FNP indica aos sindicatos nova rodada de assembleias e suspensão da greve

ACT

Diante do novo cenário desta sexta-feira (20), com a aprovação do fim da greve no Norte Fluminense nas assembleias realizadas nesta manhã, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) indica aos seus sindicatos a realização de novas assembleias com o indicativo de suspensão do movimento, com a manutenção do estado de greve.

Na noite de ontem (19), com as cinco bases da FNP e as duas bases da FUP em greve, entendíamos que ainda era possível arrancar uma proposta melhor da Companhia, sobretudo o abono dos dias parados e a garantia de nenhuma punição. Os resultados das assembleias realizadas na tarde de ontem em nossos sindicatos apontavam corretamente neste sentido: por ampla maioria de votos, Litoral Paulista e Alagoas/Sergipe aprovaram a continuidade da luta, fechando a noite de quinta-feira com os cinco sindicato da FNP em greve.

Entretanto, diante deste novo quadro, a FNP entende que o poder de mobilização da categoria está muito prejudicado. Neste momento, seria um erro sacrificar as bases ainda em luta com o indicativo de continuidade da greve. A intransigência da direção da Petrobrás e do governo Dilma (acionista majoritário da Companhia), por um lado, e a postura equivocada da FUP, por outro, que nos últimos dias atuou deliberadamente para desmontar a greve, impediu que a categoria tivesse novos avanços.

Um breve balanço
Em primeiro lugar, devemos deixar algo muito claro: a greve da categoria é histórica e vitoriosa!Nossa mobilização dobrou a Companhia. Conseguimos assegurar a manutenção de direitos históricos, barrando os planos do Governo Federal e da Direção da empresa de rebaixar nossos direitos dentro da lógica do PNG. Além disso, ajudamos a levar a bandeira em defesa da Petrobrás e contra a venda de ativos para fora dos muros da empresa – luta que antes da greve estava completamente invisível.

Corretamente, não alimentamos o equívoco de separar as pautas econômicas e política. Ao contrário do defendido pela FUP, com a Pauta pelo Brasil, durante toda a campanha alertamos a categoria para o fato de que as batalhas contra o retrocesso em nossos direitos e a venda de ativos eram uma luta só. Em outras palavras, lutar por um ACT digno era ao mesmo tempo fortalecer a luta contra a privatização. À revelia da orientação da FUP, que dizia aos quatro ventos que não iria lutar pelo ACT, a unidade da categoria em greve impediu o retrocesso.

Cumpre ressaltar também que inviabilizamos o velho teatro da FUP com a Companhia, pois o início da greve a partir das bases da FNP obrigou os dirigentes fupistas a entrar numa luta a contragosto. Infelizmente, quando a mobilização apresentava o seu estágio mais forte, amadurecida, a FUP indicou a aprovação da proposta. Desde então, seja através de manobras nas assembleias, censura aos ativistas que apresentavam opiniões diferentes, terrorismo para acabar com a greve na base do medo, os dirigentes desta federação atuaram sistematicamente pelo desmonte da mobilização.

Mas nada disso passou impune. Acompanhamos uma verdadeira rebelião de importantes bases contra suas próprias direções. Mesmo nos sindicatos onde a proposta foi aprovada na primeira rodada de assembleias, o sentimento de repúdio e de traição entre os trabalhadores era enorme. Está cada vez mai claro para a categoria que existem dois projetos sindicais: o proposto pela FNP e seus sindicatos, independente e autônomo da gestão da empresa e do governo, comprometido com os direitos dos petroleiros; e o da FUP, governista, e, infelizmente, sem compromisso com a categoria. A vitória dos petroleiros nas próximas lutas passa necessariamente por esse debate. Por isso, uma das tarefas de todos os petroleiros e petroleiras insatisfeitos com suas direções é o fortalecimento das oposições identificadas com a FNP, é a construção de um sindicalismo combativo em todas as bases petroleiras. Iremos estimular e dar total apoio a este processo!

A luta continua!
Completamos nesta sexta-feira, nas bases da FNP, 23 dias de greve. Todos os petroleiros e petroleiras estão de parabéns. A categoria retomou o seu papel de vanguarda dentro do movimento operário brasileiro e protagonizou uma luta muito justa. Não apenas por seus direitos, mas pelo futuro do país.

Em nossa opinião, a aprovação do estado de greve é importantíssimo. Em primeiro lugar, para garantir que a categoria esteja alerta a qualquer movimentação da empresa sobre possíveis punições. Não aceitaremos qualquer retaliação da companhia. Em segundo lugar, para garantir a continuidade da luta pelo abono dos dias parados.

Por fim, ressaltamos que a luta em defesa de uma Petrobrás 100% Estatal, contra a venda de ativos por Bendine e Dilma, não acaba aqui. Pelo contrário, é uma luta que deve ser abraçada por toda a população brasileira, por todo o movimento sindical, pelos movimentos sociais, movimento estudantil, enfim, é uma luta permanente e de todos aqueles que defendem a soberania do país.

A greve protagonizada pela categoria é uma batalha, um importante capítulo, de uma guerra muito maior: o que está em jogo não são apenas nossos direitos e a Petrobrás: o que está em jogo é o futuro do país. Todos os petroleiros estão de parabéns! A luta continua!