Sindicato inicia ações para reparação aos petroleiros perseguidos pela ditadura

Uma dívida histórica do estado brasileiro com os petroleiros de todo o Brasil, e especialmente do Litoral Paulista, começa a ser revistada em nossa região. Foram inúmeras prisões, demissões e prejuízos de todo tipo praticados pelo Estado brasileiro contra nossa categoria durante os anos de chumbo.

O golpe civil e militar de 1964, longe de ser esquecido, precisa ser revirado para que não volte a acontecer. Para iniciar trabalhos neste sentido, o Sindicato recebeu nos últimos dias duas importantes atividades que tratam deste tema.

No último 6 de agosto, o Departamento de Aposentados e Pensionistas (DAP) recebeu no auditório da entidade uma atividade fundamental: a apresentação de um estudo feito pela pesquisadora da Unicamp, Luci Praun, intitulado “A ditadura e os petroleiros” (leia aqui matéria sobre a atividade).

Com a abertura de todo acervo documental de monitoramento produzido pela Petrobrás no período da ditadura (1964 a 1985), pedido feito pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2013, a pesquisadora teve acesso a uma infinidade de documentos. Dentre eles, 131.277 fichas de trabalhadores admitidos e demitidos pela estatal que eram intituladas Fichas de Controle Político Sindical. Nelas, consta o relatório de monitoramento de cada petroleiro. Nem os trabalhadores contratados por subsidiárias saíram ilesos.

A pesquisadora afirmou que muitas pessoas foram perseguidas e nunca souberam. E através desse acervo documental poderão saber a verdade dos fatos. “O principal objetivo da pesquisa é resgatar a história da categoria petroleira que foi ocultada e fazer a reparação para os perseguidos. A reparação moral é maior que a reparação financeira”, afirma.

A ditadura na Baixada Santista Outra atividade, realizada no último dia 10 de agosto, reuniu representantes de sindicatos e entidades da região engajados nesta luta. A reunião, organizada pelo Fórum de Trabalhadores por Justiça, Verdade e Reparação, contou com a presença de portuários, petroleiros e metalúrgicos.

Uma das deliberações desse encontro foi a realização no dia 24 de agosto de um ato unitário das entidades sindicais, de anistiandos e de memória, verdade e justiça da região da Baixada Santista, com projeção de filme no Sindicato dos Metalúrgicos (Avenida Ana Costa, 55).

Além disso, a reunião também discutiu a possibilidade de articular a ida de um ônibus de Santos até Brasília no dia 26 de agosto. Neste dia, haverá na capital do país Audiência Pública com centrais sindicais, entidades, figuras públicas e parlamentares sobre a revisão/reinterpretação da Lei de Anistia e sobre o balanço dos julgamentos dos processos da Comissão de Anistia.

No dia 18 de agosto, haverá uma plenária com diversas entidades no Sindicato dos Metroviários de São Paulo (Rua Serra do Japi, 31 – próximo aos metrôs Tatuapé e Carrão), às 9 horas, para a organização da ida e da intervenção em Brasília.

Campanha Reparar Já! Foi debatida a possibilidade de organizar uma atividade ampla na região da Baixada Santista no segundo semestre (entre outubro e novembro) para apresentar a campanha, explicar o processo de responsabilização das empresas pela cumplicidade na ditadura, recolhimento e apresentação de documentos (dossiê) sobre essa participação. Algumas empresas da região foram levantadas: Cosipa, Petrobrás, Porto, Pólo Petroquímico. Assista abaixo ao vídeo com o resumo das atividades