Uma reflexão sobre a política socioambiental da Petrobrás

Dia 5 de junho foi celebrado o Dia do Meio Ambiente. Diante disso, queremos refletir sobre as políticas de Meio Ambiente e Saúde desenvolvidas pela Petrobrás. O programa da empresa, os vídeos, as cartilhas, as propagandas de TV e demais materiais de divulgação são muito encantadores. Mas, na prática, qual é a política que a Petrobrás de fato desenvolve e quais os Impactos ambientais resultantes da extração de petróleo em Sergipe?

Salinização do soloPara atuar em áreas ecologicamente relevantes, a Petrobrás diz que além dos requisitos normativos, atende aos critérios voltados para o conhecimento, a prevenção e a minimização dos riscos e impactos à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos. Vamos ver qual é a realidade no campo terrestre gigante de petróleo de Carmopolis, o primeiro pré-sal descoberto no Brasil, em 1963.

Dalton dos Santos, geólogo da Petrobras e diretor do Sindipetro AL/SE, explica que o reservatório de petróleo em Carmópolis é capeado por uma grande camada de sal (halita, silvinita, carnalita e taquidrita) do membro Ibura (formação Muribeca). "Na região do vale do Cotinguiba, o petróleo extraído do reservatório de Carmópolis vem acompanhado de água de elevada salinidade da subsuperfície. Com o avanço da privatização, para privilegiar o enriquecimento de poucos, a lógica exige a minimização de custos. Portanto, a água salgada, separada do óleo, está sendo jogada sobre o solo, conforme mostrado na foto. Essa prática produz fortes impactos ambientais cujo efeito é a salinização do solo e das águas superficiais dos rios, matando a flora e a fauna da região".

Devastação das matasA Petrobras também diz que o método de furo direcional pode ser mais adequado caso necessite evitar danos em áreas sensíveis, porque sua perfuração é feita abaixo da superfície do solo, sem a necessidade da abertura de valas e assim pode evitar o desmatamento das áreas de preservação.

Porém, em janeiro deste ano, foi a intervenção do Sindipetro AL/SE que impediu a Petrobras de desmatar mais uma grande área de reserva da Mata Atlântica, no município de Rosário do Catete.

Vergonhosamente os órgãos governamentais, responsáveis pela preservação do meio ambiente, não impõem nenhuma autoridade sobre a agressão praticada pela companhia petrolífera ao meio ambiente.

A Petrobrás muitas vezes preserva os canaviais dos coronéis latifundiários da cana-de-açúcar e derrubam o pouco que ainda resta da mata quando preparam suas locações para perfuração de poços de petróleo. Além desse desmatamento, que já é desnecessário, as empreiteiras contratadas desmatam mais do que o necessário para a locação do poço. Assim, elas aumentam o preço na fatura e lucram em cima da destruição da natureza. Quanto aos órgãos governamentais responsáveis pela proteção ambiental, fecham os olhos para fingir que não veem.

Outro exemplo é o que acontece na floresta amazônica equatoriana. A Petrobrás, junto com a empresa do Equador, jogava lama de perfuração nos rios e fontes de água doce, adoecendo a população indígena da tribo Yasuni.

Por que tanta hipocrisia e contradições?Como podemos perceber, a Petrobras tem o conhecimento necessário para investir na preservação do meio ambiente, amenizando os impactos causados pela exploração de gás e óleo. Da mesma forma que a empresa sabe como evitar os acidentes e doenças provocadas pelo ambiente de trabalho, que matam, lesionam, decepam e adoecem trabalhadores todos os dias.

Então a pergunta que fica é, porque a empresa tem um programa, tem também gente competente para desenvolver políticas de SMS, através de medidas de prevenção e preservação do meio ambiente, mas, não aplica?

Ora, quanto mais avança a privatização da estatal, mais o lucro se coloca acima da vida das pessoas e de tudo mais. Essa é a lógica neoliberal do capitalismo, prosperidade e riqueza para poucos.

Então, a partir da quebra do monopólio estatal do petróleo por FHC (PSDB), mantida por Lula e Dilma (PT-PMDB-PCdoB), os grandes banqueiros internacionais passaram a ser donos da Petrobras. Por isso, hoje, pouco se lixam para os efeitos de fortes impactos ambientais e sociais. O que importa mesmo para a Petrobras é a garantia de lucros para seus acionistas. A luta dos trabalhadores é o único polo de resistência que pode se enfrentar contra todas essas barbaridades.

Todos ao dia 12 de junhoAssim, o Sindipetro AL/SE mais uma vez reafirma a necessidade de toda a categoria se envolver na campanha Torcer pelo Brasil é defender a Petrobras 100% estatal, controlada pelos trabalhadores. A próxima mobilização já está agendada para o 12 de junho, dia nacional de luta. É uma oportunidade em especial para os trabalhadores petroleiros levantarem essa bandeira e se unificarem na luta junto com outras categorias.

Fonte: Sindipetro AL/SE