograma dos desinvestimentos no refino têm sofrido “alguma defasagem”, devido às dificuldades que os potenciais compradores têm reportado para estruturar o capital necessário para as aquisições. A executiva disse, contudo, que está otimista de que receberá “boas propostas”.

“Estamos falando de ativos bilionários. São propostas que precisam de suporte de bancos. Os potenciais compradores estão se organizando para fazer as ofertas. Há agentes nacionais e internacionais [interessados]”, disse.

Ela destacou, com os desinvestimentos, a Petrobrás se concentrará no eixo Rio-São Paulo, nas proximidades com os maiores campos de petróleo e com o principal mercado consumidor. Anelise contou, ainda, que a estatal, num primeiro momento, queria ficar com todas as refinarias do Sudeste, mas que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) exigiu a venda da Regap, em Minas Gerais.

A executiva não acredita que, com a venda dos ativos, o mercado brasileiro passará a ser composto por monopólios regionais.

“Quando um comprador for dono de uma refinaria vai querer maximizar rentabilidade dela e potencializar o uso daquela refinaria, atendendo, se for necessário, outros mercados. Isso vai gerar competição na franja entre mercados e regiões [limítrofes]”, disse. “Esse risco de cada um [refinador privado] ficar no seu Estado e ninguém querer atacar o outro pode acontecer nos primeiros três meses e depois vai ser o ‘business as usual’[negócios, como sempre]", completou.

Petróleo de maior qualidade

A Petrobrás está preparada para atender a nova regulamentação da qualidade da gasolina, que entrará em vigor a partir de agosto, segundo Anelise. Ela destaca que a nova regulação é positiva, porque aproximará a qualidade exigida para a gasolina vendida no Brasil das especificações do mercado americano.

Anelise explica que, hoje, a companhia opta por exportar para os Estados Unidos a gasolina de alta qualidade produzida nas refinarias nacionais e importar gasolina de qualidade mais baixa para o mercado doméstico. Essa lógica, contudo, pode mudar com a nova regulação.

“Pode ser que nesse cenário [com a nova regulação], a gasolina que exportávamos passemos a vender no Brasil”, afirmou Anelise, em entrevista on-line ao canal Café com Cavanha.

“Nós produzimos, hoje, uma gasolina que tem qualidade para exportação para o mercado americano, que paga mais por um produto mais nobre. Às vezes vale mais exportar gasolina mais nobre e importar uma gasolina de pior qualidade e misturar ao etanol, porque no Brasil a exigência de qualidade não é tão alta. Ficaríamos no prejuízo se vendêssemos gasolina mais nobre [no país], com os competidores importando gasolina mais barata”, explicou.

O órgão regulador exigirá a comercialização de uma gasolina de maior densidade e eficiência operacional. “Já estamos super preparados [para atender às novas especificações]”, disse.

Devolução de carga

A diretora também comentou que a companhia tem feito devoluções de cargas importadas de gás liquefeito de petróleo (GLP), depois de um aumento expressivo no consumo do combustível nos primeiros meses da pandemia da covid-19.

Ela lembra que, num primeiro momento, houve uma corrida pelo GLP por parte dos consumidores, para estoque. “Aumentamos a importação naquele momento. Hoje já estamos devolvendo carga de GLP importada porque já estamos com estoques suficientes”, afirmou, durante entrevista ao canal Café com Cavanha.

Fonte: Valor Investe