Nenhum direito a menos! A conta não é nossa, que os responsáveis paguem!

Editorial

Reunida na última segunda-feira (14), a direção do Sindipetro-LP discutiu e avaliou o que a empresa propõe para as cláusulas sociais em nosso ACT. Em primeiro lugar, reafirmamos que não aceitamos o fatiamento das negociações. Seguimos exigindo mesa única de negociação de todo o Sistema Petrobrás com todos os sindicatos e federações.

A proposta econômica da empresa será apresentada apenas no dia 17, mas em nossa opinião isso não muda o enorme ataque que representa a primeira proposta da empresa. Ainda assim, “pela metade”, podemos considerá-la uma das piores “ofertas” já feitas aos empregados.

Não há dúvidas: diante da crise, a direção da Petrobrás quer que os trabalhadores paguem a conta da corrupção e má gestão de meia dúzia de diretores. Para agradar o mercado financeiro e os acionistas, jogam nas costas da categoria o peso de erros cometidos por gestores sem nenhum compromisso com a empresa. Nós, responsáveis por garantir os recordes de produção e todos os títulos que comprovam a eficiência e viabilidade da Petrobrás, não podemos aceitar este ataque. As negociações para a renovação de acordos coletivos partem de uma premissa básica: o que se discute é a manutenção e ampliação de direitos e benefícios, em hipótese nenhuma a perda deles!

Por isso, a FNP acerta quando escolhe como estratégia a combinação - em uma só luta - da pauta econômica com a batalha contra a privatização da empresa. Afinal, como é possível derrotar a venda de ativos e a entrega do pré-sal sem derrotar a tentativa de retrocesso em nossos direitos? As duas frentes de batalha fazem parte de uma mesma guerra. A vitória de nossa pauta política, em defesa da Petrobrás, depende do sucesso da luta em defesa de nossos direitos e benefícios. Direitos que, diga-se de passagem, foram conquistados com muita luta ao longo dos anos. O que a empresa está fazendo - seja com o Plano de Negócios, seja com a “proposta de ACT” - é se apoiar no discurso da crise para retirar conquistas históricas da categoria. É o que outras empresas estão fazendo no país, tentando impor grandes derrotas a categorias como metalúrgicos, construção civil e bancários.

Também nas bases da FUP cresce o sentimento que, por um lado, é preciso unificar a categoria e, por outro, a categoria só pode sair vitoriosa caso derrote os ataques ao ACT, que é parte do plano de desmonte da Companhia. Em diversas assembleias, em unidades de todo o país, os trabalhadores já votaram a necessidade de apresentação da pauta para o ACT.

A empresa desafia a inteligência de seus empregados quando diz em seus materiais que a “atual proposta preserva conquistas”. Mentira! Como acreditar neste conto de fadas quando ela propõe redução de jornada com redução salarial, banco de horas para treinamento e corte nas horas extras? (leia mais na página 3).

Os gestores da empresa, junto com o governo, que controla ela, querem nos fazer acreditar que não existe outra saída que não seja redução de direitos e desinvestimentos.Mas por que até agora não se apresentaram soluções para as verdadeiras “torneiras abertas” do Sistema Petrobrás, como os contratos superfaturados e a compra de insumos na Companhia, por exemplo? Se a alta cúpula quer reduzir custos (sempre em nome da saúde financeira da companhia!), por que não dá o exemplo? Por que não corta suas regálias e altos salários, assim como os salários dos membros do CA?

O recado que a empresa quer passar com essa nova proposta, faz parte do plano de ajuste fiscal do governo, que corta verbas da Saúde, educação, previdência, enquanto planeja mais subsídios para as grandes empresas, com o PPE, por exemplo. Por que o aperto de cintos, assim como o ajuste fiscal aplicado pelo governo ao povo mais pobre, sobra apenas para os petroleiros do chão de fábrica?

A categoria precisa dar uma resposta, e isso se faz indo à luta!