A mentira como expediente da Petrobrás contra os trabalhadores em greve

Práticas antissindicais

Foram dois dias de greve no Litoral Paulista. Sábado e domingo, em pleno fim de semana de Natal. Mas nem mesmo a data cristã foi suficiente para impedir a companhia de usar todo tipo de expediente para minar a confiança dos trabalhadores, fragilizar a greve e tentar jogar a categoria contra o Sindicato.

Na RPBC, por exemplo, supervisores promoveram um verdadeiro assédio contra os trabalhadores que permaneceram na unidade por quase 48 horas. Boatos sobre uma suposta multa de R$ 500 mil contra o Sindicato, atualização minuto a minuto de bases que supostamente haviam se desmobilizado, ameaças de que a saída dos trabalhadores, garantida pela Lei de Greve e pelas medidas tomadas pelo Sindicato, seria configurada como abandono de emprego.

Na UTGCA, em Caraguatatuba, não foi diferente. O terrorismo contra os trabalhadores da unidade se concentrou no suposto descumprimento de prazos por parte do sindicato. Ventilando essa informação falsa, chefes tentaram a todo custo colocar a categoria contra a entidade sindical.

A empresa, conscientemente, omitiu o fato de que estamos em Estado de Greve há mais de dois meses, omitiu o fato de que todos os prazos e documentos necessários para a legalidade do movimento grevista foram cumpridos. No entanto, ainda que a empresa estivesse correta, não caberia a ela utilizar essas informações como arma política para enfraquecer a greve. Bastava, neste caso, procurar o Judiciário para que se pronunciasse sobre a legalidade ou não da greve, sobre um possível descumprimento de prazos.

Essas 48 horas de greve nos deixam muitas lições. Não confiar no inimigo é talvez uma das principais delas. Reconhecer em quem podemos confiar, duvidar do que é dito por supervisores e gerentes é fundamental para manter a unidade e coesão do movimento.

A campanha reivindicatória não terminou e novas mobilizações não estão descartadas caso a companhia insista em propor retirada de direitos e aumento parcelado, abaixo da inflação. Por isso, uma tarefa primordial em nossas mobilizações é estabelecer contato permanente e exclusivo dos trabalhadores com a entidade sindical e o seu corpo jurídico.

A Petrobrás demonstrou, mais uma vez, que não hesitará em mentir e distorcer informações para enfraquecer a luta dos trabalhadores, para impor medo à categoria, para persuadi-los a não aderir à greve. Nenhuma confiança nos chefes, confiar em nós mesmos e em nossa união para avançar!