mobilizações pressionam Petrobrás e forçam recuo na retirada de direitos

categoria avalia 4ª proposta


Os petroleiros do Litoral Paulista têm compromisso marcado com o Sindicato nesta quinta-feira (8): uma nova assembleia do ACT, com 1ª chamada às 17h30 e 2ª chamada às 18 horas, na sede e sub-sede da entidade, além das plataformas de Merluza e Mexilhão.


A intensificação das mobilizações, que passaram de atrasos esporádicos para paralisações diárias em todas unidades com corte de rendição nos turnos, surtiu efeito e fez a empresa tirar alguns bodes da sala. Após três propostas recheadas de ataques e retrocessos, finalmente a companhia apresentou um recuo parcial na quarta proposta – entregue no dia 29 de novembro à FNP. O principal deles foi a desistência de tentar impor a redução das horas extras de 100% para 50%.


Outro ponto que a empresa acabou cedendo, fruto da pressão e insatisfação da categoria, foi em relação à migração do auxílio almoço para o vale alimentação. Na terceira proposta, essa transferência era obrigatória.
FNP e Sindipetro-LP indicam rejeição da proposta.


Valorizamos o que as mobilizações já nos garantiram, mas defendemos que a categoria rejeite a quarta proposta da empresa. Este é o indicativo da FNP e do Sindipetro-LP. Se por um lado é verdade que Pedro Parente foi obrigado a desistir de alguns ataques, por outro segue tentando impor a redução da jornada com redução salarial, assim como reajuste abaixo da inflação.


A proposta de 6% a partir de setembro e mais 2,8% a partir de fevereiro é uma ofensa aos trabalhadores, que seguem garantido números formidáveis de produção à Petrobrás. Fruto do processo de repactuação do plano Petros, a empresa vem ano a ano usando o IPCA como índice oficial nas negociações. Por que agora, unilateralmente, se sente no direito de abandonar esse critério para negar o mínimo aos seus trabalhadores (a reposição da inflação)?


Em relação à redução da jornada com redução salarial, o verniz “democrático” deste regime ao se intitular “opcional” não leva em consideração o assédio moral que os gerentes exercem sobre os petroleiros que trabalham em horário flexível. Certamente, metas serão estipuladas para que todos os setores recrutem o maior número possível de empregados. Esse cenário se agrava por não existir nenhum regramento no ACT de como será implantando esse regime, abrindo brecha para abusos.


Neste momento, a pressa está do outro lado da trincheira. As liminares que vêm suspendendo a venda de ativos importantes, somadas a uma vitória da categoria no ACT, seria um verdadeiro pesadelo para Parente e seus objetivos privatistas sobre a companhia. Por isso, ele quer e precisa mostrar serviço ao governo ilegítimo de Temer e ao mercado financeiro. E parte disso é encerrar o ACT o quanto antes. Para ele, é fundamental demonstrar aos acionistas que o desmonte da Petrobrás segue de vento em polpa – seja na venda de ativos, seja na imposição de ataques que terão efeito sobre a categoria por muitos anos.


Por fim, não devemos encarar como uma vitória permanente a preservação das horas extras em 100%. O recado da Petrobrás é claro ao tentar empurrar para um GT a resolução deste tema: “não desistimos, vamos lançar uma nova ofensiva para destruir esse direito!” Este é o recado. Devemos estar preparados para resistir!


De nossa parte, agora sim se iniciam as negociações. Afinal, o que a direção da companhia apresenta como avanço é simplesmente a manutenção de direitos conquistados em lutas, em acordos anteriores. É possível avançar, é possível vencer. Com uma mobilização de fato nacional, de fato unificada, a empresa será obrigada a dar mais alguns passos atrás.