Por um 8 de março feminista e classista na Petrobrás e no Brasil

No lugar de flores, luta e resistência

Nós, mulheres, somos 17% da Petrobrás. Mas isso não se reflete nem em cargos de chefia na empresa, nem na liderança dos movimentos em defesa da Petrobrás e dos nossos direitos. E, embora muitas vezes sejamos invisibilizadas, somos responsáveis por muitas das conquistas e avanços que essa companhia obteve ao longo dos anos. E fomos responsáveis também, através de muita luta, pelas vitórias que tivemos para construir um espaço mais digno no trabalho. 


A batalha pela aquisição de EPIs femininos, o reconhecimento de que os trabalhos em áreas operacionais não são funções exclusivas de homens, nada disso nos foi dado de graça. Mais recentemente, na última campanha reivindicatória, conquistamos a redução de jornada para a lactante e não nos enganamos: esse direito não é um benefício concedido pelo RH Corporativo espontaneamente. Desde 2013, as petroleiras mães levam seus filhos e filhas às negociações da FNP com a companhia para pressionar os gestores a atender essa reivindicação.

 

O combate à violência obstétrica, que pode ser fortalecido com o parto humanizado, segue pendente. A AMS, por exemplo, não cobre integralmente este serviço e o resultado é que poucas petroleiras possuem condições efetivas de optar por este processo. Mulheres que precisam do direito ao acompanhamento médico de seus filhos recebem apenas um dia de abono por ano, um absurdo. Outras questões relacionadas à saúde da mulher, os riscos ocupacionais que envolvem mulheres grávidas, o próprio assédio moral e sexual que seguem em níveis alarmantes, são lutas mais do que atuais.


No dia a dia sabemos quais são nossas dificuldades. É uma piada machista. É o assédio moral e sexual. É a forma como a indústria do Petróleo e Gás muitas vezes se comporta como se só tivessem homens nela. É o presidente Pedro Parente que nos manda cartinhas solícitas, mas diz que tem como modelo de gestão a AMBEV, uma das campeãs em casos de assédio. 


Entretanto, não é apenas dentro dos muros da Petrobrás que as mulheres sofrem com a ausência de políticas para as suas necessidades.


O ano de 2017 tem sido marcado por um profundo avanço das políticas de austeridade, ou seja, de retirada de direitos históricos em todo o Mundo. O objetivo é claro: aumentar o nível de exploração para preservar e, muitas vezes, elevar as taxas de lucro em meio à crise. Essas medidas afetam, especialmente, as trabalhadoras e setores mais oprimidos. 


As mulheres são o setor que, na crise ou na prosperidade, mais sofre com a exploração e a opressão. A violência é maior se são negras, lésbicas, bissexuais, transexuais ou travestis, ou se não se enquadrarem no modelo feminino imposto. As mulheres estão nos postos mais precarizados de trabalho e recebem, em média, 75% do rendimento dos homens, e menos de 60% para as mulheres negras. Além disso, ainda recaem sobre elas o trabalho doméstico, o cuidar das crianças, das pessoas idosas ou doentes. Esses trabalhos, não pagos e invisíveis, são fundamentais para o grande capital, que não precisa investir na reprodução e manutenção de sua mão de obra.

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