Política de desmonte da Petrobrás chega aos campos terrestres

Privatização

Mais uma vez, a gerência da Petrobrás demonstra que o Plano de Desinvestimento da estatal avança a pleno vapor. Nem mesmo o desgaste do acordo entre o governo Dilma e Serra para aprovar PLS 131, que entrega o pré-sal às multinacionais, fez o governo e a direção da empresa recuar no plano que visa arrecadar U$ 14,1 bilhão até o final do ano.

Na última quarta-feira (02/03), a diretoria executiva aprovou o início do processo de cessão dos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural de um conjunto de campos terrestres no Nordeste e Sudeste.

Não foi divulgada a quantidade de locais que serão vendidos, mas é de conhecimento geral que o conjunto de campos terrestres estão localizados em Sergipe, na Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Espírito Santo.

Para se ter uma ideia dos impactos negativos dessa venda, em Sergipe existem quatro campos ameaçados: Siririzinho, Riachuelo, Mato Grosso e Castanhal. No total, são 1.500 petroleiros próprios e 5 mil terceirizados que sofrerão com as medidas da alta cúpula da estatal. É certo que no caso dos petroleiros terceirizados o mais provável é de que, infelizmente, se juntem aos mais de 130 mil terceirizados demitidos desde dezembro de 2013. Foi neste período, aliás, que começou o processo mais incisivo de desmonte de todo o sistema Petrobrás – usado pela direção da empresa como resposta à crise e aos escândalos da Operação Lava Jato.

A política de venda de ativos, através do Plano de Negócios e Gestão (PNG), é a estratégia adotada pelo governo para “tirar” a companhia da crise, mas o que ela promove na prática é a privatização da maior empresa do país a troco de banana. Quem está pagando a conta por tudo isso é o trabalhador e o povo pobre. E isso é inadmissível.

Nós, do Sindipetro-LP, somos totalmente contra essa privatização cada vez menos velada. Foi contra esta política, que incluiu em nossa campanha reivindicatória a tentativa de retirada de direitos, que fizemos uma greve histórica de 23 dias no ano passado.

A alternativa para a crise da companhia não é entregar ativos e privatizá-la ainda mais, mas sim resgatar o seu caráter público e estatal, com o resgate de uma Petrobrás 100% Estatal, sob controle dos trabalhadores e a serviço do povo brasileiro.

Por isso, apoiamos os companheiros do Nordeste e Espírito Santo na luta contra os campos terrestres e não pouparemos esforços para reverter esse quadro tenebroso. Juntos, somos mais fortes!

Em tempo - neste sábado, o Sindipetro Bahia divulgou nota sobre reunião entre os Sindipetros BA, ES, RN e AL/SE para debater o tema. Abaixo, nota na íntegra:

“Na manhã de sábado, 05, diretores dos sindicatos petroleiros da Bahia, Sergipe/Alagoas, Ceará/Piauí, Rio Grande do Norte e Espírito do Santo, se reuniram no auditório do Sindipetro Bahia, para traçar estratégias e ações conjuntas que possam vir a garantir a manutenção dos campos terrestres nesses estados, barrando o processo de privatização anunciado pela Petrobrás. Uma vasta agenda de mobilizações será colocada em prática, envolvendo a categoria, parlamentares, movimentos sociais e a sociedade organizada. O consenso é de que a decisão da Petrobrás cria sérios problemas para os trabalhadores e os municípios situados nos entornos das regiões petrolíferas. Para os sindicatos essa é a pior direção que a Petrobrás já teve e o interesse da maioria de seus gestores é a privatização da empresa. No entanto, os diretores ressaltam que somente com enfrentamento será possível reverter ou minimizar a decisão da estatal. Vamos à luta!”