Greve de petroleiros no Litoral Paulista é suspensa com passeata em Santos

A luta continua!

Os petroleiros do Litoral Paulista decidiram na tarde desta quinta-feira (31), em assembleia na sede e subsede da entidade, suspender a greve iniciada na manhã de quarta-feira (30). Incluindo as votações realizadas previamente nas plataformas de Merluza e Mexilhão, 175 trabalhadores votaram pelo encerramento da greve e 86 pela continuidade. Abstenções somaram 10 votos.

Logo após o fim da assembleia em Santos, os petroleiros se dirigiram às ruas em passeata para gritar 'Fora Parente’ e 'Fora Temer', palavras de ordem que sintetizam as reivindicações pela redução no preço dos combustíveis e por uma Petrobrás a serviço dos brasileiros.

Organizado pela Frente Sindical Classista, o ato reuniu estudantes, trabalhadores de diversas categorias e dirigentes sindicais, que caminharam da sede do Sindicato, na Avenida Conselheiro Nébias, até a Praça das Bandeiras, no Gonzaga. Um ato fundamental e simbólico, pois demonstra que a luta dos petroleiros é uma luta de todos aqueles que defendem um país soberano; e que a suspensão da greve não representa o término da luta.

Por que a greve foi suspensa?
Ao se enfrentar com os interesses das grandes petrolíferas internacionais, todas elas favorecidas pela política de preços de combustíveis de Pedro Parente, a greve petroleira produziu imediatamente uma reação violenta do governo golpista de Temer.

Antes mesmo da deflagração da greve, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) a colocou na ilegalidade e estipulou multa diária de R$ 500 mil, elevada depois para R$ 2 milhões; de imediato, a grande imprensa produziu reportagens anunciando a ilegalidade da greve, tentando jogar a população contra os petroleiros; o Exército ocupou refinarias e outras unidades; e a empresa, por fim, passou a enviar cartas aos grevistas exigindo o imediato retorno ao trabalho, uma prévia do que poderia depois se transformar em punições e demissões políticas.

Em outras palavras, em apenas dois dias a greve demonstrou que Justiça tem lado e não é o dos trabalhadores; que o Exército tem lado e não é o da defesa dos interesses nacionais; que a imprensa tem lado e não é o da imparcialidade.

Não resta dúvidas de que apesar da dureza de todas essas medidas é uma necessidade da categoria enfrentar esses ataques. Sem disposição, coragem e firmeza para resistir à ofensiva do governo não há chance de vitória. Não pode haver dúvidas também de que era possível sim seguir em greve e vencer a truculência do governo e a arbitrariedade do TST. Porém, não menos importante, era necessária também a construção e manutenção de uma forte mobilização nacional. Essa era a base fundamental de nossa luta.

Com o retorno ao trabalho em diversas bases após o indicativo de suspensão da greve pela FUP, este elemento imprescindível foi perdido. Foi diante deste quadro que a maioria dos petroleiros do Litoral Paulista entendeu que não havia mais condições de desenvolver com chances de vitória esta greve. Por isso, decidiram pela suspensão.

As vitórias da greve
Um dos saldos positivos desta justa e necessária greve petroleira foi que conseguimos pautar o tema da privatização da Petrobras, e da política de preços de Parente, num patamar antes nunca atingido.

Hoje, a população sabe quem é Parente e sabe que é preciso tirá-lo da presidência da Petrobras. Pois é Pedro Parente, com a tutela de Temer, o responsável pela sabotagem ao refino brasileiro para beneficiar o mercado internacional. Exportamos óleo cru e importamos derivados, com valor agregado muito maior, por culpa de Pedro Parente, que quer vender nossas refinarias para grupos privados internacionais. É ele o culpado pela alta dos combustíveis e o principal padrinho do projeto entreguista que quer fazer do Brasil um país-colônia.

Esse espaço para enfim dialogarmos com a sociedade só foi conquistado graças aos caminhoneiros. Nada disso seria possível sem eles e a legítima greve que deflagraram contra a disparada dos preços na gasolina e diesel. Nossa unidade, mesmo que breve e por apenas alguns dias, demonstrou de maneira categórica que o trabalhador unido é a arma mais eficaz para combater os poderosos e seus governos de plantão.

Nossa greve também não seria possível sem o apoio fundamental dos estudantes, ativistas sociais e trabalhadores das mais diversas categorias que cercaram nossa luta de solidariedade e apoio ativo. Desde as primeiras horas de quarta-feira (30), cerraram fileiras nos piquetes que organizamos nas unidades da Petrobrás. Nesta quinta-feira (31), quando encerramos a greve, também estiveram ao nosso lado na Assembleia e na passeata. A esses bravos lutadores e lutadoras, nosso profundo agradecimento.

Nossas tarefas
Teremos que tirar as lições deste grande enfrentamento que fizemos contra a privatização da Petrobrás. Sem dúvidas, teremos que nos organizar num patamar muito superior e teremos que nos preparar para a repressão que novamente irá se abater sobre nós. Como vários companheiros disseram, teremos que nos dedicar também a traçar nossas estratégias de luta. Nossos inimigos já demonstraram que estão dispostos a tudo para nos derrotar. E teremos que, mais uma vez, fazer uma luta incansável pelas mentes e corações da sociedade, pois sem o apoio da população a luta se torna muito mais difícil.

Tivemos nas duas assembleias desta greve casa cheia. É assim que deve ser daqui pra frente. Nessas assembleias, tivemos também muitos petroleiros e petroleiras se dirigindo até o microfone para dar sua opinião, apresentar alternativas, se posicionar. É assim que deve ser. E, tivemos nessa greve, petroleiros participando ativamente dos piquetes, conscientizando seus amigos e familiares, ocupando as ruas. É assim que deve ser.

Temos que entender que, desde já, passa a ser nossa tarefa desenvolver essas ações de maneira permanente e com intensidade ainda maior. A luta continua!

- Pela redução do preço dos combustíveis!
- Contra a privatização da Petrobrás!
- Contra a venda das refinarias!
- Contra o plano de equacionamento da Petros!
- Contra o fim da AMS para aposentados!
- Fora Parente!
- Por uma Petrobrás voltada aos interesses do povo brasileiro
- Viva a luta unificada dos trabalhadores!