Chantagem da Petrobrás em negociação não irá desmobilizar a categoria

A Petrobrás divulgou há algumas horas um comunicado para a categoria tentando justificar a decisão de suspender a negociação com a FNP nesta sexta-feira (30). De forma unilateral, a empresa interrompeu a reunião que tratava das cláusulas sobre salários, vantagens e condições de trabalho.

Em resumo, a empresa alega que os sindicatos da FNP “vêm impedindo acesso às unidades” na greve realizada desde ontem (29) e como exemplo cita que “houve o registro de bloqueio de caminhões de carga na Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), no Estado de São Paulo”.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que em nenhum momento os dirigentes sindicais do Sindipetro-LP fizeram uso de qualquer instrumento que não seja o convencimento e o diálogo com a categoria e demais trabalhadores para garantir a greve na unidade. Neste sentido, lamentamos que mais uma vez a companhia tente atribuir aos trabalhadores o carimbo de intransigentes ou, pior ainda, truculentos.

Aliás, quando os assuntos são intransigência e truculência a Petrobrás tem se demonstrado uma especialista. Intransigente, pois desdenha das reivindicações da categoria – apresentadas pela FNP em 20 de agosto – e por meses insistiu em um formato de negociação rejeitado por toda a categoria nas assembleias. Truculenta, pois vem tratando o direito legítimo de greve da categoria como caso de polícia. Para ficar em apenas alguns exemplos, podemos citar as prisões de dois dirigentes sindicais no Litoral Paulista, o confinamento forçado de um diretor do Sindipetro-SJC, o cárcere privado de trabalhadores em greve, à revelia de decisões judiciais; os casos sucessivos de assédio moral e perseguição àqueles que lutam. De repente, lutar por nossos direitos e por uma Petrobrás 100% virou crime.

Para nós, não há dúvidas de que a suspensão da negociação pela empresa é uma chantagem para desmontar a greve da categoria. Ao mesmo tempo, é uma prova concreta de que a Petrobrás não quer e nunca quis negociar.

Por outro lado, sinaliza que a categoria está no caminho correto. Antes das mobilizações, antes da deflagração da greve, a postura da companhia era de completa indiferença e desdém às reivindicações dos trabalhadores. O que não faltou à categoria foi paciência para esperar da direção da empresa uma resposta aos seus anseios. Mas fomos ignorados, sendo finalmente “ouvidos” somente cruzando os braços.

Neste sentido, como já afirmamos em outras vezes, não devemos nos surpreender com as retaliações da gerência da companhia. Para nós, a resposta da categoria deve ser justamente a intensificação da mobilização com muita união e solidariedade.

A Federação Nacional dos Petroleiros e seus sindicatos reafirmam sua disposição e abertura às negociações, no entanto nunca iremos subordiná-las à desmobilização da categoria. Lutar é um direito, não é crime.

Aos trabalhadores, pedimos que continuem firmes na luta e se espelhem no exemplo de outras categorias que estiveram em greve recentemente como bancários e correios: todas as conquistas vieram após amplos processos de mobilização. Só com lutas há conquistas!

Juntos, somos mais fortes!