Óleo não vazou de reserva na Bacia de Campos, diz Petrobrás

A Petrobrás informou ontem que o óleo encontrado no domingo pela Chevron no campo de Roncador, operado pela estatal, não pertence a nenhum reservatório de petróleo da bacia de Campos.

Roncador é vizinho do campo de Frade, operado pela Chevron, onde em novembro do ano passado ocorreu um acidente que provocou o vazamento de 2.400 barris de petróleo no oceano.

Os testes feitos pela Petrobrás constataram que o óleo encontrado desta vez é um fluido de perfuração, espécie de lubrificante utilizado para facilitar a perfuração em rochas. Ainda não há informações sobre sua origem.

A estatal afirmou que não há perfurações recentes na área nem registro de manchas de fluido na superfície do mar. A Chevron não comentou o assunto.

De acordo com geólogos, a notícia é positiva, já que descarta mais uma exsudação (vazamento natural de petróleo), que poderia poluir mais a região. Ao contrário do petróleo, o fluido não forma manchas porque é feito com uma base de parafina que se dispersa na água.

Segundo os especialistas porém, para haver fluido, necessariamente tem de ter ocorrido perfuração, seja no próprio campo de Roncador ou em outro campo qualquer.

Um geólogo que pediu para não ser identificado afirmou que a presença do fluido mostra que houve perfuração do loca. Segundo ele, será necessário comparar esse fluido encontrado co mos que a Petrobrás usa, para tentar descobrir de onde ele veio.

Mas a tarefa de provar a procedência desse tipo de produto é completa, segundo esse geólogo.

Ele explicou que a origem pode ser um poço que foi mal lacrado depois de perfurado em Roncador ou a migração pelo sistema de reservatórios da bacia vindo de outro campo, hipótese que remeteria ao acidente da Chevron.

De acordo com a Petrobrás, a qualidade da cimentação dos poços de Roncador nas proximidades da ocorrência de domingo foi verificada e os exames "indicaram a integridade e o isolamento efetivo dos mesmos".

A Agência Nacional do Petróleo confirmou a informação, depois de receber dados de análises laboratoriais.

O desembargador federal Guilherme Diefenthaeler, do TRF da 2ª Região, negou o pedido do Ministério Público Federal para suspender as operações da Chevron e da Transocean no país.

A Transocean é dona da sonda que operava para a Chevron no campo de Frade, onde em novembro vazaram 2.400 barris de óleo.

Em sua decisão, desembargador argumentou que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natura e Biocombustíveis) foi criada para regulamentar o setor e que, se a liminar fosse concedida, o Judiciário estaria substituindo a função da administração pública.

A Chevron comemorou a decisão afirmando que "sempre agiu de forma diligente a apropriada e de acordo com as melhores práticas da indústria de petróleo, assim como em conformidade com o plano de desenvolvimento aprovado pelos órgãos reguladores".

Fonte: Folha de São Paulo