Governo aprofunda privatização da Petrobrás com venda de 49% da Gaspetro

Desinvestimento

Na última segunda-feira (28), a Petrobrás concluiu a venda de 49% da Gaspetro para a multinacional japonesa Mitsiu. Isso representa, pelas mãos do governo Dilma (PT), a entrega de quase metade dos ativos da empresa para a iniciativa privada. Mais ainda, a manutenção do processo de privatização de um dos maiores patrimônios do país.

A política de venda de ativos, através do Plano de Negócios e Gestão (PNG), é a estratégia adotada pelo governo para “tirar” a companhia da crise. Crise, admitida pela própria direção da empresa, entre outros motivos pelos escândalos de corrupção envolvendo empresários e políticos de diversos partidos.

No entanto, ironicamente a Mitsui é uma das várias empresas investigadas por possíveis desvios de recursos em contratos com a companhia petrolífera. A venda de ativos da Petrobrás à iniciativa privada e às empresas multinacionais só aprofunda o clico vicioso de corrupção que tem manchado o nome da Petrobrás, que é a maior empresa no Brasil. Basta lembrar que uma das principais portas de entrada da corrupção na empresa foi justamente a terceirização – que já existia nos governos do PSDB, aprofundada nas gestões de Lula e Dilma.

Por isso, a alternativa para a crise da companhia não é entregar ativos e privatizá-la ainda mais, mas sim resgatar o seu caráter público e estatal, com o resgate de uma Petrobrás 100% Estatal, sob controle dos trabalhadores e a serviço do povo brasileiro. A venda é tão criminosa que a Justiça da Bahia chegou a cancelar a venda da Gaspetro em novembro desse ano. O juiz da 5ª Vara de Fazenda Pública da Bahia, Manoel Ricardo Calheiros D’avila, argumentou à época que a operação “tem evidente potencial para redefinir e a pouco reduzir o poder de controle do Estado da Bahia na Bahiagás”. “É assim justificável o receio do controlador”, diz a decisão do juiz. A Bahiagás é estadual, mas tem ações em poder da Gaspetro e da Mitsui.

Contra esse desmonte da empresa, os petroleiros fizeram uma greve histórica, que durou mais de 20 dias, neste ano de 2015, denunciando essa política e exigindo entre as diversas reivindicações o cancelamento do desinvestimento e da retirada de direitos, duas facetas de um mesmo projeto: tornar a companhia mais atrativa ao mercado financeiro.

Neste sentido, cabe lembrar o papel nefasto desempenhado pela FUP, que desmontou a greve em seu estágio mais maduro com o argumento de que o Grupo de Trabalho proposto para discutir a venda de ativos era uma grande vitória. Como apontou corretamente a FNP durante a greve, em meio à traição dos dirigentes fupistas, o que poderia garantir mais condições para enfrentar a venda de ativos era a continuidade da mobilização e não a aposta em negociações esvaziadas com a empresa.

A venda de quase metade da Gaspetro demonstra que o ano de 2016 será, novamente, de novos ataques aos petroleiros e ao conjunto dos trabalhadores. E, mais uma vez, caberá aos petroleiros e demais trabalhadores apostarem na luta para resistir e derrotar a privatização da Petrobrás.

Com informações da CSP-Conlutas