As "coincidências" dos ataques sofridos por petroleiros e bancários da Caixa

Ajuste fiscal

Como todos sabem, e sentem na pele, vivemos uma forte crise política e social no país que atinge com bastante força os trabalhadores. E, ao contrário do que tentam nos dizer os governos e empresários que financiam suas campanhas, não se trata de um período de vacas magras para todos, um aperto de cintos necessário de toda a sociedade brasileira.

Pelo contrário, os maiores prejudicados por uma crise que sequer produziram são os trabalhadores - muitos deles hoje, infelizmente, inseridos na assustadora taxa de 10% de desempregados no país.

Tais fatos reforçam um aspecto dessa crise: as medidas anunciadas até aqui como resposta são ataques ao conjunto dos trabalhadores brasileiros, sem nenhuma categoria imune à avalanche de retirada de direitos e precarização das condições de trabalho.

No caso dos bancários da Caixa e dos petroleiros salta aos olhos as muitas semelhanças nos ataques sofridos. Seja a reestruturação da Caixa, orquestrada pela presidente Miriam Belchior, seja a restruturação da Petrobrás, aplicada pelo presidente Aldemir Bendine, ambas apresentam como principal característica a instabilidade no emprego e a piora nas condições de trabalho.

A Petrobrás, com 51% de suas ações nas mãos do governo Dilma, e a Caixa, ainda uma empresa estatal, estão vivendo hoje uma série de mudanças e transformações que se inserem no chamado ajuste fiscal do governo para superar a crise.

A situação da Caixa
Os sindicatos dos bancários denunciam, por exemplo, que o programa Caixa Mais Forte aumenta a pressão e a cobrança por metas nas agências. "Depois, com uma reestruturação nada transparente, cria-se enorme insegurança nos trabalhadores das áreas-meio, que não possuem condições e não desejam ir para agências, onde o assédio moral tem se intensificado”, afirma em nota o Sindicato dos Bancários de Santos e Região.  

O Caixa Mais Forte enfraquece a instituição ao impor uma cobrança sobrenatural, fora do comum, que massacra o bancário da agência e afasta a Caixa do seu papel como banco público. Em paralelo, a direção aplica uma reestruturação que cria insegurança generalizada nos empregados das áreas-meio, que não se sentem confortáveis com a possibilidade de cair no caldeirão fervente em que foram transformadas as agências. É óbvio que este duplo terror não trará bons resultados.

Recentemente foi promovido um "rodízio" entre todas as superintendências. Com isso, observa-se um aumento significativo das denúncias de assédio moral. Colocam pessoas novas para aumentar a pressão.

A situação da Petrobrás
No caso da Petrobrás, além das mais de 170 mil demissões desde 2013, em sua maioria terceirizados, vivemos hoje um cenário em que os petroleiros têm sua PLR negada pela direção da companhia, que em contrapartida oferece um plano de demissão voluntária com a ambição de demitir ao menos 12 mil trabalhadores. É uma forma de deixar a companhia cada vez mais próxima da estrutura de outras petrolíferas privadas, reforçando ainda mais o processo de privatização iniciado nos governos de FHC e mantidos, ao longo desses 13 anos, nos governos do PT.

A venda de ativos, colocando em leilão patrimônios valiosos como BR Distribuidora, Transpetro e Gaspetro, também vem acompanhada da piora nas condições de trabalho com a busca por redução de custo a qualquer custo. A insegurança nas unidades operacionais é muito grande e o plano de demissão deve agravar ainda mais esse cenário, uma vez que não há qualquer perspectiva de reposição do quadro de operadores a ser perdido com o PDV. Por fim, cabe ainda ressaltar o ataque ao pré-sal, aplicado através do projeto de lei 131 do senador José Serra (PSDB), que após acordo com o governo Dilma (PT) foi aprovado no Senado e agora está em discussão na Câmara dos Deputados

A saída é coletiva, sigamos o exemplo da greve geral no RJ
Não existe a rigor nenhuma coincidência nos ataques sofridos pelos bancários da Caixa e pelos petroleiros. Trata-se de medidas articuladas pelo governo federal que são parte do ajuste fiscal que visa preservar os negócios de banqueiros e grandes empresários à custa do suor e do sofrimento dos trabalhadores.

Por isso, é urgente que as lutas enfrentadas pelas mais diversas categorias sejam unificadas em uma grande mobilização nacional! O funcionalismo público do Rio de Janeiro, que realiza uma grande greve geral estadual, e a juventude e trabalhadores franceses ocupando as ruas e parando as fábricas mostram o caminho! A necessidade da luta está colocada, cabe a nós realizar essa mobilização.