Em assembleia, categoria reafirma disposição de luta e define novas estratégias

Após seis dias de intensa mobilização em todas as unidades, com atrasos, atos e cortes de rendição, os petroleiros do Litoral Paulista reafirmaram a disposição de luta em defesa da Petrobrás e contra o retrocesso em nossos direitos e no ACT 2015-2017.

A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta terça-feira (29/09), na sede e sub-sede do Sindicato, e nas plataformas de Merluza e Mexilhão, com pauta específica para a avaliação do movimento.

Se a empresa torcia por um recuo da categoria, deve receber com muita preocupação a decisão tomada: os petroleiros seguem na luta, mas agora com a construção de novas estratégias de mobilização.

Construir a greve por tempo indeterminado em todo país! A primeira proposta aprovada pela categoria (por ampla maioria) foi o indicativo de greve por tempo indeterminado com outras bases do Sistema Petrobrás. Apresentada pela diretoria colegiada, essa deliberação cumpre dois papeis fundamentais para a continuidade e crescimento do movimento.

O primeiro é demonstrar aos petroleiros das demais bases espalhadas pelo Brasil que o Litoral Paulista está firme na luta e acredita que só a mobilização nacional pode derrotar a retirada de direitos e a venda de ativos.

O segundo papel é impedir que obrigações jurídicas sirvam de obstáculo para a construção dessa mobilização nacional, tão necessária. Se houver nos próximos dias um cenário grevista em diversos Sindipetros do país, o Sindipetro-LP agora está apto a convocar com rapidez e sem a necessidade de prazos legais longos (72 horas de antecedência) a categoria a decidir, em uma nova assembleia, se irá se somar à greve.

Em resumo, o objetivo é não deixar que empecilhos burocráticos amarrem a atuação do Sindicato e a vontade soberana da categoria.

Mobilizações em nossas bases Somada à constatação de que a categoria quer lutar e acredita na vitória, a mobilização realizada ao longo dessa semana forneceu ao Sindicato e à categoria um espaço privilegiado de diálogo e troca de ideias. Não foram poucas as sugestões de novas estratégias de luta. Em cada atraso, uma opinião, uma crítica, um apontamento.

Levando em consideração todas essas ideias coletadas na base, a direção do Sindicato apresentou uma proposta de calendário de mobilizações. Um dos pontos mais discutidos durante a assembleia, ela foi avaliada e posteriormente aprovada pela maioria dos trabalhadores e trabalhadoras presentes.

A decisão tomada é manter as mobilizações (no ADM e no Turno), de forma surpresa, com atrasos, cortes de rendição esporádicos nos turnos, operações surpresas (operação padrão, esquecimento do crachá), além de outras ações como marcar um dia comum para todos e todas doarem sangue; envolver os terceirizados na luta; avaliar a possibilidade de uma paralisação na Rodovia Cônego Domenico Rangoni; cobrar DDS mais pormenorizados e com todas as questões de segurança; e indicar um dia sem computador. O dia em que essas ações serão realizadas, assim como as bases e períodos, são decisões que a direção do Sindicato terá autonomia para avaliar.

Também foi aprovado que no próximo dia 5 de outubro a categoria se vista de preto (todos com camisetas ou tarjas pretas) em referência ao Dia Nacional de Luta Contra a Exposição Ocupacional ao Benzeno, devido à morte do petroleiro Krappa. Para 29 de outubro, data que já faz parte do calendário nacional dos sindipetros, a categoria aprovou o indicativo de mobilização contra o leilão previsto na 13ª Rodada de Licitações.

Propostas sugeridas por petroleiros de base também foram colocadas em votação, como a sugestão de greve de 24 horas nesta quarta (30/09) e greve de 24 horas em 6 de outubro (para coincidir com a campanha dos bancários), mas não foram aprovadas.

À empresa, ultimato Se houve uma unanimidade, seja nas duas assembleias realizadas até aqui, seja nos atrasos construídos na base ao longo da semana, é a de que a “proposta” de ACT da Petrobrás é inaceitável. Como negociar um acordo que sequer parte da manutenção dos benefícios já conquistados da categoria? Aliás, pelo contrário, o que os gestores propõem são retrocessos em direitos históricos dos petroleiros.

Não custa lembrar alguns itens do pacote de maldades que a empresa oferece como “preservação de conquistas”. Reajuste salarial abaixo da inflação; precarização dos benefícios Programa Jovem Universitário, Educacional, Auxílio Almoço e Benefício Farmácia; redução da jornada de trabalho com redução salarial; diminuição do valor das horas extras; banco de horas para treinamento; e mudanças na redação de cláusulas com desdobramento jurídico favorável à categoria para enterrar diversas ações justas contra a má-fé da empresa.

Por isso, a categoria também aprovou por ampla maioria dos votos a exigência de que a companhia, até o dia 15 de outubro, retome as negociações em mesa única para o Sistema Petrobrás e mesa única para todos os 17 sindicatos.

A empresa agendou reunião com a FNP para esta quarta-feira (30), no entanto segue a tentativa de impor uma metodologia de negociação já rejeitada pela categoria. Diante disso, a FNP não negociará a proposta apresentada (leia aqui). É um recado claro à direção da empresa: repudiamos e não aceitamos retrocesso, muito menos enrolação e fragmentação das negociações.

À categoria, parabéns! A assembleia desta noite foi uma vitória. Pelo seu resultado, que aponta a continuidade da luta, mas também por sua representatividade.

Na sede e sub-sede, tivemos a presença de trabalhadores do turno e ADM das áreas operacionais (RPBC, UTE Euzébio Rocha, Alemoa, Pilões, UTGCA, Tebar), assim como do Edisa Valongo e plataformas de Merluza e Mexilhão que (mesmo de folga) marcaram presença. Os petroleiros embarcados, apesar de toda a dificuldade de comunicação e aprendizado coletivo de construção de assembleias unificadas, também participaram efetivamente com número bastante significativo. Isso sem citar os aposentados e pensionistas, cuja abstenção nas votações não foi impeditivo para se fazerem presente e demostrar união e solidariedade com a luta da ativa no chão de fábrica.

É com esta ampla unidade – entre ativos, aposentados, pensionistas, mulheres, homens, borrachos, velhos de casa, turno e ADM - que o Litoral Paulista deixa o seu recado aos petroleiros e petroleiras de todo o Brasil: vamos construir a greve nacional de petroleiros! Em defesa da Petrobrás, nenhum direito a menos!

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