Sob forte repressão, greve entra no 7º dia com produção em queda

ACT

Tentativas de travar a luta com interditos proibitórios, acionamento das Polícias Militares para intimidar os trabalhadores e prender dirigentes sindicais, práticas antissindicais contra os sindicatos, manobras jurídicas de todo o tipo para impedir que a categoria exerça o direito de greve.

É com este pano de fundo que a greve nacional de petroleiros entra em seu sétimo dia nas bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e no terceiro dia nas bases da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A mobilização, que luta pela preservação de direitos históricos atacados na proposta de ACT da empresa e pelo cancelamento da venda de ativos, que aprofunda a privatização da Petrobrás, está sendo capaz de afetar a produção das unidades e de obrigar a própria companhia a admitir esta realidade – os números oficiais citam queda de produção de 273 mil barris de petróleo (13% da produção diária no Brasil).

No entanto, segue a intransigência dos gestores da empresa, que se negam a negociar as reivindicações da categoria com os mais variados pretextos. Por isso, a luta continua!

Confira abaixo o quadro de mobilizações nas bases da FNP e da FUP

No Litoral Paulista, a manhã do sétimo dia de greve começou com um ato na porta do Edisa Valongo, que contou com a participação de trabalhadores da RPBC e Mexilhão, e teve como objetivo conscientizar os trabalhadores sobre a real situação da empresa e sobre os desdobramentos do Acordo Coletivo. Diante disso, muitos petroleiros do prédio resolveram aderir ao movimento que se coloca contra a venda de ativos a a retirada de direitos.

No Terminal da Alemoa, em Santos, a adesão do pessoal do ADM e turno é total. No Terminal de Pilões, em Cubatão, foi feito atraso até às 9h para os operadores e os trabalhadores do ADM continuam mobilizados com 100% do efetivo em greve. Na RPBC e UTE-EZR, em Cubatão, a adesão segue forte com 100% do turno com os braços cruzados e praticamente 70% do ADM também se incorporando à greve, com os ônibus chegando praticamente vazios.

Na UTGCA, em Caraguatatuba, os trabalhadores em greve se revezam, mantendo a escala (12 horas) que fariam se estivessem trabalhando. A adesão é de 100% da operação, 100% da manutenção do nível médio (exceto supervisores), e 30% do administrativo.

Em São Sebastião, no Tebar, a greve já reflete na produção. Apenas 30% da operação do terminal está funcionando. O impacto é também no bombeio e descarga dos navios, que normalmente funciona com operação simultânea em quatro navios, mas com a greve o trabalho é feito apenas uma embarcação por vez.

Ainda em São Sebastião, assim como debatido na assembleia na terça-feira (3), os petroleiros em greve ocuparam todas as entradas do terminal, para conversar com os que ainda não aderiram à greve a se juntarem na luta. Dentre os trabalhadores que ainda relutam, supervisores, que pararam para ouvir os argumentos dos petroleiros e prometeram refletir sobre aderir ao movimento.

Com os debates realizados ontem, em assembleia, os trabalhadores de Mexilhão e Merluza discutem uma ação unitária para garantir que a mobilização nas plataformas sejam intensificadas. Dirigentes do Sindipetro-LP estiveram ontem e hoje no Aeroporto de Itanhaém para discutir com os trabalhadores as estratégias. Até agora,  seguem sendo autorizadas apenas tarefas fundamentais para segurança e habitabilidade de Merluza. Em Mexilhão, que está em parada de manutenção, os trabalhadores irão entregar a operação para contingência. O voo que sairia hoje de manhã está atrasado, aguardando a contingência subir para desembarcar o pessoal que está em greve.

Na Revap, em São José dos Campos, os cortes de rendição prosseguem. Com isso, segue firme a greve! Hoje, quarta-feira, houve corte de rendição às 7h e parte do ADM aderiu à greve. A gerência da unidade acirra o assédio moral, persegue trabalhadores e tenta desmobilizar a categoria com informes internos sobre a situação financeira da empresa.

Nas base de Alagoas/Sergipe, todas  as áreas de produção estão paradas. Na  Fafen, a produção está nas mãos dos operadores do turno e da equipe de contingência, desde o último dia 31 de outubro. A gerência queria substituir nove trabalhadores desse grupo, mas apenas sete saíram hoje. Ontem, também aconteceu uma assembleia onde os petroleiros dessa unidade rejeitaram a proposta da empresa em render parte do efetivo que está trabalhando desde sábado e ficar em turno de 16 horas.  Os trabalhadores definiram que só aceitam a rendição se a empresa retirar toda a equipe de contingência. No Campo Terrestre de Carmópolis a greve continua com adesão total do ADM e Turno. Na manhã de hoje, a base de Riachuelo (RO) também parou, só o turno continuou em operação. Nas estações de Saquinho, Desparafinação, Jordão e Siriri a paralisação continua.

Na Sede de Aracaju a paralisação prossegue. Muitos trabalhadores das áreas operacionais estão indo até a sede apoiar e ajudar na greve. No Tecarmo, houve 95% de adesão do turno e ADM. Em Alagoas, na estação de Pilar o movimento grevista continua e os trabalhadores da estação de Furado aderiram à greve. Ontem, em Pilar, a parada foi de 100% do turno, pois não houve rendição. A empresa tentou apoio nos operadores de folga e não teve sucesso. No fim da tarde, sem perspectiva de rendição e com o turno que não foi rendido, e já com 20 horas de jornada, tiveram que parar as maquina. Nas plataformas, em Aracaju, os trabalhadores embarcaram, mas não estão emitindo PT.

No Rio de Janeiro, foi feito trancaço na Transpetro Sede, no centro do Rio, próximo à Candelária. Às 9h, em assembleia na frente do edifício, os trabalhadores decidiram retomar as atividades, mas mantendo o estado de mobilização. No TABG, a greve está forte. Houve um acordo com a gerência proposto pelo Sindipetro-RJ e os trabalhadores assumiram o controle e acompanhamento das atividades. O Centro Nacional de Controle (CNCO )da Transpetro Sede cortou rendição, mas manteve efetivo mínimo e por enquanto não tem parada de produção. Mesmo assim, a empresa está substituindo trabalhadores grevistas por pessoas sem certificação para operação, o que coloca em risco os equipamentos da companhia e a sociedade de uma forma geral. Os trabalhadores da Petrobrás, em Angra, estão com os braços cruzados. Nas termoelétricas Barbosa Lima Sobrinho e Baixada Fluminense, os petroleiros  estão em estado de greve e podem paralisar o trabalho a qualquer momento.

Na base do Sindipetro-PA/AM/MA/AP os trabalhadores do ADM e turno do Terminal São Luis (MA) aderiram em 100% ao movimento grevista. No Terminal da Transpetro Belém (PA), a adesão do turno está em  95%. No começo da noite de ontem, os trabalhadores da Província Petrolífera de Urucu (AM) entregaram o processo para a equipe de contingência (composta por engenheiros e supervisores) e deixaram a unidade. E hoje, os diretores do Sindipetro estiveram no aeroporto para convencer os trabalhadores sobre a importância da greve e muitos acabaram não embarcando. No prédio da Petrobrás Norte, foi realizado um trancaço com adesão maciça. E foi deliberado  em assembleia, na porta do prédio, a continuidade da greve por unanimidade.

Bases da FUP

Norte Fluminense - a greve atinge 48 unidades marítimas, sendo que 30 estão com atividades completamente paralisadas, seis estão com produção restrita e outras 12 foram entregues às equipes de contingência. O Terminal de Cabiúnas está sob controle da equipe de contingência. Os trabalhadores ocuparam por mais de 24 horas o sistema de carregamento do terminal e suspenderam a distribuição de GLP até às 15h desta quarta-feira. Na sede administrativa de Imbetiba, o embarque e desembarque de cargas para as plataformas estão bloqueados.

Bahia - mais da metade da produção de petróleo do estado está parada e a adesão dos trabalhadores à greve já atinge mais de 80% da categoria, inclusive, o administrativo. Nos campos de produção terrestre, cerca de 2 mil metros cúbicos de gás diários deixaram de ser produzidos. O impacto na produção de óleo é de pelo menos 6 mil barris por dia. Rlam, terminais da Transpetro, termoelétrica e usina de biocombustível permanecem sem troca de turno. Fafen segue parada.

Duque de Caxias - os trabalhadores do Terminal de Campos Elíseos, da Termoelétrica e da Reduc seguem em greve e as unidades estão sendo operadas por equipes de contingência. Na refinaria, o carregamento de coque e a entrega de produtos químicos estão parados, o que, segundo o sindicato, gera um prejuízo de mais de  R$ 1 milhão por dia à Petrobrás.

Rio Grande do Norte - no Pólo Industrial de Guamaré, a Refinaria Clara Camarão e a UPGN estão paralisadas, mantendo em atividade apenas as plantas de segurança. Nas plataformas marítimas, a produção foi interrompida em 13 unidades, impactando em 50% a produção de óleo. Nos campos terrestres, diversos poços e estações coletoras estão sendo fechados. A usina termoelétrica de Assu foi entregue para a equipe de contingência.

Ceará - segundo o sindicato, a greve nas plataformas reduziu em 87% a produção de óleo e em 94% a do gás. Na Lubnor, que está sob o controle de equipe de contingência, houve rompimento, nesta quarta-feira, da linha de hidrocarboneto da Unidade de Vácuo (UVAC). Na TermoCeará, os petroleiros também aderiram 100% à greve. No Terminal de Pecém, a operação foi entregue para a equipe de contingência. No Terminal de Maracanaú, a adesão é de 90%. Na Usina de Biodiesel, os trabalhadores continuam impedidos de deixar a unidade.

Espírito Santo - a UTGC e os terminais de Barra do Riacho, Norte Capixaba e de Vitória seguem na greve, com operações reduzidas. Nas plataformas, a greve tem 100% de adesão na P-58 e P-57, que foram entregues às equipes de contingência, com forte impacto na produção.

Unificado de São Paulo - os trabalhadores dos terminais de Barueri e Guararema somaram-se à greve nesta quarta-feira, com 100% de adesão no turno e no administrativo. A Recap e a Replan estão sob controle das equipes de contingência. Segundo o sindicato, houve uma redução na produção da Replan, ocasionada, principalmente, pela baixa no Coque. Na Usina Termelétrica Luis Carlos Prestes, em Três Lagoas (MS), os trabalhadores também seguem em greve.

Minas Gerais - os trabalhadores da Usina de Biodiesel de Montes Claros somaram-se à greve, que prossegue na Regap e na Termoelétrica Aureliano Chaves.

Pernambuco e Paraíba - greve prossegue no Terminal de Suape e na Refinaria Abreu e Lima, onde trabalhadores continuam sendo retidos pela gerência há mais de 72 horas, junto com a equipe de contingência.

Amazonas - Reman e Terminais de Coari e Solimões, continuam sem rendição nos turnos.

Rio Grande do Sul - os trabalhadores dos terminais da Transpetro (Tedut, Terig e Tenit), da Refap e da Termoelétrica Sepé Tiaraju, seguem sem trocas de turno, com adesão de 80% da operação e de 60% do administrativo.

Paraná e Santa Catarina - nesta quarta-feira, os trabalhadores de São Francisco do Sul aderiram à greve, que segue agora em todos os terminais da Transpetro: Tefran, Temirim/Guaramirim, Teguaçu/Biguaçu, Tejaí/Itajaí e Tepar/Paranaguá. Na Repar e na SIX, as unidades estão sendo mantidas por equipes de contingência. Na Fafen, a produção da unidade continua paralisada.