Opinião: "greve sinaliza que temos condições de avançar!"

Há quem diga que a greve de 24 horas realizada em todo país, ontem (28/01), não foi tão forte como defendemos em nossos materiais. Respeitamos a opinião desses companheiros, reconhecemos a necessidade de autocrítica e de constante aprendizado, mas não podemos deixar de nos orgulhar do fato de que todo o país, com a triste exceção do Rio Grande do Sul, por conta da tragédia em Santa Maria (RS), esteve mobilizado por uma proposta de PLR mais justa.

A greve sinaliza, de maneira muito concreta, que temos plenas condições de avançar e arrancar da empresa uma proposta de PLR que reflita o tamanho da Petrobrás. Não queremos uma companhia bonita apenas nos comerciais, queremos resgatar o orgulho de trabalhar nela com valorização salarial.

O espaço que tivemos imprensa, com destaque para a posição e opinião da FNP, é um reflexo do saldo positivo do movimento. Folha de S. Paulo, Estadão, G1, Uol, Diário do Grande ABC e muitos outros portais de internet e redes de televisão regionais deram amplo destaque aos petroleiros. Nada disso seria possível se tivéssemos tido uma mobilização meramente formal. Ela aconteceu e cumpriu o seu papel de alertar a empresa para a conduta vergonhosa que ela vem desempenhando.

É claro que, em resposta aos jornais, a empresa se apressou em dizer que "todas as medidas administrativas e operacionais estão sendo tomadas para garantir a normalidade das atividades". Aqui, temos a oportunidade de dizer que isso só aconteceu porque a greve foi apenas um alerta. Somente por isso não afetou a produção. Mas avisamos: isso pode mudar. Se os gestores da empresa insistirem em se negar a negociar, não está descartada uma greve por tempo indeterminado com parada de produção. Subestimar a capacidade de uma categoria tão experimentada nas lutas é um erro enorme.

Um balanço do dia de ontem nos dá razão para sermos otimistas. Na base do Sindipetro-LP, onde a categoria é - no vocabulário popular - cascuda, a greve de 24 horas se concretizou em todas as unidades; seja em terra, seja em alto mar. Saldo positivo também no Sindipetro Alagoas/Sergipe, que aliou paralisações de duas horas com uma greve de 24h em, pelo menos, uma unidade: o Tecarmo, em Aracaju (SE). São José dos Campos realizou atraso, o Sindipetro Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá conseguiu parar por 24h a Transpetro Belém e o Sindipetro-RJ nos alegrou com a notícia do corte de rendição não apenas no TABG, onde tradicionalmente é feito, mas também no CENPES - além dos já famosos trancaços nos prédios administrativos.

Saldo positivo também, pelas informações que recebemos, na base do Sindipetro Unificado, onde a oposição desempenhou um importante papel. A greve aconteceu em todos os terminais e refinarias. No Edisp II tivemos uma experiência motivadora: nossos companheiros da oposição foram os bastiões da defesa pela PLR Máxima e Igual para Todos. Não foi em vão. Saíram da assembleia vitoriosos, com a categoria votando a favor da greve e também por PLR Máxima e Igual para Todos, rejeitando a armadilha do regramento proposto pela FUP.

A categoria está de parabéns. Respondeu ao nosso chamado, cruzou os braços e mostrou que em apenas um dia é capaz de abalar, mesmo que pontualmente, as estruturas e a imagem da Petrobrás.

Ademir Gomes Parrela Secretário-geral da FNP