Assembleia articula intensificação da luta e defende Comando Nacional de Greve

ACT

Em dia de casa cheia, naquela que foi provavelmente a maior assembleia do Litoral Paulista desde a deflagração da greve, a categoria não perdeu tempo discutindo sobre a continuidade ou não de uma mobilização que já se demonstra histórica. Certamente, a maior desde a greve de 1995, repetindo a luta de vinte anos atrás contra a privatização da companhia (venda de ativos) e contra a retirada de direitos e arrocho salarial.

Em um clima de bastante confiança, com o sentimento de que cada petroleiro ali presente está fazendo história, não houve espaço para qualquer dúvida sobre a necessidade de dar seqüência à greve que completou, na última terça-feira (3), seis dias de duração nas bases da FNP e três dias nas bases da FUP.

Diante disso, os debates da assembleia – realizada na sede, sub-sede e plataformas com aproximadamente 500 trabalhadores e trabalhadoras – se concentraram sobre quais as melhores estratégias para organizar e intensificar as mobilizações.

Comando Nacional de Greve e Mesa Única de Negociação
Em relação aos destinos da luta em nível nacional, a satisfação de ver a necessária greve dos 17 sindicatos petroleiros do país se concretizar é enorme. Por outro lado, os petroleiros do Litoral Paulista opinam que é necessário avançar neste campo para garantir uma luta forte o suficiente para resistir às posturas antissindicais da empresa e coloca-la na defensiva, apresentando uma proposta de ACT digna e uma política alternativa ao desinvestimento.

Para isso, cumpre um papel muito importante não realizar uma luta desta dimensão de maneira desarticulada. Por isso, a categoria reafirmou nesta assembleia a aprovação de dois indicativos aos 16 sindicatos: a construção de um Comando Nacional de Greve e de Mesa Única de Negociação.

Grupos de Apoio
No plano regional, foi aprovado um indicativo da diretoria que aumentará ainda mais o protagonismo da categoria na greve: a formação de dois grupos de apoio de petroleiros de base – sendo um para a RPBC e outro para o Edisa Valongo.

Usando o exemplo dos companheiros da UTGCA, em Caraguatatuba, que todos os dias comparecem à porta da unidade para garantir os piquetes com os dirigentes sindicais, o Sindicato defendeu a criação dessas comissões para que os trabalhadores em greve ajudem efetivamente na organização e articulação da luta nessas unidades. Seja na definição de uma tática específica de mobilização, seja ajudando na organização de piquetes e atos, aqueles que voluntariamente se incorporaram a esses grupos irão estar ombro a ombro com a diretoria em uma série de decisões importantes para os rumos do movimento.

Parada de produção
Sobre a situação da RPBC foi um grande consenso na assembleia a necessidade da parada de produção das unidades, principalmente para preservar a vida e a segurança dos petroleiros envolvidos na operação da planta. Foi aprovado ainda que a parada seja conduzida pelo grupo que atualmente está na unidade (Grupo 3). Surgida durante a assembleia, a proposta foi feita por um trabalhador de base da refinaria e teve grande aceitação do plenário.

O debate sobre a necessidade de intensificar a mobilização, afetando a produção, se estendeu a outras unidades e a discussão permitiu à categoria elaborar novas estratégias para cada realidade. Por iniciativa de um petroleiro de base, outra proposta aprovada na assembleia é de que o Sindicato entre com uma ação na Justiça do Trabalho para proibir que a Petrobrás exija de suas equipes de contingência o trabalho além da jornada contratada, mediante pagamento de horas extras durante a greve. Essa medida já foi tomada, por exemplo, pelo Sindipetro Bahia e visa fundamentalmente acabar com a farra das horas extras aos fura-greve.

Outras propostas da categoria como táticas de mobilização e organização foram aprovadas e serão encaminhadas pela direção do Sindicato, em conjunto com os grupos de apoio formados na própria assembleia.

Sexta-feira, nova assembleia
Conforme compromisso assumido pela diretoria, uma nova assembleia será realizada para discutir o cenário nacional de mobilizações e a continuidade da greve. A data escolhida foi a próxima sexta-feira, dia 6, com primeira chamada às 18h e segunda chamada às 18h30. Os petroleiros da UTGCA iniciam a assembleia às 19h30, em primeira chamada, e às 20 horas, em segunda chamada. Petroleiros das plataformas de Merluza e Mexilhão também realizam, embarcados, assembleia.