Petrobrás e Polícia Militar, uma mão lava a outra e as duas atacam o trabalhador

Repressão

Com a crescente mobilização de greve dos petroleiros, que tem recebido a adesão cada vez maior dos trabalhadores de todo Sistema Petrobrás, as investidas da Polícia Militar contra a categoria para sufocar e desmontar o movimento tem sido cada vez maior. Além das tradicionais intimidações, assistimos recentemente às prisões de dirigentes sindicais.

Uma das primeiras interferências da Polícia Militar na greve foi a prisão dos diretores do Sindipetro-LP Fábio Farofa e Fábio Melo, no Edifício Administrativo da Petrobrás, no Valongo, em Santos. A mesma truculência foi usada contra o dirigente Dayvid Bacelar, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da companhia e dirigente do Sindipetro da Bahia, preso juntamente com Agnaldo Cosme e Wandaick Costa, fotógrafo que acompanha a greve. Nesta quinta-feira (5), o diretor sindical Jair Campos foi preso, durante ato no Terminal da Transpetro São Caetano do Sul.

Corretamente, muitos trabalhadores se perguntam como é possível tamanha rapidez e agilidade para reprimir os trabalhadores ao mesmo tempo em que para servir a população o que se vê é ineficiência e lentidão. Basta iniciar uma mobilização para em questão de minutos ser destacado grandes operativos da PM para “averiguar” a situação. Sabemos muito bem, por outro lado, a eternidade que leva para ter uma viatura deslocada à sua casa em caso de furto ou qualquer outra ocorrência.

Servir e proteger… quem e o quê?
A atuação da polícia contra a greve dos petroleiros mostra uma relação no mínimo obscura entre a corporação e a Petrobrás. Em nossa base, para ser mais preciso, nem tão obscura assim. Um dia após a prisão de nossos diretores, policiais militares sem qualquer razão se alimentavam à vontade no restaurante da RPBC. Por quais razões e justificativas isso ocorre, cotidianamente, a empresa nunca explicou.

Fato é que muitos policiais realizam suas refeições nos restaurantes da companhia, ao lado dos mesmos trabalhadores que encaram como bandidos nas mobilizações. Se a greve não está provocando nenhum tipo de prejuízo à população, se nem mesmo há impedimento para que os pelegos que queiram trabalhar entrem nas unidades, por que a Polícia Militar tem se prestado ao papel de cão de guarda da empresa, atacando os trabalhadores em seu legítimo direito de protestar?

Fato é também que a Petrobrás patrocina festas de fim de ano de corporações, abre o restaurante da companhia para alimentar boa parte do efetivo policial e ainda alguns oficiais prestam serviços a gerentes da companhia como segurança particular.

Para os petroleiros que estão sendo ameaçados pela força policial é impossível não relacionar as benesses oferecidas aos policias pelas gerências da Petrobrás com a força desmedida que está sendo empregada para reprimir a greve da categoria.

Nos parece, infelizmente, que a Polícia Militar está pagando os favores recebidos. E quem paga o preço deste acordo somos nós, trabalhadores. Lutar não é crime!