Nossa greve é para que a Petrobrás de hoje não seja a Usiminas de amanhã

Privatização

Há 13 dias em greve, petroleiros participarão nesta quarta-feira (11) do ato em frente à Prefeitura de Cubatão, às 11 horas, em defesa dos mais de quatro mil trabalhadores que entrarão na estatística de desempregados se for mantida a decisão da Usiminas de paralisar a produção de placas de aço.

A mobilização será a partir de 6h30 na RPBC (na barraca da greve). Todos os apoiadores, piqueteiros da Refinaria, os Grupos de Apoio (Alemoa, Edisa, RPBC, Plataformas) devem comparecer a esta mobilização. Vamos reforçar os piquetes na RPBC e caminhar em passeata até a Prefeitura de Cubatão contra as demissões na Usiminas. Esta empresa foi privatizada e não queremos que este seja o futuro dos trabalhadores da Gaspetro, da BR e de todos nós do Sistema Petrobrás. É um ato de solidariedade e uma oportunidade de denunciarmos as consequências danosas da privatização. Ao tentar retirar direitos e desmontar a empresa, com a venda de ativos, a direção da Companhia segue uma cartilha privatizante. Orientamos que usem as camisas laranjas da Petrobrás. No total, mais de 60 entidades integram a convocação do ato.

A iminente demissão de 4 mil trabalhadores com o fim das atividades de áreas primárias da Usiminas deve servir de exemplo aos petroleiros. A greve da categoria, que nesta terça-feira (10) completa 13 dias, é justamente para que a nossa Companhia não siga os passos daquela que já foi a empresa que mais empregos gerou na região.

Muito triste olhar para trás e lembrar que em 1953, quando foi criada a Cosipa como empresa estatal, ela tinha por objetivo desenvolver o país, e não gerar lucro para acionistas. Na década de 1970, com o alto forno em operação, chegou a atingir uma produção de 3 milhões e 500 mil toneladas de aço.

O desmonte da Usiminas é uma tragédia anunciada e tem caminhado a passos largos, desde que a Cosipa foi privatizada em 1993. No auge, a empresa empregava 13.500 trabalhadores próprios, dos quais restaram 4.500. A partir da privatização, diversos setores da companhia foram parar nas mãos de empresas contratadas. Dos 18 mil empregados terceirizados antes da privatização, restaram cerca de seis mil, número que deve ser reduzido a menos da metade com os cortes previstos. Com a política de salários baixos, falta de segurança e a prática de alta rotatividade de pessoal para achatar os salários, o Grupo Usiminas teve anos de lucros milionários, até este ano, quando anunciaram prejuízo de mais de R$ 100 milhões.

Aliás, apresentar um quadro de crise nas empresas virou carta na manga da patronal para realizar demissões em massa e aumentar a lucratividade dos grupos financeiros. O prejuízo da Usiminas, segundo a imprensa especializada em economia, deve-se a uma manipulação contábil, chamada pelo mercado de impairment, que aponta as distorções entre valores reais de ativos e sua projeção no mercado, sempre desfavoráveis e suscetíveis a fatores externos, como alta do dólar e queda da indústria. Considerando o lançamento de créditos fiscais no valor líquido de R$ 319,4 milhões e a “adequação” ao mercado, o lucro líquido da Usiminas teria chegado a R$ 382,8 milhões de abril a junho, mais que o triplo de um ano antes.

Testemunhas da época da privatização da Cosipa lembram o quanto o Governo Federal investiu na siderúrgica para logo depois vendê-la, sem considerar o que foi investido, mais uma vez beneficiando os grupos investidores (falar aqui de como se privatizou).

Para quem acompanha as notícias, a Petrobrás injetou bilhões no Plano de Aceleração do Crescimento (Pac), com construções de cinco refinarias, das quais apenas duas tem previsão de serem concluídas, enquanto as restantes tiveram as obras suspensas, causando imediatamente mais de 100 mil demissões.

Também houve investimentos em termoelétricas, cujos empreendimentos foram responsáveis pelo fornecimento de energia ao país no período de estiagem, e que hoje também estão na fila da venda de ativos da empresa.

Assim como a Usiminas, a Petrobrás apresentou relatórios comprovando a crise na empresa, pouco antes de indicar o Plano de Negócios e Gestão para arrecadar cerca de US$ 57 bilhões com a venda de ativos da companhia. Apontam-se os prejuízos, muitos deles fabricados, e quem paga a conta são os petroleiros diretos e terceirizados, com perda de emprego e direitos, e a sociedade brasileira, com o desmonte da Companhia.

Para os que defendem a venda da Petrobrás, exemplos como a Usiminas, Vale, Sabesp e um sem fim de empresas que passaram do Estado para a iniciativa privada comprovam que privatizar é vantajoso para os grande empresários, não para a população.

Lutar em defesa dos empregos da Usiminas e da Petrobrás 
Mais do que nunca, se faz necessária a luta de toda classe trabalhadora em defesa dos empregos da Usiminas e do maior patrimônio deste país, a Petrobrás. Neste momento, reforçamos o apelo a todos os trabalhadores petroleiros que fortaleçam a greve. A privatização não poupa ninguém. Antes de ser vendida, a Usiminas empregava cerca de dois mil engenheiros. Do total, restaram apenas 300.

Ato em defesa dos empregos na Usiminas
Fortalecemos o movimento em defesa da manutenção dos empregos na Usiminas. E que a luta que esses pais e mães de família travam agora sirva de exemplo à luta em defesa da Petrobrás. Os petroleiros direto de hoje podem ser os terceirizados de amanhã, hoje em condições precárias de trabalho ou, pior, demitidos.

A concentração das entidades sindicais para o ato desta quarta-feira, dia 11, começa às 5h30, em frente à Usiminas, de onde a comitiva partirá até a Prefeitura, às 11h, quando se juntam ao protestos servidores municipais, dispensados mais cedo de suas funções para participarem do ato.

Juntos, somos mais fortes!