Por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps
A Petrobrás sempre foi protagonista quando se fala de financiamento de programas de cultura e esportes no Brasil. Quantos filmes nacionais já assistimos em que a logo da Petrobrás estampavam os créditos? Quantas apresentações musicais nós já vimos em que a patrocinadora era a nossa petrolífera? Quantos desportistas nos deram orgulho pelo mundo financiados pela Petrobrás?
Mas como sabemos, em 2016 a Petrobrás deu um cavalo de pau em sua política empresarial. Dentre as diversas mudanças, adotou uma diretriz de enxugamento geral nos patrocínios socioculturais. No ano passado o Observatório Social do Petróleo divulgou para a imprensa levantamento em que mostrou como os investimentos em Cultura caíram de R$ 289 milhões para R$ 18 milhões entre 2005 e 2020 , enquanto pagava valores recordes em dividendos. O mesmo ocorreu com os investimentos em Esporte.
Entre 2008 e 2016, a Petrobrás investiu em média R$ 142 milhões por ano (em valores deflacionados para dezembro de 2023), tendo chega ao pico de R$ 182 milhões em 2010. Ainda com uma rápida retomada entre 2018 e 2019, após 2020 a estatal passa a ter investimentos irrisórios na área. Em 2021 chegou a investir apenas R$ 1 milhão, meio porcento se comparado ao pico.
Gráfico 1 – Investimento anual da Petrobrás em projetos esportivos (em milhões de R$) em valores nominais e em valores reais de dezembro de 2023
Elaboração: a partir dos Relatórios Anuais da Petrobrás deflacionados para o mês de dezembro de 2023
Provavelmente teremos um aumento em 2024, haja visto que novos editais foram lançados no ano passado, como a estatal informou em seu Caderno de Direitos
Humanos e Cidadania Corporativa 2023: “Em 2023, além da carteira vigente, selecionamos novos patrocínios nos segmentos cultural, esportivo e de negócio, ciência e tecnologia” (p. 70).
Mas como vimos no Gráfico 1, a mudança teria que ser extremamente drástica para que a Petrobrás retomasse o seu nível de investimento anterior em Esporte, saindo de medíocres R$ 4 milhões e voltando para a média histórica de R$ 142 milhões.
Em época de Olimpíadas todo mundo concorda que precisamos investir mais em nossos atletas. E não resta dúvidas que a maior empresa do país deve ter papel fundamental.