Em Santos, petroleiros realizam seminário de preparação à greve

Se empresa não recuar, dia 29 é greve

De que forma convencer os trabalhadores ainda inseguros de que a greve é necessária? Como organiza-la em alto mar, cujo confinamento impõe desafios próprios aos trabalhadores das plataformas? Como aumentar a adesão ao movimento no prédio administrativo, no Valongo, onde o assédio gerencial é grande e muitos trabalhadores não são sindicalizados?

Essas foram algumas das muitas perguntas compartilhadas pelos trabalhadores de base no Seminário de Greve, realizado na noite desta sexta-feira (24), na sede do Sindipetro Litoral Paulista, em Santos. Com o apoio da assessoria jurídica, que respondeu questões de ordem legal, os dirigentes da entidade discutiram com a categoria as melhores formas de construir uma greve forte, que envolva o maior número de petroleiros possíveis. Em São Sebastião, o mesmo seminário será realizado na próxima segunda-feira (27), às 19h30, na subsede do Sindicato.

A organização prévia da mobilização, com o alinhamento de cada detalhe, é um dos elementos fundamentais para garantir uma paralisação que atinja os seus objetivos: pressionar a direção da empresa a apresentar uma proposta justa, com avanços.
 

Até o momento, Pedro Parente se recusa a recuar na tentativa de retirar direitos conquistados pela categoria após anos de luta. As assembleias realizadas pela FNP, já concluídas, rejeitaram por ampla maioria a 2ª proposta da companhia. Além disso, aprovaram a contraproposta da federação (leia aqui), que preserva as reivindicações fundamentais, demonstrando que está disposta a seguir negociando.

Quem não demonstra essa intenção é justamente a direção da companhia, que arrasta as negociações há meses. A intenção de Pedro Parente é transformar a Petrobrás numa empresa cada vez mais alinhada ao mercado, acenando assim ao capital internacional. Para privatizar a empresa, lança-se mão de diversos ataques: aprofundamento da entrega do pré-sal e da venda de ativos, mas também a retirada de direitos da força de trabalho, assim como a piora nas condições de trabalho e insegurança.

Por isso, não se trata simplesmente de uma greve econômica: é também política, é também em defesa da Petrobrás, sendo um importante polo de resistência contra a sua privatização.

Após tanta enrolação, a paciência está se esgotando. Caso a direção não prorrogue a vigência do atual acordo coletivo ou não convoque a FNP para nova negociação, dia 29 a categoria inicia greve por tempo indeterminado. A decisão de evitar uma greve, garantindo um desfecho positivo para a campanha salarial, está nas mãos da direção da empresa.

Até o dia 29, a diretoria do Sindipetro-LP seguirá dialogando com a categoria para organizar da melhor forma a mobilização. Com unidade e luta, sim, nós podemos barrar a retirada de direitos e a privatização da Petrobrás!