Confira o quadro nacional da Greve nas bases da FNP em seu 2º dia

Entra no segundo dia a greve deflagrada pelas bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) contra a venda de ativos e a retirada de direitos históricos no ACT. Nesta sexta-feira (30), data em que os dirigentes da Federação irão avaliar as mobilizações em reunião às 17h, os petroleiros seguem mobilizados nas bases dos cinco sindipetros que formam a entidade. A previsão é de que no próximo domingo (1), a partir das 15 horas, os outros 12 sindicatos petroleiros também se somem à greve iniciada pela FNP - a informação foi divulgada ontem pela FUP.

Litoral Paulista As mobilizações acontecem com muita força, a greve continua atingindo todas as unidades. Os ônibus de turno chegam às bases completamente vazios, cena que se repete em praticamente todos os ônibus do ADM. Na RPBC e UTE-EZR, em Cubatão, a adesão do turno na manhã desta sexta foi novamente de 100% e de aproximadamente 70% no ADM. Ainda assim, alguns grevistas fizeram questão de comparecer à unidade para conversar com os dirigentes e buscar informações sobre a campanha.

Outra base com forte adesão é o Terminal Alemoa, em Santos, onde a unidade está entregue ao grupo de contingência há 23 horas. Diante disso, o carregamento de navios na unidade está sendo afetado. Nesta sexta-feira, a adesão foi de 100% no turno e ADM. Diante do alto grau de mobilização, a empresa já iniciou práticas antissindicais. A gerência da unidade está "orientando" os petroleiros terceirizados a entrarem pela portaria da CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo), alternativa usada apenas em caso de emergência. Segundo a guarda portuária, após contato do Sindicato, a empresa sequer solicitou acesso. "Quando é conveniente à empresa, no caso evitar a participação dos terceirizados na greve, regras de segurança são alteradas e descumpridas ao bel prazer pelos gestores da empresa, mesmo que isso coloque em risco a segurança dos empregados", denunciou Fabíola Calefi, dirigente do Sindipetro-LP.

No Edisa Valongo, mais uma vez com a contribuição de outras entidades (CSP-Conlutas, Sindicato dos Metroviários de São Paulo e Intersindical), o sindicato realizou trancaço e o registro é de adesão de ao menos 90% dos trabalhadores. Na UTGCA, em Caraguatatuba, adesão de 100% do turno, 95% da manutenção e 50% do ADM. A unidade, que recebe o gás produzido do pré-sal na Bacia de Santos, também tem sido afetada pela greve, pois não tem conseguido escoar dois produtos derivados deste gás depois de processado: C5+ e GLP.

Os dirigentes sindicais da unidade denunciam a insegurança causada pela empresa ao escalar um grupo de contingência incapacitado para as tarefas que devem ser executadas. "O correto seria empresa negociar com o Sindicato essa substituição dos trabalhadores, de forma a garantir a segurança da unidade e dos empregados", afirmou Tiago Nicolini, diretor do Sindicato. No Tebar, em São Sebastião, adesão de 100% do turno e 70% do ADM. Com a unidade entregue ao grupo de contingência às 14 horas de ontem, que vem realizando apenas serviços essenciais, o terminal já opera com carga reduzida.

Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, a greve vem sendo realizada com a paralisação dos serviços a bordo e emissão de PTs (Permissões de Trabalho) e manobras somente necessárias à segurança e habitabilidade.

Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, os trabalhadores do TEBIG aprovaram em assembleia na manhã desta sexta-feira (30) greve durante todo o dia. No TABG, a greve entra no segundo dia com direito a "piquete marítimo". Dirigentes do Sindipetro-rj impediu que as lanchas levassem petroleiros "fura-greve" até o terminal. Houve ainda trancaço no CENPES, e mesmo com a intervenção da PM, para que um portão fosse aberto, dezenas se trabalhadores ainda permaneceram mobilizados. A diretoria do Sindipetro-RJ realizou assembleia e o movimento foi estendido até as 9 horas.

Alagoas/Sergipe No Tecarmo, Polo Atalaia, em Aracaju (SE), os trabalhadores seguem com greve e a adesão é de 90% dos trabalhadores do ADM, turno e terceirizados. Na base de Carmópolis (SE) a categoria também está em greve desde ontem (29). O movimento cresceu e houve 90% de adesão. Na Sede Aracaju (UO-SE) a adesão foi de 70%. Os trabalhadores dessas três unidades deliberaram em assembleia manter o movimento com reavaliação na próxima terça-feira (3). Na base de Pilar (AL), os trabalhadores realizaram atraso de três horas e decidiram manter o protesto até a próxima semana.

São José dos Campos Na REVAP, base de São José dos Campos, desde ontem (29) o Sindicato vem realizando sucessivos cortes de rendição na entrada dos turnos. Hoje pela manhã, além de corte de rendição no turno das 7 horas, parte dos trabalhadores do ADM decidiram entrar em greve mesmo com toda a repressão sofrida pela categoria. O gerente da unidade acionou a Polícia Militar para forçar a entrada dos trabalhadores. Além disso, o chefe de segurança entrou em todos os ônibus do ADM parta intimidar e assediar os trabalhadores.

Pará/Amazonas Na base do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, a greve continua na Transpetro Belém com adesão de 100% no Turno, Manutenção e SMS. No ADM, 50% de adesão. A greve por indeterminado e a reavaliação do movimento será feita na terça-feira (3). Na Transpetro São Luis, Maranhão, houve corte de rendição com 100% de adesão do turno das 6 horas e logo depois confirmada greve de 24 horas com adesão de todos os turnos. No Prédio Regional Norte (UO-AM) houve trancaço com paralisação de 24 horas e na Província Petrolífera de Urucu (AM) a greve já impactou a produção, que está com sua capacidade reduzida em 25%. Sindicato negocia efetivo mínimo para que os trabalhadores entreguem o processo. O quadro será atualizado ao longo do dia assim que houver novidades.

Negociações Em relação à negociação entre FNP e Petrobrás na última quinta-feira (29), enquanto a categoria se mobilizava em todas as bases, foi uma reunião de apresentação do Plano de Desinvestimento da companhia. Mais uma vez, ficou claro que esta medida reforça o papel da empresa como mera exportadora de óleo cru e adota com saída para a crise uma ação que prepara o desmonte da empresa. Os dirigentes da FNP se colocaram, mais uma vez, explicitamente contra a venda de ativos.

Nesta sexta-feira (30), empresa e FNP estão novamente em negociação. A companhia pretendia inicialmente discutir apenas SMS, no entanto os dirigentes da entidade (sem prejuízo da importância de debater também este tema) exigiram a discussão dos pontos fundamentais do ACT, sobretudo a tentativa de retirada de direitos. Diante disso, serão discutidos os capítulos 1, 2 e 6 do ACT (cláusulas econômicas, vantagens pessoais e benefícios), além de outras questões que tocam no rebaixamento de direitos. A reunião será das 10h às 14h. Além disso, mais uma vez em mesa, a FNP exigiu uma nova proposta. Sem isso, a mobilização da categoria segue!

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