Petrobrás foi alertada sobre riscos de refinaria, mostram documentos

Documentos obtidos pelo Jornal Nacional sobre o processo da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras mostram que as empresas contratadas para avaliar o negócio antes que ele fosse concretizado deixaram muito claro para a estatal brasileira que não tiveram tempo e informações suficientes para fazer avaliação. As consultorias também alertavam para riscos. Mesmo assim a Petrobras concretizou a compra.
O parecer confidencial feito pela BDO (empresa de auditoria que atua em 140 países) foi entregue à Petrobras em janeiro de 2006, um mês antes da aprovação da compra da refinaria nos Estados Unidos. A empresa fez um levantamento na contabilidade e nos valores de estoques e equipamentos, avaliados pela Astra Oil. Os auditores encontraram 40 pontos questionáveis.
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A BDO questiona, por exemplo, o fato de a Astra Oil dizer que seus equipamentos valem US$ 33 milhões, sem informar quais são, quantos são, o tipo e o tempo de uso. No relatório, a consultoria afirma que é preciso obter uma lista detalhada para justificar esse valor.
A consultoria também questiona o valor de US$ 189 milhões fixado para o estoque de óleo da refinaria. A BDO diz que o contrato não detalha o tamanho desse estoque e alerta: a refinaria passou por disputas trabalhistas e precisa se adequar às leis ambientais, o que pode gerar novas despesas. O relatório recomenda expressamente: "é preciso colocar limites".
Uma consultoria desse tipo é feita pra evitar riscos e prejuízos, e cabia à Petrobras seguir ou não as recomendações.
Preço pago passou de US$ 1,3 bilhão
Metade da refinaria foi comprada em 2006 e a outra metade, em 2012. A Petrobras gastou, no total, cerca de US$ 1,321 bilhão, o equivalente a R$ 2,985 bilhões, por uma refinaria que valia, em 2005, US$ 42,5 milhões.
A compra da refinaria vem criando mal-estar no governo e dentro da Petrobras. O negócio levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na negociação - mas ganhou ainda mais repercussão porque, na época, quem presidia o Conselho de Administração da estatal, que deu aval à operação, era a atual presidente da República, Dilma Rousseff.
Há duas semanas, Dilma declarou, em nota, que apoiou a compra com base em um resumo técnico que trazia "informações incompletas" e "omitia qualquer referência às cláusulas, que se fossem conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo conselho de administração da Petrobras".
Citigroup também fez ressalvas
O Jornal Nacional também teve acesso ao documento feito pelo Citigroup que tem sido usado pelo governo como um atestado de defesa da compra da refinaria.
O Palácio do Planalto chegou a citar a avaliação numa cartilha, que encaminhou a  deputados pra que eles unificassem o discurso a favor do negócio.
O documento a que o Jornal Nacional teve acesso é confidencial. A data é de 1º de fevereiro de 2006, mesmo mês em que a compra de Pasadena foi aprovada pelo conselho da Petrobras.
São três páginas, em inglês, enviadas à direção da Petrobras. E quase todo o conteúdo é dedicado a ressalvas sobre a metodologia e os critérios usados pelo Citigroup.
Os técnicos admitem que somente conversaram com diretores e representantes da Petrobras e examinaram previsões financeiras disponibilizadas pela diretoria da estatal. O documento diz: "Nós não fizemos e não nos foi fornecida uma avaliação independente".
O Citigroup destacou ainda: "Nós não fizemos inspeções na refinaria" e "nossa opinião é baseada, necessariamente, em dados fornecidos para nós". O banco informa que, por causa disso, "confia que a Petrobras não tenha omitido informações relevantes ao grupo".
São dez parágrafos. Nove dedicados a ressalvas e apenas um, no fim do relatório, se limitando a dizer que o preço foi justo do ponto de vista financeiro.
O Citigroup não opinou sobre outros termos do negócio. E alerta que o documento deveria servir ao quadro de diretores da Petrobras somente para nortear a avaliação da compra. O documento não poderia ser citado publicamente sem o consentimento do grupo.

Conforme divulgado ontem, documentos obtidos pelo Jornal Nacional sobre o processo da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás mostram que as empresas contratadas para avaliar o negócio antes que ele fosse concretizado deixaram muito claro para a estatal brasileira que não tiveram tempo e informações suficientes para fazer avaliação. As consultorias também alertavam para riscos. Mesmo assim a Petrobras concretizou a compra.

O parecer confidencial feito pela BDO (empresa de auditoria que atua em 140 países) foi entregue à Petrobrás em janeiro de 2006, um mês antes da aprovação da compra da refinaria nos Estados Unidos. A empresa fez um levantamento na contabilidade e nos valores de estoques e equipamentos, avaliados pela Astra Oil. Os auditores encontraram 40 pontos questionáveis.

Entenda a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás

A BDO questiona, por exemplo, o fato de a Astra Oil dizer que seus equipamentos valem US$ 33 milhões, sem informar quais são, quantos são, o tipo e o tempo de uso. No relatório, a consultoria afirma que é preciso obter uma lista detalhada para justificar esse valor.

A consultoria também questiona o valor de US$ 189 milhões fixado para o estoque de óleo da refinaria. A BDO diz que o contrato não detalha o tamanho desse estoque e alerta: a refinaria passou por disputas trabalhistas e precisa se adequar às leis ambientais, o que pode gerar novas despesas. O relatório recomenda expressamente: "é preciso colocar limites".

Uma consultoria desse tipo é feita pra evitar riscos e prejuízos, e cabia à Petrobrás seguir ou não as recomendações.

Preço pago passou de US$ 1,3 bilhão

Metade da refinaria foi comprada em 2006 e a outra metade, em 2012. A Petrobras gastou, no total, cerca de US$ 1,321 bilhão, o equivalente a R$ 2,985 bilhões, por uma refinaria que valia, em 2005, US$ 42,5 milhões.

A compra da refinaria vem criando mal-estar no governo e dentro da Petrobras. O negócio levantou suspeitas de superfaturamento e evasão de divisas na negociação - mas ganhou ainda mais repercussão porque, na época, quem presidia o Conselho de Administração da estatal, que deu aval à operação, era a atual presidente da República, Dilma Rousseff.

Há duas semanas, Dilma declarou, em nota, que apoiou a compra com base em um resumo técnico que trazia "informações incompletas" e "omitia qualquer referência às cláusulas, que se fossem conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo conselho de administração da Petrobras".

Citigroup também fez ressalvas

O Jornal Nacional também teve acesso ao documento feito pelo Citigroup que tem sido usado pelo governo como um atestado de defesa da compra da refinaria.

O Palácio do Planalto chegou a citar a avaliação numa cartilha, que encaminhou a  deputados pra que eles unificassem o discurso a favor do negócio.

O documento a que o Jornal Nacional teve acesso é confidencial. A data é de 1º de fevereiro de 2006, mesmo mês em que a compra de Pasadena foi aprovada pelo conselho da Petrobrás.

São três páginas, em inglês, enviadas à direção da Petrobrás. E quase todo o conteúdo é dedicado a ressalvas sobre a metodologia e os critérios usados pelo Citigroup.

Os técnicos admitem que somente conversaram com diretores e representantes da Petrobras e examinaram previsões financeiras disponibilizadas pela diretoria da estatal. O documento diz: "Nós não fizemos e não nos foi fornecida uma avaliação independente".

O Citigroup destacou ainda: "Nós não fizemos inspeções na refinaria" e "nossa opinião é baseada, necessariamente, em dados fornecidos para nós". O banco informa que, por causa disso, "confia que a Petrobras não tenha omitido informações relevantes ao grupo".

São dez parágrafos. Nove dedicados a ressalvas e apenas um, no fim do relatório, se limitando a dizer que o preço foi justo do ponto de vista financeiro.

O Citigroup não opinou sobre outros termos do negócio. E alerta que o documento deveria servir ao quadro de diretores da Petrobras somente para nortear a avaliação da compra. O documento não poderia ser citado publicamente sem o consentimento do grupo.

Fonte: Jornal Nacional