Carta aberta aos gerentes, coturs, supervisores, coordenadores, eventuais e petroleiros com "cargos de confiança”

A crise instaurada na Petrobrás, juntamente com a crise econômica e política que se estabeleceu no país, coloca todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás no mesmo barco: somos um número para os executivos que conduzem os rumos da empresa e, em todas as projeções apontadas desde o início da crise, o que não é lucro é prejuízo.

Estamos a poucos passos de iniciar o maior embate desde 95. A greve hoje se mostra a única ferramenta capaz - não só para os petroleiros, mas para todos os trabalhadores - de reverter os ataques que estão sendo cometidos pelos governos.

Com o início da venda de ativos e cortes de direitos, se faz necessário que toda a categoria se una. Não contra a Petrobrás, como tenta induzir a direção da empresa sempre que nos mobilizamos, mas em defesa de um patrimônio que não cumpre apenas um papel econômico, mas social. Podemos imaginar como seria o Brasil sem ter em suas reservas uma das maiores empresas de energia do mundo? Podemos imaginar como seria o Brasil com uma Petrobrás 100% Estatal, com seus recursos destinados para investimentos em áreas estratégicas e sociais?

Os ataques, mais uma vez, estão direcionados ao chão de fábrica. Mas não podemos nos iludir. A história está aí para quem duvida que o desinvestimento também pode afetar alguns cargos de chefia. Dezenas de empresas que foram privatizadas total ou parcialmente demitiram sumariamente parte significativa de seu pessoal de confiança. Como exemplo, temos a Cosipa. Antes da privatização, empregava mais de dois mil engenheiros especializados, gabaritados e com anos de comprometimento com a companhia. Hoje, sob o nome de Usiminas, não passam de 300 profissionais.

Sabemos que hoje são os trabalhadores terceirizados as maiores vítimas, dentre eles vários com cargos de chefia: mais de 80 mil demissões. Mas a política adotada pela empresa sinaliza o mesmo destino aos petroleiros concursados, operadores, técnicos, engenheiros, administrativos, coturs, gerentes, supervisores, eventuais e um sem fim de profissionais, que há anos dedicam suas vidas ao crescimento e sucesso da Petrobrás.

Conselho de Administração, diretorias e presidência da Petrobrás são cargos temporários, ocupados por burocratas, políticos, nomes do mercado, com pouco ou nenhum conhecimento prático das atividades petroleiras. Por isso, para eles pouco importa se o plano atual irá contribuir para a privatização da empresa, a perda de direitos e demissões. O que importa é rezar a cartilha do mercado e dos acionistas.

Por isso, nos dirigimos nesta carta especialmente aos empregados que hoje ocupam cargos considerados de “confiança” (gerentes, coordenadores, coturs, supervisores e eventuais de toda cadeia etc). Temos consciência de que muitos são constrangidos pela direção a não se envolver com o sindicato, a não expor sua opinião, a não realizar greve, sendo lembrados apenas quando a empresa precisa de seus préstimos. Sabemos que muitos, numa espera eterna por reconhecimento, aguardam pacientemente serem promovidos. E a empresa alimenta este sentimento, pois assim divide a categoria e faz com que cada um tente sozinho, isoladamente, obter conquistas.

No entanto, hoje o que está em jogo é muito maior que um avanço, uma letra, um novo cargo. Direitos estão ameaçados, empregos estão em jogo. A Petrobrás está sob risco. E apenas juntos, coletivamente, podemos defender nossos empregos, nossos direitos e nossa empresa. É o futuro de nossos filhos que está em jogo. A conta da crise não é nossa!

O rebaixamento do ACT é só o começo de todo esse desmanche. Vários direitos, sociais principalmente, serão afetados e isso inclui perda também para essa cadeia de cargos de confiança.

Enquanto alguns cultivam o pensamento de “não me mobilizo porque não é comigo”, quando olhar para os lados poderá ser tarde, pois não encontrará mais ninguém.

Agora é a hora de nos unirmos nesta luta, pois independente do cargo a defesa é pela Petrobrás.

Acorda, companheiro! Não estamos querendo atos heroicos, apenas consciência e consciência na sua conduta.

Juntos somos mais fortes e unidos somos imbatíveis!