Apesar deles, Petrobrás segue gigante e completa 66 anos a serviço do país

Patrimônio Nacional



Neste 3 de outubro a Petrobrás completa 66 anos de sua criação. Fruto do movimento popular “O Petróleo é nosso”, iniciado em 1946, a empresa foi instituída com a aprovação da lei n° 2004, em 1953, pelo governo de Getúlio Vargas. Nascia ali a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), que tirou o Brasil do papel de consumidor passivo de países desenvolvidos, para produtor de derivados, prospector de petróleo em território brasileiro, desenvolvedor de tecnologias e impulsionador da indústria nacional.

Mesmo diante da pressão que as chamadas “sete irmãs” do petróleo (Exxon, Shell, BP, Mobil, Texaco, Gulf e Chevronas) fizeram, influenciando governos e patrocinando políticos que até hoje tentam entregar a empresa ao capital estrangeiro, a companhia resistiu, gerou milhares de empregos, estimulou a indústria e se estabeleceu como uma das maiores empresas de energia do mundo.

Seis décadas se passaram, e a Petrobrás continua sendo a empresa que mais emprega e contribui para a soberania do país, mesmo com os seguidos PIDVs e demissões de terceirizados, que hoje está em menor número do que na era FHC.

A companhia possui um corpo técnico próprio, formado por uma gama de profissionais, das mais diversas áreas, que se especializaram na produção do petróleo do poço ao posto e do poste às nossas casas.

A empresa, que sempre esteve na mira das grandes petrolíferas do mundo, hoje enfrenta seu maior desafio, sendo dirigida por um presidente que sonha em vê-la privatizada, e nas mãos de um governo que se submete aos interesses de países imperialistas, como os EUA, em detrimento do desenvolvimento da sociedade que lutou para que fosse criada.

Em julho, a rede de postos de combustíveis BR Distribuidora deixou de ser controlada pela estatal, que vendeu uma fatia de 30% que detinha na companhia. A empresa reduziu sua participação na subsidiária de 71,25% para 41,25%. Além da BR, a empresa tem perdido grandes e lucrativos ativos, vendidos a preço de três a quatro anos do que lucram, como no caso da Transportadora Associada de Gás (TAG), que em 2016 teve lucro líquido de R$ 7 bilhões e foi vendida por R$ 33 bi. Em 2017, a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), transportadora que tem 2 mil quilômetros de extensão e escoa a produção de gás do pré-sal da Bacia de Santos e Campos, foi vendida por US$ 4,23 bi, tendo lucrado um ano antes R$ 1,8 bilhão. Não contente, após vendê-la a companhia agora paga aluguel para utiliza-la. Não se trata de burrice, como muitos poderiam imaginar, é entreguismo e corrupção.

Para a Petrobrás tudo!
Se a Petrobrás fosse fazer um pedido ao apagar as velinhas do bolo, certamente desejaria engajamento da sociedade em sua defesa.

Como na década de 40, com o movimento popular “O Petróleo é nosso” que ajudou a criar a Petrobrás, ou em 1995, com a grande Greve Nacional dos petroleiros, que impediu a privatização da companhia, o ano de 2019 precisa entrar para história do Brasil como o ano em que a população brasileira foi às ruas para defender a Petrobrás.

Os anos do petróleo como principal fonte de energia do mundo estão contados, porém, como cabe à Petrobrás e tem sido parte de sua função ser uma empresa desenvolvedora de tecnologias, que venham muitos anos e que os próximos sejam voltados a desenvolver e tornar viável para todo o país cada vez mais energia limpa e sustentável!

Petrobrás e suas conquistas para o Brasil
Década de 30 - Em 1936 o petróleo brasileiro já era alvo de disputas internacionais. Cercado por países produtores de petróleo, geólogos estrangeiros se recusavam a admitir que o Brasil também possuísse o “ouro negro”. Nesse período, um dos intelectuais que mais se envolveram e cobrou a exploração do petróleo brasileiro foi o escritor Monteiro Lobato, que chegou a ser preso por criticar o governo de Getúlio por “não perfurar e não deixar que se perfure”. Com a confirmação de poços de petróleo na Bahia, descoberto no bairro de Lobato, em Salvador, em 1939, a pressão para que o governo assumisse o controle das reservas aumentou.

Década de 40 - Em 1948, intelectuais, estudantes, militares, civis, profissionais liberais e políticos encabeçaram uma das maiores mobilizações sociais chamada “O Petróleo é nosso”.

Década de 50 – Getúlio Vargas enviou em 1951 projeto de lei para criar a empresa nacional de petróleo. Em 1953, a lei 2004 foi aprovada, nascendo assim a Petrobrás.

Anos 60 – Até metade dos anos 60 a Petrobrás explorava petróleo em terra. Com a criação do Centro de Pesquisas e desenvolvimento (Cenpes), em 1966, o mar passou a ser o limite. A região nordeste, que hoje sofre com a privatização da Petrobrás, tendo diversas de suas bases colocadas à venda ou simplesmente desmobilizadas, mais uma vez fazia história em 1968 com a descoberta do primeiro campo marítimo de petróleo, no estado de Sergipe.

Anos 70/80 – Em 1973 a Bacia de Campos foi descoberta, revelando um mar de possibilidades. Cobrindo uma área que se estende da cidade de Vitória (ES) até Arraial do Cabo, no litoral norte do Rio de Janeiro, com aproximadamente 100 mil quilômetros quadrados de área, em 1974 a reserva começou a ser explorada. Na década de 80, após a descoberta de campos e todos os estudos e experiências testadas na bacia, tornou a Petrobrás expert em extrair petróleo de águas profundas e ultraprofundas. Dos 7,2 mil barris por dia extraídos inicialmente da Bacia de Campos, a tecnologia desenvolvida pela Petrobrás fez saltar a produção para 1,5 milhões de barris por dia, consolidando a empresa entre as grandes do petróleo.

Anos 2000 e a descoberta do pré-sal – Depois dos anos 90, quando a empresa sofreu perdas de subsidiárias nos governos liberais, tendo 35% de suas ações vendidas na bolsa de valores e perdendo o monopólio do petróleo em 1997, pelo governo Fernando Henrique, ainda assim a Petrobrás avançava. No ano de 2006, graças à tecnologia desenvolvida pela Petrobrás, o Brasil se tornou autossuficiente na produção de petróleo. O ano também revelou a descoberta do pré-sal, e em 2008, a empresa anunciou que a reserva continha óleo leve, de altíssima qualidade e com alto valor comercial. Passados dez anos da descoberta da Bacia de Santos, a área que hoje representa 90% de toda produção nacional do pré-sal, possui 16 plataformas e mais de 150 poços em operação.

Em 2014 a Petrobrás descobriu uma grande quantidade de gás natural, localizados em seis campos na Bacia de Sergipe-Alagoas, de onde se espera extrair 20 milhões de metros cúbicos por dia, o equivalente a um terço da produção total brasileira. A descoberta deve gerar R$ 7 bilhões de receita anual à estatal. Curiosamente, contrariando as expectativas de aumento de lucro da empresa, a gestão Castello Branco quer vender participações de 20% a 35% nos blocos onde tem a concessão desses mega campos de gás.