Litoral Paulista decide por ampla maioria continuar em greve

Assembleia

Em uma assembleia que lotou a sede e sub-sede do Sindicato, com mais de 600 petroleiros, o Litoral Paulista decidiu nesta segunda-feira (16) pela continuidade da greve. O lema ‘Em defesa da Petrobrás, nenhum direito a menos’ segue mais forte do que nunca. Com esta decisão, esta terça-feira (17) marcará o vigésimo dia de greve nas bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

E não se trata de uma enorme vitória apenas por marcar a aprovação da continuidade da luta por uma grande maioria de votos. Quem esteve na assembleia é testemunha do enorme clima de confiança, solidariedade e união da categoria. Os poucos pelegos que ousaram aparecer na assembleia, escondidos nas últimas fileiras, tiveram de abandonar o Sindicato diante do enorme repúdio da categoria àqueles que não contribuem com a causa coletiva. “Aqueles que não estão em greve, que não seguem a deliberação de assembleia, não sei o que estão fazendo aqui. Sinceramente. Esses podem ir embora, podem ir embora”,afirmou Rafael Goes, diretor do Sindipetro-LP, durante fala que foi seguida de uma longa salva de palmas.

Impossível não citar também a enorme revolta com a decisão da FUP em indicar a aceitação de uma proposta com desconto dos dias parados e brechas para punições. Mais ainda, indignação com o desmonte de uma greve que tem sido responsável pelos avanços conquistados até aqui. “Por que a FUP nos traiu? Porque é safada, vendida, tem compromisso com o Governo, usa a categoria como moeda de troca. Eu não acreditava nisso, sou novo de casa, aprendi na pele”, afirmou Aleksei, técnico de operação da RPBC, que é borracho.

Por outro lado, o que prevaleceu mesmo foi o sentimento de orgulho e admiração por todos os petroleiros e petroleiras que rejeitaram o indicativo de suas direções de suspender a greve, permanecendo corajosamente na luta. “O que a gente fez nos últimos dias nunca se viu nessa categoria. A gente viu uma traição, que já ocorre há vários anos, ser derrubada pela própria categoria. Isso aconteceu no Norte Fluminense, de lavada, no Espírito Santo, também uma lavada, e isso demonstra que a categoria consegue se mobilizar. Não tem pelego, não tem direção pelega que consiga reverter isso. Vivemos um momento único e nesse momento temos que ter muita força pra continuar firme nessa greve”, afirmou Rafael Goes. Em sua intervenção, Anderson Mancuso, petroleiro do Edisa Valongo, fez questão de ressaltar: “há 19 dias dias, desde 29 de outubro, estamos construindo a nossa primavera petroleira. Nesses 19 dias de greve, homens e mulheres se colocaram em luta. Desde 1995 a gente não via um movimento igual a esse, com ativa participação da base”.

Bravos guerreiros e guerreiras, estamos fazendo história. Tamô junto!

Quinta-feira (19), assembleia para deliberar sobre proposta da empresa
Para garantir a análise minuciosa da proposta da companhia e a presença dos companheiros aposentados e pensionistas (uma condição estatutária de nossa entidade), a assembleia para avaliação do que a Petrobrás propõe para o ACT está marcada para esta quinta-feira (19), na sede (Santos) e sub-sede (São Sebastião). A primeira chamada será às 17h30 e a segunda chamada às 18 horas.

O Departamento Jurídico do Sindicato analisou as propostas da companhia, verificando cada cláusula e texto que alteram a interpretação e que pode prejudicar o trabalhador (veja análise completa aqui). Também, de forma mais específica, apontamos a análise de cláusulas que tiveram suas numerações modificadas, com algumas alterações nas redações, mas que continuam na proposta do ACT. Dessa forma, garantimos que a categoria tome sua decisão com todos os itens detalhadamente avaliados por nossos advogados.

Vale lembrar o acerto da análise, uma vez que na última sexta-feira (13) a Companhia fez a lambança de enviar o documento com erros na parte da manhã, reenviando o que considera a minuta correta apenas à noite. Enquanto isso, lamentavelmente assembleias já estavam sendo realizadas às pressas nas bases da FUP.

É muito importante que, mais uma vez, a categoria faça valer sua vontade e construa uma assembleia representativa. Juntos, somos mais fortes!