Mesmo com assédio da empresa e PM, UTGCA segue firme na greve

ACT

No início da tarde da última terça-feira (3), mais uma vez a Petrobrás tentou fazer da greve legítima da categoria um caso de polícia. Policiais militares se dirigiram até a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA) para forçar a entrada dos caminhões que fazem o escoamento de produção de gás do pré-sal. Um fato lamentável e absurdo, uma vez que os petroleiros em greve estão respaldados por decisão da Justiça do Trabalho que indeferiu o Interdito Proibitório, pedido pela Petrobrás, para obrigar a entrada dos caminhões na unidade.

Com o forte trabalho de convencimento dos petroleiros, os caminhões que fazem o escoamento da produção não estão entrando na unidade, o que tem incomodado a gerência da companhia, que tenta por via judicial e pela força policial obrigar a entrada dos veículos. Durante todo o dia os caminhões ficaram estacionados longe da UTGCA, mas com ordens do dono da frota de veículos, que registrou Boletim de Ocorrência denunciando impedimento da entrada dos veículos, estacionaram na entrada da unidade, causando uma fila quilométrica, com mais de 30 caminhões tanque (veja imagem na galeria abaixo).

Acionada por “alguém que passava na rua”, segundo relatou o sargento que se dirigiu à UTGCA, a PM tentou “interpretar” a decisão judicial, alegando que a entrada dos caminhões não interferiria na greve, exigiu a liberação da via, ocupada pelos petroleiros. Frente ao impasse da interpretação equivocada dos policiais, trabalhadores que se revezam no piquete na UTGCA e o advogado do Sindicato foram à delegacia prestar esclarecimentos sobre o ato ao delegado, o qual foi totalmente favorável aos trabalhadores, se recusando a registrar boletim de ocorrência por obstrução de via ou qualquer tipo de impedimento, dando como legítima a manifestação da categoria.

Enquanto ainda estavam na delegacia, policiais da Força Tática pararam na UTGCA, questionando a fila de caminhões que se formou na entrada da unidade. Mais uma vez, com muita conversa dos petroleiros, os policiais se convenceram se tratar de movimento legítimo dos trabalhadores, mas permaneceram no local até que os caminhões se dirigissem a um estacionamento adequado.

Ação da Petrobrás para forçar entrada de caminhões
Depois de mandar um oficial de justiça para constatar a denúncia da empresa de que os trabalhadores grevistas estariam impedindo a entrada de pessoas e de veículos, na sexta-feira (30), a Justiça do Trabalho entendeu que os petroleiros não estão impedindo a entrada na unidade. Na decisão, a o juiz Rogério Princivalli da Costa Campos, foi taxativo ao afirmar “diante do teor da constatação, desde já, destaca-se que foi demonstrada a falsidade da tese inicial de que os grevistas estavam impedindo o acesso de quaisquer trabalhadores que desejassem trabalhar e que utilizavam de meios violentos ou intimidadores para tanto”.

Mesmo com a liminar ressaltando o direito de greve, inclusive apontando os artigos da lei que autorizam o uso de piquetes como ferramenta de negociação, a Petrobrás tenta desarticular o movimento dos petroleiros da UTGCA, acionando a Polícia Militar e causando transtorno no trânsito, por meio de denúncias, que neste caso teve a participação do dono da empresa de transporte de inflamáveis.

Na sexta-feira (30), a empresa se retirou da reunião que realizava com os Sindicatos, alegando que só voltariam a negociar se os caminhões fossem autorizados à entrar na UTGCA. A própria decisão do juiz do trabalho coloca como empecilho do deferimento do Interdito Proibitório, além do direito de greve, a necessidade da Petrobrás de negociar com os trabalhadores.

A força da mobilização dos petroleiros da UTGCA, em Caraguatatuba, tem sido exemplo para a categoria. Desde o início da greve, além da adesão da maioria dos trabalhadores (99% da operação, 97% da manutenção do nível médio (exceto supervisores), e 30% do administrativo), os grevistas têm cumprindo suas jornadas de trabalho, de 12 horas, permanecendo na base/piquete, na entrada da unidade. Toda repressão sofrida pelos petroleiros da UTGCA demonstra a força da categoria, que tem se levantado contra os ataques da cúpula da empresa aos direitos dos trabalhadores. A união destes homens e mulheres se mostra na decisão de manter os turnos no piquete, mesmo em greve e vai além, dando todo suporte à diretoria do Sindicato, fazendo vaquinha para confeccionar suportes das faixas, cafezinho, marmita e tudo o que julgam necessário para suportar a dureza da luta. Eles fazem jus a afirmação de que quem faz greve é a categoria.

Assista ao vídeo (clique aqui) com o relato dos diretores e imagens da ação policial