Atuação integrada sustentará Petrobrás mesmo com barril baixo

Economia

O preço do barril de petróleo do tipo Brent, em torno de US$ 20, está em linha com os preços do passado, atualizados. “Este preço ajuda a economia mundial, como confirma a história”, afirma o presidente da Associação dos Engenheiro da Petrobrás (Aepet), Felipe Coutinho.

No mercado norte-americano, o preço do contrato futuro para maio foi negociado em valor negativo na última segunda-feira, ou seja, quem detinha o contrato pagava ao comprador para manter o produto estocado. O preço do barril de petróleo WTI ficou abaixo de US$ 12.

Para Felipe Coutinho, a Petrobrás sofre impacto devido às vendas de subsidiárias, como a distribuidora BR e a rede de gasodutos), pois abriu mão de geração de caixa que depende muito pouco da variação dos preços do petróleo.

“Toda grande empresa de petróleo precisa ser integrada, da exploração à petroquímica, passando por produção, refino e distribuição. Isso é fundamental, porque os preços do produto variam. Quando o preço está alto, é a exploração e produção que dão lucro; quando está baixo, são os demais que geram caixa e garantem a lucratividade”, explica.

Se a Petrobrás ficar concentrada em exploração e produção, este modelo não sustenta a empresa, somente com exportação de petróleo, especialmente com estes preços baixos. “Mas se usar toda a capacidade já demonstrada pela estatal, com integração, o pré-sal pode ser usado, agregar valor a ele, desenvolver indústria química, petroquímica e farmacêutica. A Petrobras foi construída para isso e é eficiente para isso”, disse Coutinho, lembrando que em 19 de abril de 1882 nascia Getúlio Vargas, presidente responsável pela criação da estatal.

Gunther Rudzit, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios do Oriente Médio da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), prevê consequências extensas com os baixos preços internacionais. “Uma queda de dois terços no valor do barril terá consequências de curto prazo em países exportadores que já enfrentavam dificuldades econômicas, como a Venezuela e o Irã. O FMI estuda um pacote de resgate ao Irã mesmo com as sanções impostas pelos EUA”, afirma.

“A baixa nos preços é tão expressiva que ainda não se têm claras as implicações dos efeitos na economia mundial. A Arábia Saudita é a única entre os países exportadores com reservas mais consistentes para resistir. Os demais estão ampliando o seu rombo fiscal a uma velocidade recorde, e a situação piora com o indicativo de uma crise mais profunda nos EUA”, diz Rudzit.

Fonte: Monitor Mercantil