Em debate, congresso da FNP reafirma luta contra a venda de ativos

Em um painel bastante concorrido, realizado nesta quinta-feira (17/07), durante o 9º Congresso Nacional da Federação dos Petroleiros - FNP, a crise da Petrobrás e o seu novo Plano de Negócios foram alvos de intenso debate.O Diretor do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos - ILAESE, Nazareno Godeiro, pontuou sua apresentação sobre o movimento articulado contra a Petrobrás, a partir do novo plano de negócios da empresa que reduz seu investimento em 37%. Segundo ele, essa diminuição de aportes vai provocar um desmonte na indústria nacional. O programa prevê uma redução de empregados que pode chegar ao número de cem mil trabalhadores terceirizados.Nazareno afirma que a Petrobras deixará de ser uma empresa de multienergia" para ser uma mera exploradora de óleo cru. "Toda cadeia de exploração secundária, transporte, refino e abastecimento vai perder com a redução de investimentos, fazendo com que a empresa desmembre suas subsidiárias e as venda com preços defasados. A ideia é mudar o foco e provocar um sucateamento proposital, concentrando suas operações somente em extração do óleo extraído" - denunciou, indicando que empresas como Braskem, Transpetro, BR Distribuidora, entre outras subsidiárias da holding da maior empresa do Brasil podem ser vendidas.As reservas de pré-sal estão estimadas em 300 bilhões de barris, dos quais 60 bilhões já estão em processo de extração. Nazareno Godeiro afirmou que a Petrobrás sofre os efeitos do neoliberalismo com a desnacionalização e privatização. O regime de partilha coloca até 70% do petróleo brasileiro à disposição dos interesses do capital internacional, sendo muito lesivo à soberania nacional. No novo plano de negócios, o objetivo da Petrobrás é vender 67 bilhões de ativos na Bolsa de Valores nos próximos cinco anos. A previsão é de que o Brasil em 2023 tenha uma produção 5 milhões de barris e refine somente 2 milhões, sucateando assim sua capacidade de processamento e refino. Ao finalizar sua apresentação o pesquisador informou que o objetivo do governo federal é fatiar a Petrobrás.Em seguida, o Presidente da AEPET - Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, falou da Conjuntura Internacional do Petróleo e da sua importância estratégica, informando que a commoditie responde por 93% do transporte mundial de pessoas e produtos, e que essa riqueza é utilizada como matéria-prima em mais de 3 mil produtos petroquímicos. Siqueira falou que há uma série de fusões entre as grandes petroleiras europeias que se mobilizam para participar em leilões futuros do pré-sal. "A produção mundial de petróleo está no pico, e é de interesse dos EUA e Europa controlar esses preços para provocar o sucateamento de países como Rússia, Venezuela e Brasil" - disse.A Noruega foi citada como um exemplo de desenvolvimento em função da indústria do petróleo, tendo uma reserva de 9 bilhões de barris e um fundo soberano de 900 Bilhões e Euros. "Até o início dos anos 1970, a Noruega era o segundo país mais pobre da Europa. Hoje tem um dos maiores índices de desenvolvimento humano - IDH, da região, graças ao desenvolvimento e investimento estratégico feito no petróleo" - citou.No fechamento do painel, o Coordenador do Sindipetro-RJ - Emanuel Cancella, pautou sua apresentação na crítica ao comportamento da grande imprensa na cobertura negativa sobre o atual momento da Petrobrás e relembrou que os casos de corrupção da empresa não são de hoje. "A direita se apropriou da bandeira da corrupção para destruir a Petrobrás. Já na ditadura militar já tínhamos o Sr. Shigeaki Ueki, então presidente da Petrobrás na época do Presidente Geisel já operava um esquema de corrupção" - recordou.Cancella disse que existe uma orquestração da direita internacional com a pauta de uma agenda ultraconservadora e neoliberal sendo financiada pelo capital internacional. "É necessário um maior engajamento do movimento sindical na defesa dos interesses nacionais. Precisamos barrar essa orquestração e lutar pela Petrobrás. Por isso, é primordial que essa greve dos petroleiros programada para o próximo dia 24 julho seja um recado para o governo Dilma. Precisamos barrar a venda dos ativos da empresa, vamos lutar contra isso!" - convocou o dirigente sindical. Ele criticou ainda a paralisação das obras do Comperj e do PAC."Existe uma manobra dos armadores da indústria naval que pressionam por aditivos para obterem mais ganhos. Não podemos aceitar que aconteça isso, quem me falou isso foi o Presidente da Transpetro, o Antonio Rubens Silva Silvino, em uma recente reunião" - revelou.Ao encerrar, Emanuel Cancella enfatizou a necessidade de se criar um movimento mais engajado dos movimentos sociais para barrar a realização dos leilões do petróleo e também derrubar o projeto do Senador José Serra que altera o modelo de partilha."