Movimentos celebram o dia da Consciência Negra em Santos

No feriado da Consciência Negra, um ato simbólico no Ginásio Dale Coutinho, na Zona Noroeste, insistiu na lembrança de que a ditadura contra os negros periféricos ainda não acabou. O ato fez parte do programação da 91ª Caravana da Anistia do Ministério da Justiça, que esteve em Santos para julgar requerimentos de anistia de trabalhadores perseguidos pela ditadura militar. A atividade contou com o apoio do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista.

A ação contou com uma roda de conversa aberta ao público entre representantes da Comissão da Anistia, da organização Mães de Maio e da Marcha da Periferia. Aproximadamente 60 pessoas acompanharam o debate, que discursou sobre as dificuldades enfrentadas pela população negra e periférica nos dias atuais e a importância da preservação da memória – tanto da escravidão quanto das violências cometidas durante o regime militar.

Em sua fala, Débora Maria da Silva, do movimento Mães de Maio, que reúne familiares de vítimas de violência do Estado, reforçou a importância do ato como forma de mesclar passado e presente. “A escravidão não acabou: ela foi assinada a lápis, qualquer um apaga. Hoje o negro ainda é explorado. Nossa luta é por uma carta de alforria, que virá com a existência de um país mais justo e igualitário”.

Débora destacou também o simbolismo do ato acontecer no Ginásio Dale Coutinho, na periferia de Santos. “Aqui o braço armado do governo está presente, mas as políticas sociais não. Um ginásio como esse é um lugar onde de dia se plantam sonhos e de noite os nossos jovens são assassinados no entorno. Precisamos de um basta!”.

Para Claudinei do Nascimento, vice-presidente da Comissão da Anistia, relatos como o de Débora reforçam a necessidade do trabalho contínuo contra a opressão. ”Apesar de vivermos em um país democrático, ainda temos a herança do período ditatorial. Instituições como as ‘Mães de Maio’ são simbólicas mesmo na democracia, pois os atos de violência ainda estão enraizados na cultura do nosso País”, afirmou.

Após a roda de conversa aconteceram intervenções artísticas e apresentações teatrais desenvolvidas pela comunidade local. O ato foi finalizado com a Marcha da Periferia, que percorreu as ruas da cidade pela memória de Zumbi dos Palmares, sua mãe Dandara e todas as pessoas que lutaram contra o Racismo.

Com informações do Diário do Litoral